Novos tratamentos

Criopreservação de oócitos

O óvulo é a maior célula no corpo e contém uma grande quantidade de água, o que significa que é mais difícil de congelar e descongelar, em comparação com um embrião. O processo deve ser concluído sem a formação de cristais de gelo que podem destruir os fusos meióticos. Avanços com técnicas de congelamento lento e vitrificação (resfriamento rápido) melhoraram o sucesso e, agora, muitas crianças têm nascido de oócitos congelados no mundo todo. Aperfeiçoamentos nessa técnica permitirão que as mulheres preservem sua fertilidade armazenando oócitos. Também irá melhorar a capacidade de utilizar de forma eficiente os óvulos doados por meio da criação de bancos de óvulos criopreservados. Desde 2013, a American Society for Reproductive Medicine considera que as taxas de sucesso e os dados de segurança já atingiram um nível que mostra que a vitrificação do óvulo não deve mais ser considerada experimental.[177]​ Ensaios clínicos randomizados e controlados de oócitos frescos versus descongelados indicam taxas similares de implantação e gestação clínica.[178] A idade na coleta do óvulo e o número de oócitos maduros criopreservados estão diretamente associados com a taxa de sucesso expectante.[179]

Teste genético pré-implantação para aneuploidia (PGT-A) durante a FIV de rotina

Apesar da transferência de embriões com aparência saudável, as taxas de implantação permanecem em aproximadamente 40% (no caso de mulheres com menos de 35 anos de idade) após a FIV.[175] Vários investigadores têm procurado melhorar essas taxas por meio de biópsias dos embriões para garantir que eles não sejam aneuploides. Avanços tecnológicos significativos têm sido feitos nesse setor da medicina reprodutiva, por meio dos quais o teste genético pré-implantação para aneuploidia (PGT-A) é amplamente realizado em blastocistos usando sequenciamento de próxima geração (NGS). A técnica possibilita a detecção de aneuploidia, poliploidia, translocação desequilibrada, aneuploidia segmentar e mosaicismo, entre outros. No entanto, apesar dos avanços feitos, o PGT-A de rotina não demonstrou, em ensaios clínicos randomizados e controlados multicêntricos de grande porte, aumentar a taxa atual de gravidez por transferência embrionária e não é recomendado.[2][180][181]

Transplante uterino

O primeiro nascido vivo com sucesso após transplante uterino em 2014 marcou novas possibilidades de mulheres com problemas uterinos anatômicos graves (por exemplo, ausência congênita do útero) poderem realizar uma gravidez. Com a necessidade da administração de medicamentos imunossupressores, esta não é uma opção fácil, pois requer o planejamento antecipado, com envolvimento de cirurgiões de transplante altamente qualificados, e é oferecida por poucos centros sub-especializados no mundo todo. Embora seja promissor, atualmente este continua sendo um procedimento experimental para o tratamento da infertilidade por fator uterino.[182][183]

Injeção de plasma rico em plaquetas

Em mulheres com reserva ovariana diminuída, o tratamento dos ovários com plasma rico em plaquetas pode restaurar a atividade ovariana e melhorar o crescimento folicular.[184] Metanálises sugerem que a injeção autóloga de plasma rico em plaquetas melhora os marcadores de reserva ovariana e aumenta significativamente o número de ovócitos e embriões criados com tecnologia de reprodução assistida (TRA) entre mulheres com reserva ovariana diminuída ou baixa resposta à estimulação ovariana.[184][185]​​ Em uma análise de pacientes com prognóstico reprodutivo desfavorável (cuja única opção geralmente é usar óvulos de doadoras), a taxa de gravidez espontânea foi de 7% e a proporção de nascidos vivos com TRA foi de 11%.[184]​ 

Suplementação de hormônio do crescimento

A resposta ovariana deficiente ocorre em cerca de 5% a 18% dos ciclos de TRA e está associada a taxas de gravidez significativamente reduzidas.[186] A suplementação com hormônio do crescimento pode melhorar as taxas de sucesso da TRA em mulheres com resposta ovariana desfavorável ou reserva ovariana diminuída, regulando a função ovariana, promovendo a maturação folicular e melhorando a receptividade endometrial.[186][187]​​​ Metanálises sugerem que a suplementação de hormônio do crescimento melhora a proporção de nascidos vivos, ao mesmo tempo que reduz a taxa de cancelamento do ciclo e a dose total de gonadotrofinas necessária para a estimulação ovariana.[186][187]​​[188]​ Entretanto, o risco de viés e heterogeneidade nos ensaios incluídos foi alto.

Protocolos de TRA não convencionais

Os protocolos convencionais de TRA iniciam a estimulação da ovulação na fase folicular inicial. Uma metanálise descobriu que a estimulação da fase lútea pode resultar em um número semelhante de ovócitos recuperados e que a estimulação dupla pode resultar em um número maior de ovócitos recuperados e mais embriões euploides.[189] Entretanto, os dados sobre proporções de nascidos vivos e abortos espontâneos eram limitados, e a maioria dos estudos incluídos eram observacionais e apresentavam alto risco de viés.[189]

Estimulação ovariana induzida por progesterona

Em uma metanálise, a estimulação ovariana com progesterona foi igualmente eficaz em termos de taxa de gravidez clínica e proporção de nascidos vivos em comparação com protocolos convencionais de estimulação ovariana (análogo do hormônio liberador de gonadotrofina).[190]​ A estimulação da ovulação com progesterona tem a vantagem da administração oral e baixo custo, mas não é recomendada rotineiramente devido a evidências limitadas.[190][191]

Medicamentos fitoterápicos

Medicamentos fitoterápicos têm sido sugeridos como uma alternativa ou complemento ao tratamento convencional de fertilidade, mas os mecanismos não são bem compreendidos.[192] Em uma revisão sistemática, o tratamento com fitoterapia melhorou significativamente as taxas de gravidez em comparação ao placebo, mas a qualidade dos estudos incluídos foi baixa.[193] 

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