Os principais objetivos são descartar doença grave e/ou sistêmica e administrar terapia para obter alívio da dor, redução da duração da úlcera e diminuição da frequência dos episódios.[44]Tarakji B, Gazal G, Al-Maweri SA, et al. Guideline for the diagnosis and treatment of recurrent aphthous stomatitis for dental practitioners. J Int Oral Health. 2015 May;7(5):74-80.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4441245
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26028911?tool=bestpractice.com
O tratamento inicial consiste em opções simples, incluindo a mudança do creme dental do paciente para uma formulação sem lauril sulfato de sódio, enxaguante bucal antibacteriano (por exemplo, clorexidina) e alívio dos sintomas (por exemplo, lidocaína ou benzidamina tópica). Os pacientes devem ser instruídos a evitar alimentos reconhecidos como desencadeantes e bebidas e alimentos ácidos.[1]Scully C. Clinical practice. Aphthous ulceration. N Engl J Med. 2006 Jul 13;355(2):165-72.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16837680?tool=bestpractice.com
Se medidas simples isoladamente não funcionarem para reduzir os sintomas, os corticosteroides tópicos continuam a ser a base do tratamento, juntamente com antimicrobianos tópicos adjuvantes, e podem reduzir o componente inflamatório. No entanto, se a estomatite aftosa recorrente (EAR) não responder a terapias tópicas, terapias sistêmicas talvez sejam necessárias.[3]Scully C, Gorsky M, Lozada-Nur F. The diagnosis and management of recurrent aphthous stomatitis: a consensus approach. J Am Dent Assoc. 2003 Feb;134(2):200-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12636124?tool=bestpractice.com
[45]Letsinger JA, McCarty MA, Jorizzo JL. Complex aphthosis: a large case series with evaluation algorithm and therapeutic ladder from topicals to thalidomide. J Am Acad Dermatol. 2005 Mar;52(3 Pt 1):500-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15761429?tool=bestpractice.com
Para todos os pacientes, a possibilidade de trauma local (por exemplo, devido a dentes pontiagudos e/ou quebrados, próteses dentárias e aparelhos ortodônticos, e mordidas ao mastigar) deve ser avaliada e o tratamento odontológico apropriado realizado.[3]Scully C, Gorsky M, Lozada-Nur F. The diagnosis and management of recurrent aphthous stomatitis: a consensus approach. J Am Dent Assoc. 2003 Feb;134(2):200-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12636124?tool=bestpractice.com
Algumas evidências mostram o benefício da vitamina B12, mesmo na ausência de alguma deficiência; a suplementação com vitamina B12 oral (cianocobalamina) tem sido eficaz em estudos, independentemente dos níveis séricos de B12.[46]Volkov I, Rudoy I, Freud T, et al. Effectiveness of vitamin B12 in treating recurrent aphthous stomatitis: a randomized, double-blind, placebo-controlled trial. J Am Board Fam Med. 2009 Jan-Feb;22(1):9-16.
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[47]Gulcan E, Toker S, Hatipoğlu H, et al. Cyanocobalamin may be beneficial in the treatment of recurrent aphthous ulcers even when vitamin B12 levels are normal. Am J Med Sci. 2008 Nov;336(5):379-82.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19011392?tool=bestpractice.com
[48]Liu HL, Chiu S, Chen KH. Effectiveness of vitamin B12 on recurrent aphthous stomatitis in long term care: a systematic review. JBI Database System Rev Implement Rep. 2013 Feb;11(2):281-307.
https://journals.lww.com/jbisrir/Abstract/2013/11020/Effectiveness_of_Vitamin_B12_on_Recurrent_Aphthous.3.aspx
Considere suplementos de ferro se ocorrer anemia ferropriva.[37]Lopez-Jornet P, Camacho-Alonso F, Martos N. Hematological study of patients with aphthous stomatitis. Int J Dermatol. 2014 Feb;53(2):159-63.
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[49]Sumathi K, Shanthi B, Subha Palaneeswari M, et al. Significance of ferritin in recurrent oral ulceration. J Clin Diagn Res. 2014 Mar;8(3):14-5.
https://www.jcdr.net/article_fulltext.asp?issn=0973-709x&year=2014&volume=8&issue=3&page=14&issn=0973-709x&id=4091
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No entanto, é importante considerar a causa da deficiência de ferro antes de tratá-la, porque muitas vezes isso pode ser o primeiro sinal de má absorção ou de sangramento oculto. A suplementação de ferro em adultos e crianças pode ser necessária para prevenir úlceras resultantes da anemia ferropriva. O tratamento inicial é a terapia oral de reposição diária de ferro.[49]Sumathi K, Shanthi B, Subha Palaneeswari M, et al. Significance of ferritin in recurrent oral ulceration. J Clin Diagn Res. 2014 Mar;8(3):14-5.
