Abordagem

Não existem pesquisas para determinar a eficácia de alguma técnica de tratamento específica para os transtornos factícios.[25] Os méritos relativos das abordagens confrontantes e não confrontantes têm sido debatidos, com um consenso geral de que as intervenções acusatórias diretas provavelmente resultam em mais resistência do paciente, pacientes que abandonam o hospital contra as recomendações médicas ou ameaças de processos legais.[3]

Quando há uma suspeita de transtorno factício, mas ainda sem confirmação, o primeiro princípio deve ser não causar danos. As intervenções ou os procedimentos diagnósticos arriscados, como as cirurgias, devem ser evitados, a menos que sejam absolutamente necessários. Na medida do possível, os tratamentos devem se basear em dados objetivos, não exclusivamente no relato do paciente. Substâncias com potencial de causar dependência devem ser evitadas ao tratar dor ou sintomas psiquiátricos. Embora seja melhor designar uma pessoa como profissional de saúde primário para o paciente, uma equipe multidisciplinar deve ser envolvida. Isso deve incluir uma consulta a uma comissão ética e jurídica desde o início.[25] Na maioria dos casos, é necessário realizar uma avaliação psiquiátrica quanto à presença de uma doença psiquiátrica comórbida e do risco de suicídio.

Tratamento de condições urgentes

Se o paciente tiver induzido achados objetivos, como uma infecção ou hipoglicemia, essas condições deverão ser tratadas de acordo com as indicações clínicas. Para impedir que o paciente sabote o tratamento, talvez seja necessário supervisioná-lo durante essa terapia inicial.

Como falar sobre o diagnóstico suspeito para o paciente

Ao esclarecer as dúvidas sobre o diagnóstico de transtorno factício com o paciente, a conversa não deve ser punitiva, mas agradável, respeitando a dignidade do paciente. Teoricamente, isso pode aumentar a probabilidade do paciente se envolver no tratamento com um especialista em saúde mental para solucionar o comportamento factício. O médico pode dizer ao paciente que existem algumas preocupações quanto à possibilidade de a doença ser factícia, mas que o tratamento adequado tem sido fornecido em qualquer caso.[3] Embora os pacientes com uma doença factícia provavelmente provoquem ira e frustração na equipe do tratamento, é importante manter a calma e dar apoio nas interações clínicas.

Encaminhamento para acompanhamento

Quando o diagnóstico de transtorno factício é discutido com o paciente, muitos abandonarão o hospital contra as recomendações médicas e não farão o acompanhamento. Para aqueles que admitirem uma dissimulação da doença ou estiverem abertos ao tratamento, a estratégia em longo prazo visará mudar o comportamento para que não volte a ocorrer. O acompanhamento com psicoterapia tem sido discutido em várias séries de casos e relatos de casos, mas não tem sido estudado de modo prospectivo.[25] As abordagens incluem a psicoterapia psicanalítica, terapia cognitivo-comportamental e terapia de suporte para pacientes hospitalizados e ambulatoriais, às vezes aumentadas com medicamentos apropriados para tratar qualquer doença psiquiátrica comórbida. Embora relatos de caso tenham documentado alguns tratamentos bem-sucedidos com a terapia, a maioria dos pacientes provavelmente não seguirá o tratamento. Alguns autores sugeriram o estabelecimento de registros de prontuários centralizados para auxiliar no desenvolvimento de tratamentos baseados em evidências.[25] Essa abordagem deve ser equilibrada com respeito às informações de saúde protegidas e às leis relevantes.

Tratamento do transtorno factício imposto a outra pessoa (anteriormente, transtorno factício por procuração)

Quando houver suspeita de transtorno factício imposto a outra pessoa (anteriormente, transtorno factício por procuração), é fundamental lembrar que esses casos são situações de abuso e devem ser relatados para as autoridades apropriadas, como os serviços de proteção à criança, serviços de proteção ao adulto, ou a polícia.[26] O advogado ou o departamento responsável pelo manejo de riscos da instituição deve ser consultado para ajudar na preparação dos relatórios e da documentação. A principal preocupação é a segurança das pessoas envolvidas.[27]

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