Prevenção primária

A etiologia da paralisia cerebral (PC) parece ser multifatorial e a prevenção requer várias abordagens, dependendo da etiologia precisa. A prevenção pode ser efetiva quando houver recursos para diagnosticar e tratar os fatores de risco.

Os fatores de risco maternos, como deficiência de iodo, doenças tireoidianas e infecções, devem ser rastreados e tratados precocemente. É importante prevenir as infecções por TORCH (toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, herpes simples) com imunizações, se possível, e instituir o tratamento rápido, se encontradas. Exposições desnecessárias a raios X no pré-natal e medicamentos devem ser evitadas. As mães Rh negativas podem ser tratadas com imunoglobulinas, e lactentes com icterícia devem ser tratados com fototerapia e transfusões, conforme a necessidade.

Nascimentos prematuros devem ser evitados, se possível, e o tratamento agressivo das complicações neonatais deve ser buscado e incentivado. Os tratamentos tentam prevenir as alterações inflamatórias que acompanham eventos dramáticos como asfixia ou acidente vascular cerebral (AVC) neonatal, para limitar os danos às estruturas neurais.[55]

Sulfato de magnésio para neuroproteção fetal

As diretrizes recomendam que o sulfato de magnésio seja iniciado em até (ou o mais proximamente possível de) 4 horas após o momento esperado do parto de um nascimento pré-termo planejado ou esperado.​[56][57][58] A Food and Drug Administration dos EUA não recomenda o uso do sulfato de magnésio parenteral por mais de 5-7 dias para interromper um trabalho de parto pré-termo. O uso prolongado pode resultar em níveis baixos de cálcio e problemas ósseos no bebê ou feto em desenvolvimento, incluindo osteopenia e fraturas.[59]

Há evidências de alta qualidade para dar suporte ao uso de infusões de sulfato de magnésio neuroprotetor pré-natal nas mulheres com risco de nascimento pré-termo.[60][61][62][63] [ Cochrane Clinical Answers logo ] [ Cochrane Clinical Answers logo ] ​​ Em comparação com o placebo, o sulfato de magnésio reduziu significativamente a PC em crianças nascidas de mulheres com risco de nascimento pré-termo (razão de risco de 0.68, IC de 95%: 0.54 a 0.87; cinco ensaios clínicos randomizados e controlados; 6145 crianças).[61][62] No entanto, os estudos incluídos na metanálise avaliaram o desfecho da PC na primeira infância (geralmente com idade ≤2 anos), quando o diagnóstico nem sempre era certo.

Em um ensaio clínico randomizado controlado por placebo, o sulfato de magnésio administrado em gestantes com risco iminente de nascimento antes de 30 semanas de gestação não foi associado a reduções significativas da PC ou da função motora anormal nas crianças, quando avaliadas dos 6 aos 11 anos de idade.[64]

Uma revisão Cochrane concluiu que foram necessários ensaios clínicos randomizados e controlados para avaliar o efeito do sulfato de magnésio para a neuroproteção do feto a termo.[65]

Corticosteroides

Uma visão geral das revisões Cochrane concluiu que um ciclo único de corticosteroides maternos (administrados para acelerar o amadurecimento do pulmão do feto em mulheres com risco de nascimento pré-termo) pode reduzir a PC (evidências de baixa qualidade), mas é improvável que doses adicionais sejam mais eficazes que um ciclo único.[63]

Corticosteroides pós-parto administrados a bebês prematuros (aos 8 dias de vida ou antes) para prevenir a doença pulmonar crônica podem aumentar o risco de PC, em comparação com placebo ou ausência de tratamento.[66]

Hipotermia terapêutica

Quando iniciada até 6 horas após o nascimento, a hipotermia terapêutica comprovou ser neuroprotetora.[63][66][67] Em comparação com o padrão de cuidados, a hipotermia terapêutica reduziu a PC entre os neonatos com encefalopatia isquêmica hipóxica (razão de risco de 0.66, IC de 95%: 0.54 a 0.82).[66][67] [ Cochrane Clinical Answers logo ]

Intervenções neuroprotetoras putativas

A metilxantina (cafeína) profilática para bebês prematuros que passaram por extubação endotraqueal pode estar associada uma redução do risco de PC (comparado com placebo).[63][66]

Um estudo relatou que a eritropoetina humana recombinante reduziu a deficiência neurológica em longo prazo quando administrada a bebês muito prematuros, mas outros estudos não mostraram benefícios claros.[66][68]

Foi demonstrado que antibióticos preventivos (para mulheres em trabalho de parto pré-termo quando a bolsa não estiver rompida e o nascimento imediato de bebês prematuros com suspeita de comprometimento) provavelmente são ineficazes e podem causar dano.[61]

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