Abscesso anorretal
- Visão geral
- Teoria
- Diagnóstico
- Tratamento
- ACOMPANHAMENTO
- Recursos
Algoritmo de tratamento
Observe que as formulações/vias e doses podem diferir entre nomes e marcas de medicamentos, formulários de medicamentos ou localidades. As recomendações de tratamento são específicas para os grupos de pacientes:ver aviso legal
todos os pacientes
drenagem cirúrgica do abscesso
A drenagem do abscesso deve ser realizada sem atraso indevido, devido ao potencial de o abscesso se disseminar causando infecção necrotizante de partes moles com sepse com risco de vida.[3]Adinolfi MF, Voros DC, Moustoukas NM, et al. Severe systemic sepsis resulting from neglected perineal infections. South Med J. 1983 Jun;76(6):746-9. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/6857307?tool=bestpractice.com [4]Gaertner WB, Burgess PL, Davids JS, et al. The American Society of Colon and Rectal Surgeons clinical practice guidelines for the management of anorectal abscess, fistula-in-Ano, and rectovaginal fistula. Dis Colon Rectum. 2022 Aug 1;65(8):964-85. https://www.doi.org/10.1097/DCR.0000000000002473 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35732009?tool=bestpractice.com
Os abscessos perianais podem frequentemente ser drenados no consultório ou pronto-socorro, com uso de anestesia local e drenados externamente. Os abscessos perirretais devem ser drenados em sala de cirurgia, onde a anestesia ideal pode ser utilizada.
Os abscessos interesfincterianos e supraelevadores frequentemente requerem anestesia geral para possibilitar um exame anal satisfatório para fazer o diagnóstico e drenar o abscesso. Estes abscessos devem ser drenados internamente para dentro do canal anal e do reto, respectivamente.[10]Prasad ML, Read DR, Abcarian H. Supralevator abscess: diagnosis and treatment. Dis Colon Rectum. 1981 Sep;24(6):456-61. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/7273983?tool=bestpractice.com [17]Millan M, Garcia-Granero E, Esclapez P, et al. Management of intersphincteric abscesses. Colorectal Dis. 2006 Nov;8(9):777-80. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17032324?tool=bestpractice.com
Algumas evidências sugerem que pacientes imunossuprimidos com neutropenia e ausência de flutuação no exame físico podem ser tratados inicialmente apenas com antibióticos, sendo a drenagem cirúrgica considerada após uma consulta multidisciplinar.[4]Gaertner WB, Burgess PL, Davids JS, et al. The American Society of Colon and Rectal Surgeons clinical practice guidelines for the management of anorectal abscess, fistula-in-Ano, and rectovaginal fistula. Dis Colon Rectum. 2022 Aug 1;65(8):964-85. https://www.doi.org/10.1097/DCR.0000000000002473 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35732009?tool=bestpractice.com [26]Sullivan PS, Moreno C. A Multidisciplinary approach to perianal and intra-abdominal infections in the neutropenic cancer patient. Oncology (Williston Park). 2015 Aug;29(8):581-90. https://www.cancernetwork.com/view/multidisciplinary-approach-perianal-and-intra-abdominal-infections-neutropenic-cancer-patient http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26281844?tool=bestpractice.com
cuidado pós-operatório
Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado
Pacientes devem começar com banhos de água confortavelmente quente 2 ou 3 vezes ao dia no pós-operatório para limpar a ferida até que esteja cicatrizada. Banhos com água morna também devem ser utilizados para a limpeza depois das evacuações.
Curativos absorventes podem ser usados para evitar manchar a roupa de baixo, se houver drenagem.
