História e exame físico (incluindo exame oftalmológico com lâmpada de fenda e dilatação da pupila) em conjunto com estudos de imagem da raiz da aorta e da aorta ascendente, descendente e abdominal (ecocardiografia, tomografia computadorizada [TC], ressonância nuclear magnética [RNM]) geralmente são suficientes para o diagnóstico.[1]Pyeritz AE. The Marfan syndrome. Annu Rev Med. 2000;51:481-510.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10774478?tool=bestpractice.com
Uso de critérios de diagnóstico
O diagnóstico de síndrome de Marfan é clínico, com base em critérios bem definidos, chamados critérios de diagnóstico de Ghent revisados.[2]Loeys BL, Dietz HC, Braverman AC, et al. The revised Ghent nosology for the Marfan syndrome. J Med Genet. 2010 Jul;47(7):476-85.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20591885?tool=bestpractice.com
[3]Tinkle BT, Lacro RV, Burke LW, et al. Health supervision for children and adolescents with Marfan syndrome. Pediatrics. 2023 Apr 1;151(4):e2023061450.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36938616?tool=bestpractice.com
Esses critérios de diagnóstico revisados dão mais peso às manifestações cardiovasculares do distúrbio, em comparação com os critérios usados anteriormente, e o aneurisma da raiz da aorta e ectopia lentis agora se tornaram características principais.[2]Loeys BL, Dietz HC, Braverman AC, et al. The revised Ghent nosology for the Marfan syndrome. J Med Genet. 2010 Jul;47(7):476-85.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20591885?tool=bestpractice.com
[3]Tinkle BT, Lacro RV, Burke LW, et al. Health supervision for children and adolescents with Marfan syndrome. Pediatrics. 2023 Apr 1;151(4):e2023061450.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36938616?tool=bestpractice.com
Identificação dos fatores de risco
Os fatores de risco incluem a presença de história familiar de síndrome de Marfan ou de dissecção ou aneurisma da aorta. Também há uma pequena associação com idade parental avançada.[4]Murdoch JL, Walker BA, McKusick VA. Parental age effects on the occurrence of new mutations for the Marfan syndrome. Ann Hum Genet. 1972 Mar;35(3):331-6.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/5072691?tool=bestpractice.com
Outras considerações sobre a história do paciente
Pode haver história familiar de miopia, astigmatismo, estrabismo, ambliopia, catarata prematura ou outras anormalidades do cristalino, glaucoma, descolamento de retina, extração de dentes ou colocação de suportes para correção de dentes sobrepostos, hérnias ou pneumotórax espontâneo. Os pacientes podem ter história de dor nas articulações ou lombalgia.[1]Pyeritz AE. The Marfan syndrome. Annu Rev Med. 2000;51:481-510.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10774478?tool=bestpractice.com
Exame físico
Estatura alta, ampla envergadura dos braços, alto nível do osso púbico, palato arqueado, aracnodactilia, sinal do polegar e do punho positivo, pectus excavatum, pectus carinatum, escoliose, estrias (não resultantes de gestação ou alterações de peso), pé chato, óculos com lente grossa para miopia, hérnias e sopro da valva aórtica ou mitral podem estar presentes.[2]Loeys BL, Dietz HC, Braverman AC, et al. The revised Ghent nosology for the Marfan syndrome. J Med Genet. 2010 Jul;47(7):476-85.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20591885?tool=bestpractice.com
[3]Tinkle BT, Lacro RV, Burke LW, et al. Health supervision for children and adolescents with Marfan syndrome. Pediatrics. 2023 Apr 1;151(4):e2023061450.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36938616?tool=bestpractice.com
Pneumotórax espontâneo ou bolhas enfisematosas podem se manifestar como dispneia.[3]Tinkle BT, Lacro RV, Burke LW, et al. Health supervision for children and adolescents with Marfan syndrome. Pediatrics. 2023 Apr 1;151(4):e2023061450.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36938616?tool=bestpractice.com
A anormalidade esquelética pode resultar em outras complicações pulmonares que também se manifestam como dispneia.
