Abordagem

A abordagem de tratamento varia de acordo com a apresentação, se o divertículo de Meckel apresenta-se com sintomas ou se é um achado incidental.

Pacientes assintomáticos

O divertículo de Meckel assintomático descoberto incidentalmente no exame de imagem geralmente não requer tratamento.[7]

O tratamento adequado do divertículo de Meckel assintomático descoberto como observação intraoperatória permanece controverso, sem diretrizes baseadas em evidências. Quando for indicada a excisão profilática de um divertículo de Meckel assintomático, a excisão simples do divertículo geralmente será suficiente.[3][7][13][14][24][26]

Em geral, em uma criança ou um adulto jovem, se for constatado divertículo de Meckel durante uma cirurgia eletiva, ele deverá ser removido, particularmente se tiver um lúmen estreito, desde que o estado geral do paciente e a natureza da cirurgia primária sejam apropriados.[22] Outras características que sugerem mais enfaticamente a necessidade de excisão profilática são:[4][14][18]​​[43][44]

  • divertículo longo (>2 cm)

  • tecido ectópico ou anormalidades palpáveis

  • sexo masculino.

Dada a raridade do achado de um divertículo de Meckel incidental, é difícil desenvolver diretrizes gerais de tratamento. Embora possa ser razoável ressecar o divertículo nos pacientes jovens e saudáveis submetidos a uma cirurgia eletiva, alguns sugeriram que, nos pacientes com mais de 50 anos, um divertículo de Meckel incidental sem tecido ectópico geralmente deve ser deixado de lado.[4] No entanto, o divertículo de Meckel pode ser um "hotspot" de neoplasia maligna ileal, e o risco de malignidade aumenta com a idade.[20] Com base nessa observação, alguns especialistas sugeriram que todos os divertículos de Meckel incidentais devem ser removidos, independentemente da idade. São necessários estudos adicionais a fim de se validar essa abordagem, considerando-se que a incidência de neoplasia maligna ileal associada ao divertículo de Meckel permanece muito baixa, em 1.44 a cada 10 milhões de pessoas. Embora as publicações favoreçam cada vez mais a ressecção, a decisão intraoperatória deve ser individualizada com base na condição do paciente e no motivo primário da cirurgia.[45]

Sintomática

Estabelecido o diagnóstico de divertículo de Meckel sintomático, a ressecção cirúrgica do divertículo deve ser realizada.[46]

Diversos relatórios demonstraram que a laparoscopia é um meio seguro e eficaz de diagnosticar e remover o divertículo de Meckel.[47][48][49][50] Dados do banco de dados National Surgical Quality Improvement Program-Pediatric (NSQIP-Ped) para crianças submetidas a intervenção cirúrgica para divertículo de Meckel entre 2011 e 2014 (148 casos) mostraram que quase metade de todas as ressecções para divertículo de Meckel foram realizadas com abordagem laparoscópica. Os desfechos foram similares aos da abordagem por laparotomia aberta.[51]

Sangramento

  • O tratamento definitivo consiste na excisão do divertículo, associada à ressecção segmentar da região oposta do íleo que, geralmente, contém ulceração com sangramento secundária às secreções do tecido gástrico ectópico no divertículo de Meckel.[3][13][14][18]​​[24][26]

  • Se os níveis de hemoglobina e hematócrito estiverem significativamente baixos, uma transfusão de sangue talvez seja necessária.

Obstrução

  • O tratamento definitivo consiste na excisão do divertículo e na lise de todas as bandas aderentes.[3][13][14][18][24][26]

Inflamação e perfuração

  • A progressão da diverticulite pode causar perfuração e peritonite.

  • Os pacientes apresentam sinais e sintomas clínicos semelhantes aos causados por apendicite aguda. Tomografias computadorizadas (TCs) pré-operatórias podem ajudar a diferenciar apendicite e diverticulite. No entanto, se houver incerteza diagnóstica ou o paciente for submetido a uma exploração abdominal urgente, examine o apêndice inicialmente.

  • Na presença de apendicite aguda, não realize busca intraoperatória para divertículo de Meckel.[22]

  • Se durante uma cirurgia para dor abdominal for encontrado um apêndice normal, inspecione o íleo terminal quanto à presença de um divertículo de Meckel inflamado; se for encontrado divertículo de Meckel, remova tanto o divertículo de Meckel como o apêndice normal.[22] A cirurgia depende da extensão da patologia. A excisão simples do divertículo será adequada se apenas a ponta do divertículo de Meckel estiver inflamada.[3][13][14]​​[24][26] Se a patologia for extremamente extensa, poderá ser necessária uma ressecção segmentar do intestino delgado. Em geral, a excisão simples do divertículo será suficiente se somente a base estiver inflamada. Um apêndice normal geralmente deve ser removido nesta circunstância.

  • A antibioticoterapia adjuvante perioperatória geralmente é administrada. Consulte os protocolos locais e peça a orientação de colegas especialistas em microbiologia.

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