Deve-se considerar uma dieta com 25 a 30 g/dia de fibra alimentar e 60 a 80 onças/dia de líquido para evitar fezes duras.
fistulotomia
Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado
Se o exame no momento da drenagem cirúrgica revelar uma fístula anal associada (geralmente com abscessos perianais ou perirretais, raramente com abscessos interesfincterianos ou supraelevadores), pode-se considerar o tratamento da fístula ao mesmo tempo.[29]Tang CL, Chew SP, Seow-Choen F. Prospective randomized trial of drainage alone vs. drainage and fistulotomy for acute perianal abscesses with proven internal opening. Dis Colon Rectum. 1996 Dec;39(12):1415-7. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8969668?tool=bestpractice.com [31]Cox SW, Senagore AJ, Luchtefeld MA, et al. Outcome after incision and drainage with fistulotomy for ischiorectal abscess. Am Surg. 1997 Aug;63(8):686-9. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9247434?tool=bestpractice.com [32]Knoefel WT, Hosch SB, Hoyer B, et al. The initial approach to anorectal abscesses: fistulotomy is safe and reduces the chance of recurrences. Dig Surg. 2000;17(3):274-8. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10867462?tool=bestpractice.com [33]Malik AI, Nelson RL, Tou S. Incision and drainage of perianal abscess with or without treatment of anal fistula. Cochrane Database Syst Rev. 2010 Jul 7;(7):CD006827. https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD006827.pub2/abstract http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20614450?tool=bestpractice.com
Fístulas anais superficiais, que envolvam menos de 30% do mecanismo esfincteriano, podem ser tratadas por fistulotomia. Uma alternativa poderia ser a colocação de um sedenho plástico solto para funcionar como dreno.[28]Vasilevsky CA, Gordon PH. The incidence of recurrent abscesses or fistula-in-ano following anorectal suppuration. Dis Colon Rectum. 1984 Feb;27(2):126-30. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/6697831?tool=bestpractice.com [30]Schouten WR, van Vroonhoven TJ. Treatment of anorectal abscess with or without primary fistulectomy. Results of a prospective randomized trial. Dis Colon Rectum. 1991 Jan;34(1):60-3. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1991422?tool=bestpractice.com O sedenho reduz o risco de abscesso anorretal recorrente e permite tratar a fístula preservando o esfíncter, depois da resolução da infecção aguda e de o trajeto fistuloso ter amadurecido. Se a fístula anal envolver mais de 30% do mecanismo esfincteriano, a fistulotomia não é uma opção, mas pode-se ainda considerar a colocação de um sedenho para prevenir o abscesso anorretal recorrente.[24]Williams JG, MacLeod CA, Rothenberger DA, et al. Seton treatment of high anal fistulae. Br J Surg. 1991 Oct;78(10):1159-61. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1958973?tool=bestpractice.com
Se o abscesso estiver sendo drenado fora de sala de cirurgia ou sob anestesia local, talvez não seja possível a realização de um exame anal satisfatório ou colocar um sedenho. Nesta circunstância, há um risco de abscesso anorretal recorrente.
antibióticos de amplo espectro com cobertura para anaeróbios e gram-negativos
Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado
Deve-se começar a administração de antibióticos de amplo espectro com cobertura para anaeróbios e gram-negativos no pré-operatório e descontinuá-la dentro de 24 horas após a cirurgia ou após a resolução da celulite.
Não existe regime antibiótico padronizado na literatura.
Geralmente, alguma combinação de penicilina de amplo espectro intravenosa (por exemplo, ampicilina/sulbactam) ou cefalosporina de segunda ou terceira geração (por exemplo, cefoxitina ou cefotetana) é combinada com clindamicina, ciprofloxacino ou metronidazol.
Nos pacientes que apresentam infecção necrosante das partes moles, antibióticos de amplo espectro, como os descritos acima, são obrigatórios. Além do que, uma abordagem cirúrgica mais agressiva é justificada, com desbridamento completo dos tecidos moles infectados. Várias idas à sala de cirurgia são frequentemente necessárias até que o processo necrosante seja controlado. Devido à taxa de letalidade das infecções necrosantes de partes moles, a assistência em uma unidade de terapia intensiva é necessária.[25]Sarani B, Strong M, Pascual J, et al. Necrotizing fasciitis: current concepts and review of the literature. J Am Coll Surg. 2009 Feb;208(2):279-88. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19228540?tool=bestpractice.com
Opções primárias
ampicilina/sulbactam: 1 g por via oral/intravenosa a cada 6 horas
Mais ampicilina/sulbactamA dose refere-se ao componente de ampicilina.