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Terapias tópicas
Os corticosteroides tópicos são a base do tratamento quando medidas simples por si só não funcionarem para melhorar os sintomas. Uma variedade de agentes diferentes pode ser usada, incluindo uma pasta de corticosteroide (uma combinação de um corticosteroide tópico potente, como triancinolona e pasta dental), comprimidos bucais de hidrocortisona e comprimidos solúveis de betametasona.[50]Liu C, Zhou Z, Liu G, et al. Efficacy and safety of dexamethasone ointment on recurrent aphthous ulceration. Am J Med. 2012 Mar;125(3):292-301.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22340928?tool=bestpractice.com
Contudo, a pasta de corticosteroides pode ser de difícil obtenção em certas regiões. Corticosteroides tópicos mais potentes (como dipropionato de betametasona, clobetasol ou fluocinonida) também podem ser usados.[3]Scully C, Gorsky M, Lozada-Nur F. The diagnosis and management of recurrent aphthous stomatitis: a consensus approach. J Am Dent Assoc. 2003 Feb;134(2):200-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12636124?tool=bestpractice.com
A duração do tratamento depende do caso, mas não existem evidências de supressão adrenal com corticosteroides de baixa potência.
As terapias tópicas para alívio dos sintomas podem ser benéficas. Elas incluem anestésicos tópicos (por exemplo, lidocaína) e agentes anti-inflamatórios tópicos como benzidamina.[51]Matthews RW, Scully CM, Levers BG, et al. Clinical evaluation of benzydamine, chlorhexidine, and placebo mouthwashes in the management of recurrent aphthous stomatitis. Oral Surg Oral Med Oral Pathol. 1987 Feb;63(2):189-91.
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Agentes antimicrobianos adjuvantes também podem ser de algum valor, em parte pela redução da infecção secundária. Eles podem reduzir a gravidade e a dor da ulceração. Por exemplo, os ensaios clínicos randomizados e controlados têm mostrado que a solução oral de clorexidina pode reduzir a duração da EAR e aumentar o número de dias sem úlcera.[52]Addy M, Tapper-Jones L, Seal M. Trial of astringent and antibacterial mouthwashes in the management of recurrent aphthous ulceration. Br Dent J. 1974 Jun 4;136(11):452-5.
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[53]Addy M, Carpenter R, Roberts WR. Management of recurrent aphthous ulceration: a trial of chlorhexidine gluconate gel. Br Dent J. 1976 Aug 17;141(4):118-20.
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[54]Addy M. Hibitane in the treatment of aphthous ulceration. J Clin Periodontol. 1977 Dec;4(5):108-16.
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[55]Hunter L, Addy M. Chlorhexidine gluconate mouthwash in the management of minor aphthous ulceration: a double-blind, placebo controlled cross-over trial. Br Dent J. 1987 Feb 7;162(3):106-10.
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As tetraciclinas tópicas usadas como enxágue também podem ser eficazes.[56]Graykowski EA, Kingman A. Double-blind trial of tetracycline in recurrent aphthous ulceration. J Oral Pathol. 1978;7(6):376-82.
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[57]Häyrinen-Immonen R, Sorsa T, Pettila J, et al. Effect of tetracyclines on collagenase activity in patients with recurrent aphthous ulcers. J Oral Pathol Med. 1994 Jul;23(6):269-72.
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No entanto, elas devem ser compostas e evitadas em crianças com menos de 8 anos de idade, pois podem causar descoloração dos dentes.[58]Vennila V, Madhu V, Rajesh R, et al. Tetracycline-induced discoloration of deciduous teeth: case series. J Int Oral Health. 2014 Jun;6(3):115-9.
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Terapias sistêmicas
Se a EAR não responder a terapias tópicas, terapias sistêmicas talvez sejam necessárias. No entanto, os estudos não avaliam sua eficácia (ou seus efeitos adversos).[59]Brocklehurst P, Tickle M, Glenny AM, et al. Systemic interventions for recurrent aphthous stomatitis (mouth ulcers). Cochrane Database Syst Rev. 2012 Sep 12;(9):CD005411.
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Para pacientes com EAR grave, pode ser necessário um curto ciclo de corticosteroides sistêmicos, imunomoduladores sistêmicos ou agentes anti-inflamatórios, como colchicina, azatioprina ou talidomida.[1]Scully C. Clinical practice. Aphthous ulceration. N Engl J Med. 2006 Jul 13;355(2):165-72.
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[3]Scully C, Gorsky M, Lozada-Nur F. The diagnosis and management of recurrent aphthous stomatitis: a consensus approach. J Am Dent Assoc. 2003 Feb;134(2):200-7.
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[45]Letsinger JA, McCarty MA, Jorizzo JL. Complex aphthosis: a large case series with evaluation algorithm and therapeutic ladder from topicals to thalidomide. J Am Acad Dermatol. 2005 Mar;52(3 Pt 1):500-8.
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[60]Hello M, Barbarot S, Bastuji-Garin S, et al. Use of thalidomide for severe recurrent aphthous stomatitis: a multicenter cohort analysis. Medicine (Baltimore). 2010 May;89(3):176-82.
https://journals.lww.com/md-journal/Fulltext/2010/05000/Use_of_Thalidomide_for_Severe_Recurrent_Aphthous.5.aspx
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20453604?tool=bestpractice.com
[61]Toader MP, Esanu IM, Taranu T, et al. Colchicine in the treatment of refractory aphthous ulcerations: review of the literature and two case reports. Exp Ther Med. 2021 Mar;21(3):281.
https://www.spandidos-publications.com/10.3892/etm.2021.9712
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/33603888?tool=bestpractice.com
Prednisolona oral administrada por 1 semana, com redução da dose na segunda semana, é um esquema sugerido.[3]Scully C, Gorsky M, Lozada-Nur F. The diagnosis and management of recurrent aphthous stomatitis: a consensus approach. J Am Dent Assoc. 2003 Feb;134(2):200-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12636124?tool=bestpractice.com
O imunomodulador sistêmico de primeira linha usado na EAR e nas manifestações mucocutâneas da síndrome de Behçet é a colchicina.[62]Taylor J, Glenny AM, Walsh T, et al. Interventions for managing oral ulcers in Behçet's disease. Cochrane Database Syst Rev. 2014 Sep 25;(9):CD011018.
https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD011018.pub2/full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25254615?tool=bestpractice.com
Há poucas evidências para dar suporte ao uso de azatioprina.
A talidomida raramente é usada; é necessária muita cautela para seu uso, recomendando-se o encaminhamento e a prescrição por especialistas.[1]Scully C. Clinical practice. Aphthous ulceration. N Engl J Med. 2006 Jul 13;355(2):165-72.
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[3]Scully C, Gorsky M, Lozada-Nur F. The diagnosis and management of recurrent aphthous stomatitis: a consensus approach. J Am Dent Assoc. 2003 Feb;134(2):200-7.
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Entretanto, o uso de talidomida na EAR é apoiado por dados tanto na EAR quanto em pacientes com ulceração aftosa na infecção por HIV.[63]Revuz J, Guillaume JC, Janier M, et al. Crossover study of thalidomide vs placebo in severe recurrent aphthous stomatitis. Arch Dermatol. 1990 Jul;126(7):923-7.
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[64]Nicolau DP, West TE. Thalidomide: treatment of severe recurrent aphthous stomatitis in patients with AIDS. DICP. 1990 Nov;24(11):1054-6.
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Nesses grupos de pacientes, estudos abertos e duplo-cegos têm mostrado que a talidomida é o agente efetivo disponível para o manejo de EAR refratária grave.[6]Jurge S, Kuffer R, Scully C, et al. Mucosal disease series. Number VI. Recurrent aphthous stomatitis. Oral Dis. 2006 Jan;12(1):1-21.
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[60]Hello M, Barbarot S, Bastuji-Garin S, et al. Use of thalidomide for severe recurrent aphthous stomatitis: a multicenter cohort analysis. Medicine (Baltimore). 2010 May;89(3):176-82.
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A talidomida nunca deveria ser seria iniciada na atenção primária - há uma legislação rígida sobre sua prescrição. Por exemplo, no Reino Unido, seu uso é aprovado apenas em discussão caso a caso com vários conselhos/planos de saúde.
Resultados com outros agentes imunomoduladores usados para tratar EAR grave ou refratário, como levamisol ou pentoxifilina, têm mostrado resposta clínica insatisfatória ou uma incidência significativa de efeitos adversos relacionados ao tratamento.[6]Jurge S, Kuffer R, Scully C, et al. Mucosal disease series. Number VI. Recurrent aphthous stomatitis. Oral Dis. 2006 Jan;12(1):1-21.
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Tratamento de crianças com menos de 12 anos de idade
Assim como nos adultos, o tratamento de primeira linha em crianças é a introdução de medidas simples (ou seja, mudar a pasta de dentes, evitar fatores desencadeantes ou avaliar trauma). Além disso, há vários tratamentos anti-inflamatórios de venda livre disponíveis para o alívio dos sintomas. Uma formulação adequada que seja licenciada para uso em crianças deve ser selecionada.[65]Crighton AJ. Oral medicine in children. Br Dent J. 2017 Dec;223(9):706-12.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29097798?tool=bestpractice.com
Há um número limitado de corticosteroides tópicos que são licenciados para uso oral em crianças. Se corticosteroides tópicos forem necessários, eles podem ser usados off-label, mas somente em crianças que podem seguir instruções em relação a cuspir o medicamento. Isso significa que eles geralmente não podem ser usados em crianças com menos de 6 anos de idade. Esses tratamentos só devem ser iniciados sob cuidados especializados após a criança ter sido avaliada e outras causas de úlceras orais terem sido descartadas. Inaladores orais para asma têm sido usados off-label como uma aplicação tópica para essa indicação.[65]Crighton AJ. Oral medicine in children. Br Dent J. 2017 Dec;223(9):706-12.
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Os tratamentos sistêmicos para a EAR raramente são usados em crianças com menos de 12 anos e só são iniciados sob cuidados especializados.