Abordagem

O diagnóstico raramente é difícil e, em alguns casos, pode ter sido estabelecido pela ultrassonografia pré-natal.[19][20][21]

O diagnóstico baseia-se no exame físico, demonstrando o retropé em equino e em varo, com um antepé aduzido.[21] No entanto, são observadas em neonatos outras deformidades dos pés que podem se assemelhar aos vários componentes do pé torto. Uma anamnese cuidadosa e o exame físico são essenciais para ajudar a identificar afecções associadas que podem alterar o tratamento e ajudar a prever o desfecho.

Todos os pacientes devem ser encaminhados a um cirurgião ortopédico para manejo adicional.[21]

História

Na avaliação de um lactente com uma deformidade no pé, é importante obter uma anamnese completa. Ela deve englobar uma história familiar de deformidades dos pés e outras condições neurológicas. Dependendo da idade da criança, é necessário obter a anamnese do desenvolvimento, com marcos como a idade na qual a criança se sentou, engatinhou e andou.

Às vezes, é útil determinar se outros familiares tiveram ou têm deformidades nos pés e descobrir como eles foram tratados, porque suas expectativas podem ser diferentes do tratamento aceito atualmente.

Exame físico

O exame físico deve incluir exame dos membros, do quadril e da coluna vertebral.[21] O quadril deve ser examinado, e exames de imagem devem ser solicitados, conforme indicado (ultrassonografia dinâmica ou radiografias), pois a displasia do desenvolvimento do quadril pode ser mais comum em crianças com pé torto. O British Society for Children’s Orthopaedic Surgery (BSCOS) Clubfoot Consensus Group recomendou que todos os bebês com pé torto recebam uma ultrassonografia de rastreamento do quadril.[22] No entanto, as evidências relativas à associação entre o pé torto e a displasia do desenvolvimento do quadril são equívocas.[23][24][25]

A coluna vertebral é avaliada para identificar evidências de sinais como ondulação ou manchas peludas, o que pode gerar a preocupação de uma anormalidade espinhal subjacente. Por fim, os pés são avaliados quanto a deformidades. Um verdadeiro pé torto apresenta equino fixo, a dorsiflexão não é possível e o calcanhar está em varo com o antepé aduzido resultando em uma prega medial. É necessário distinguir essa combinação de outras deformidades dos pés, como metatarso varo, calcâneos vagos e tálus vertical congênito.

Exames diagnósticos

A critério do cirurgião ortopédico, podem ser solicitadas radiografias ocasionalmente, mas não são um procedimento de rotina.[21][26] Se forem solicitadas radiografias, serão necessárias incidências anteroposterior e lateral. A incidência lateral deve ser obtida em dorsiflexão máxima. Essas incidências demonstram paralelismo entre o tálus e o calcâneo quando são traçadas linhas através do eixo mais longo.

Podem ser feitas radiografias pélvicas para descartar displasia do quadril, mas a ultrassonografia dinâmica dos quadris pode mostrar subluxação, permitindo o tratamento precoce.[27][28] Normalmente, os exames de imagem são realizados em vários centros, apesar da incerteza relativa à associação entre displasia do quadril e pé torto.[23][24][25]

Tomografias computadorizadas (TCs) são realizadas em crianças mais velhas e em adolescentes para o planejamento pré-operatório, pois métodos de tratamento não cirúrgicos (Ponseti) geralmente são usados em crianças com até 2 anos de idade.

Pode-se solicitar uma ultrassonografia do abdome e, possivelmente, uma TC a fim de aprofundar a investigação de anormalidades da coluna.

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