ou
cefoxitina: 1 g por via intravenosa a cada 8 horas
ou
cefotetana: 1-2 g por via intravenosa a cada 12 horas
--E--
metronidazol: 500 mg por via oral/intravenosa a cada 6 horas
ou
ciprofloxacino: 200-400 mg por via intravenosa a cada 12 horas; 500 mg por via oral a cada 12 horas
ou
clindamicina: 600 mg por via oral/intravenosa a cada 8 horas
aminoglicosídeos
Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado
Não há evidência clínica que dê suporte a cobertura antibiótica tripla. Alguns autores também recomendam acrescentar um aminoglicosídeo (gentamicina ou tobramicina) ao regime, porém deve-se levar em consideração as complicações potenciais.
O tratamento é por 24 horas ou até a resolução da celulite.
Os aminoglicosídeos são conhecidos por causar nefrotoxicidade e ototoxicidade. Se forem utilizados por mais de 24 horas, os níveis séricos precisam ser monitorados.
Opções primárias
gentamicina: 80 mg por via intravenosa a cada 8 horas por 24 horas ou até a resolução da celulite
ou
tobramicina: 80 mg por via intravenosa a cada 8 horas por 24 horas ou até a resolução da celulite
reexame sob anestesia/exclusão de causa microbiológica rara
Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado
Drenagem adequada do abscesso deve resultar em melhora imediata dos sintomas. Caso contrário, o reexame sob anestesia é recomendado para garantir a drenagem completa do abscesso.
A drenagem insuficiente do abscesso ocorre mais frequentemente em pacientes com abscessos em forma de ferradura, quando o componente pós-anal ou isquiorretal do abscesso está mais proeminente e é drenado, mas os outros componentes deste abscesso não são reconhecidos e tratados.[18]Onaca N, Hirshberg A, Adar R. Early reoperation for perirectal abscess: a preventable complication. Dis Colon Rectum. 2001 Oct;44(10):1469-73. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11598476?tool=bestpractice.com
Em pacientes que desenvolvem um abscesso anorretal recorrente ou cuja ferida da drenagem inicial não cicatrizar, o exame feito por um cirurgião geral ou colorretal é indicado para descartar uma fístula anal como a causa destes problemas.[28]Vasilevsky CA, Gordon PH. The incidence of recurrent abscesses or fistula-in-ano following anorectal suppuration. Dis Colon Rectum. 1984 Feb;27(2):126-30. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/6697831?tool=bestpractice.com [37]Hamalainen KP, Sainio AP. Incidence of fistulas after drainage of acute anorectal abscesses. Dis Colon Rectum. 1998 Nov;41(11):1357-61. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9823799?tool=bestpractice.com
Em pacientes com abscesso anorretal recorrente e fatores de risco, como o vírus da imunodeficiência humana (HIV), imunossupressão, ou em pacientes de regiões em desenvolvimento, deve-se também levar em consideração algumas das causas raras de abscesso anorretal, como a tuberculose ou actinomicose. Técnicas microbiológicas e de cultura específicas podem ser necessárias na identificação dessas condições.[22]Samarasekera DN, Nanayakkara PR. Rectal tuberculosis: a rare cause of recurrent rectal suppuration. Colorectal Dis. 2008 Oct;10(8):846-7. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18294272?tool=bestpractice.com [21]Magdeburg R, Grobholz R, Dornschneider G, et al. Perianal abscess caused by Actinomyces: report of a case. Tech Coloproctol. 2008 Dec;12(4):347-9. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19018464?tool=bestpractice.com
Escolha um grupo de pacientes para ver nossas recomendações
Observe que as formulações/vias e doses podem diferir entre nomes e marcas de medicamentos, formulários de medicamentos ou localidades. As recomendações de tratamento são específicas para os grupos de pacientes. Ver aviso legal
O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal