Abordagem

Deve-se suspeitar de espru tropical (ET) em qualquer paciente com diarreia crônica, perda de peso e sinais/sintomas de má absorção que tenha passado mais de 2 semanas em área tropical endêmica.

História

Em pacientes não nativos, os sintomas de má absorção tendem a aparecer logo após uma doença diarreica aguda. Os nativos têm propensão a um início mais indolente de má absorção e diarreia crônica. Sintomas generalizados de má absorção (perda de peso, esteatorreia, fadiga) e características sugestivas de deficiências nutricionais específicas devem levantar a suspeita de ET.

Exame físico

Caso o paciente apresente qualquer uma das amplas variedades de achados associados a deficiências nutricionais específicas, deve-se levantar suspeita de ET, sobretudo se a combinação de achados sugerir má absorção de 2 ou mais nutrientes. Tais achados podem incluir glossite, queilite, sensação alterada, reflexos tendinosos profundos diminuídos, palidez e erupção cutânea nos casos de deficiência de vitamina B12; edema dos membros inferiores, queda de cabelos e edema do pé em caso de hipoproteinemia; e olhos secos em caso de deficiência de vitamina A.

Testes decisivos

O hemograma completo revela anemia macrocítica; deve-se questionar o diagnóstico de ET se não houver aumento do volume corpuscular médio (VCM).

Exames de sangue, incluindo níveis de folato e vitamina B12, ensaio quantitativo de gordura fecal e teste de D-xilose devem ser realizados para confirmar a impressão clínica de má absorção.[1]

Exames radiográficos, de fezes e sangue adicionais devem ser solicitados para descartar outras possíveis causas de sintomas, como infecção helmíntica, linfoma e doença celíaca.

Se ainda houver suspeita de ET, solicite uma endoscopia digestiva alta para obter biópsias do intestino delgado. Geralmente, biópsias duodenais e/ou jejunais revelam encurtamento de vilosidades, alongamento das criptas e células inflamatórias na lâmina própria; nenhum desses achados é específico para ET. Como essas alterações histológicas podem ser indistinguíveis daquelas observadas em pacientes com doença celíaca, o ET está associado a um infiltrado eosinofílico muito mais pronunciado no duodeno que o observado na doença celíaca.[24][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Endoscopia, alterações em vilosidades normais e de espru tropical (ET), duodenoDo acervo do Dr. M. Guelrud; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@4f844b4[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Espru tropical; padrões sulcados e foveolares, duodenoDo acervo do Dr. M. Guelrud; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@308669f8[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Espru tropical; sulcos serrilhados, com aparência de mosaico e sulcos mucosos; duodenoDo acervo do Dr. M. Guelrud; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@412bec26

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