Abordagem

O objetivo do tratamento é prevenir danos irreversíveis ao ovário. Para alcançar esse objetivo, deve haver suspeita diagnóstica, com imediata intervenção cirúrgica.[16]

A destorção do ovário com laparoscopia, independentemente de sua coloração fosca preto-azulada, permite a preservação e o retorno da função normal e da fertilidade.[56][57][58][59][60]

A laparotomia, em vez da laparoscopia, pode ser realizada, dependendo da experiência do cirurgião.[26][61][62][63][64][65][66][67][68]

Avaliação cirúrgica

Havendo suspeita de torção ovariana, a paciente deve ser colocada em jejum. Um atraso na realização da cirurgia está associado a uma redução na possibilidade de recuperação do ovário.[16]

A laparoscopia é superior à laparotomia porque diminui a permanência hospitalar e a dor pós-operatória, com um menor consumo de analgésicos.[60]

A avaliação intraoperatória deve ser realizada no momento da cirurgia. O manejo conservador com destorção é altamente recomendado, independentemente do aspecto real do ovário, que pode ter coloração fosca preto-azulada ou aparência necrótica.[1][56][57][58][59]​ O retorno da cor pode não ser observado durante a cirurgia. Em caso de torção concomitante com um cisto ovariano, a cistectomia é apropriada. A drenagem sem a remoção da parede do cisto deve ser evitada porque isso pode aumentar a incidência de recorrência.[35]

Alternativamente, uma salpingo-ooforectomia pode ser realizada caso o ovário seja considerado não viável. Este também é o caso quando há suspeita de malignidade. Entretanto, a frequência desse tipo de tumor é extremamente baixa.[35] O envolvimento das tubas uterinas na torção dos anexos pode danificar significativamente a trompa, que talvez precise ser removida por cirurgia.

Considerações para populações específicas

Adolescentes e mulheres em idade reprodutiva

  • A destorção dos anexos torcidos em adolescentes ou mulheres em idade reprodutiva é o manejo de escolha, pois a aparência macroscópica do ovário não está correlacionada ao desfecho.[1][57][58] A destorção preserva >90% desses ovários, pois a variabilidade no grau de comprometimento e a vasculatura colateral ajudam a preservar a função ovariana.​​[48][57][59][61][69]

  • As diretrizes recomendam que, em adolescentes, os cirurgiões não removam o ovário torcido, a menos que a ooforectomia seja inevitável (por exemplo, quando um ovário extremamente necrótico se desfaz).[1]

  • A ooforopexia, um procedimento para fixar o ovário em posição para limitar sua amplitude de movimento, continua controversa; seu uso geralmente não é recomendado para diminuir o risco de torção ovariana recorrente.[1][34]​​[70][71] Uma revisão sistemática não constatou nenhuma evidência clara que respalde a ooforopexia em pacientes pediátricos e adolescentes após um primeiro episódio de torção ovariana.[57] A ooforopexia pode ser considerada por alguns especialistas em situações específicas (por exemplo, ovário contralateral ausente, ligamento ovariano alongado e torção de anexos normais).[16][71]

  • Peritonite e infecção sistêmica é rara se o ovário necrótico for deixado no local.[72]

  • O medo de deixar para trás uma possível neoplasia maligna tem sido citado como motivo para a realização da ooforectomia. No entanto, o câncer nessa faixa etária raramente se apresenta como torção anexial.[1]

Pós-menopausa

  • O risco de malignidade é elevado em mulheres menopausadas. Dado o risco, uma salpingo-ooforectomia deve ser considerada.[16]

Gestação

  • A destorção por laparoscopia é realizada com sucesso até a 20ª semana de gestação. Entretanto, esse procedimento pode ser tecnicamente mais difícil devido ao tamanho do útero gravídico.[73]

Bebês e crianças

  • O manejo conservador com destorção por laparoscopia também é recomendado para preservar a função ovariana.[56][57][59]

  • Uma revisão sistemática não constatou nenhuma evidência clara que respalde a ooforopexia em pacientes pediátricos e adolescentes após um primeiro episódio de torção ovariana.[57] A ooforopexia permanece controversa; seu uso geralmente não é recomendado para diminuir o risco de torção ovariana recorrente.[1][34][70][71] A ooforopexia pode ser considerada em circunstâncias específicas.[71]

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