Pode haver sinais de insuficiência cardíaca devido à valvopatia ou à cardiomiopatia.[18]Alpendurada F, Wong J, Kiotsekoglou A, et al. Evidence for Marfan cardiomyopathy. Eur J Heart Fail. 2010 Oct;12(10):1085-91.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20861133?tool=bestpractice.com
O exame oftalmológico completo, incluindo exame de fundo de olho com dilatação da pupila, é recomendado em todos os pacientes. Pode haver sinais de luxação ou subluxação do cristalino, catarata, glaucoma ou descolamento de retina.[3]Tinkle BT, Lacro RV, Burke LW, et al. Health supervision for children and adolescents with Marfan syndrome. Pediatrics. 2023 Apr 1;151(4):e2023061450.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36938616?tool=bestpractice.com
É possível que o paciente apresente sinais e sintomas de dissecção aguda ou ruptura da aorta. Essa manifestação é descrita na seção de complicações.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Sinal do polegar positivoDo acervo de LG Svensson, E Mendrinos, C Pournaras [Citation ends].
Investigações iniciais
A ecocardiografia é usada, inicialmente, para obter imagens da raiz da aorta e, se não for claramente determinada, a TC ou a RNM pode ser usada.[3]Tinkle BT, Lacro RV, Burke LW, et al. Health supervision for children and adolescents with Marfan syndrome. Pediatrics. 2023 Apr 1;151(4):e2023061450.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36938616?tool=bestpractice.com
[19]Isselbacher EM, Preventza O, Hamilton Black JH 3rd, et al. 2022 ACC/AHA guideline for the diagnosis and management of aortic disease: a report of the American Heart Association/American College of Cardiology Joint Committee on Clinical Practice Guidelines. Circulation. 2022 Dec 13;146(24):e334-482.
https://www.ahajournals.org/doi/full/10.1161/CIR.0000000000001106
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36322642?tool=bestpractice.com
Investigações subsequentes
O rastreamento genético para verificar a presença de mutações no gene da fibrilina-1 (FBN1) pode confirmar o diagnóstico em caso de dúvidas.[3]Tinkle BT, Lacro RV, Burke LW, et al. Health supervision for children and adolescents with Marfan syndrome. Pediatrics. 2023 Apr 1;151(4):e2023061450.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36938616?tool=bestpractice.com
Na ausência de subluxação do cristalino, o teste genético deve ser considerado para descartar a possibilidade de síndrome de Loeys-Dietz.[19]Isselbacher EM, Preventza O, Hamilton Black JH 3rd, et al. 2022 ACC/AHA guideline for the diagnosis and management of aortic disease: a report of the American Heart Association/American College of Cardiology Joint Committee on Clinical Practice Guidelines. Circulation. 2022 Dec 13;146(24):e334-482.
https://www.ahajournals.org/doi/full/10.1161/CIR.0000000000001106
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36322642?tool=bestpractice.com
Assim que é detectada, a mutação pode ser usada para rastrear outros parentes e para diagnóstico pré-natal e diagnóstico genético pré-implantacional. Esse teste é mais específico que a RNM para a ectasia dural, que também pode estar presente na síndrome de Ehlers-Danlos.
Ultrassonografia, TC e RNM abdominais são utilizadas para visualização da aorta descendente.[19]Isselbacher EM, Preventza O, Hamilton Black JH 3rd, et al. 2022 ACC/AHA guideline for the diagnosis and management of aortic disease: a report of the American Heart Association/American College of Cardiology Joint Committee on Clinical Practice Guidelines. Circulation. 2022 Dec 13;146(24):e334-482.
https://www.ahajournals.org/doi/full/10.1161/CIR.0000000000001106
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36322642?tool=bestpractice.com
A radiografia torácica pode ser realizada para descartar a presença de pneumotórax e pode revelar bolhas enfisematosas.
TC ou RNM da coluna lombar pode ser realizada para descartar ectasia dural, em que a imagem em posição ereta pode ser preferível.[3]Tinkle BT, Lacro RV, Burke LW, et al. Health supervision for children and adolescents with Marfan syndrome. Pediatrics. 2023 Apr 1;151(4):e2023061450.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36938616?tool=bestpractice.com
Trata-se de um alargamento da membrana dural que envolve a medula espinhal e é uma complicação reconhecida da síndrome de Marfan. A RNM é útil principalmente para investigações de acompanhamento a fim de evitar o acúmulo de radiação, avaliando o tamanho da aorta e a extensão da ectasia dural.
Os níveis de homocisteína plasmática ajudam a diferenciar homocistinúria em casos não claros.