Caso clínico
Caso clínico
Um homem de 22 anos de idade apresenta-se a um centro clínico familiar porque está preocupado com sensações de tontura e de fraqueza. Sua história médica não apresenta nada digno de nota e essa é a sua primeira visita ao centro médico. Durante a entrevista, o médico nota a expressão facial desanimada do paciente e pergunta sobre outros problemas. Ele admite que não dorme há 2 dias por causa de tensões em seu relacionamento com a namorada, que está visitando a família dela em outra parte do país. Ela pareceu distante no telefone, e ele está preocupado com a possibilidade de ela estar passando tempo com o seu ex-namorado, que reside na mesma cidade que a família dela. Ele solicita um medicamento para ajudá-lo a dormir e, após alguns minutos, confessa ao médico as oscilações de humor que tem experimentado recentemente. Ele admite que gostava de uma garota no passado, mas descobriu que ela não estava interessada nele. Desde então, tornou-se desesperançoso e desanimado. Ele reconheceu pensar que não queria mais viver e que não tinha mais esperança de encontrar alguém, mas não cogitava suicídio naquele momento. Em vez disso, ele se confortou em doar sangue, já que a imagem de seu próprio sangue era extremamente calmante. Ele também se sentiu seguro no ambiente controlado do centro de doação. No entanto, ele relata que nesse momento a intensidade de seu sofrimento é maior, que ele se sente "sozinho no mundo" e que mesmo os seus amigos estão "contra ele".
Outras apresentações
A variedade de transtornos de personalidade é grande e eles diferem acentuadamente em seus quadros clínicos. Ao contrário de outras doenças mentais nas quais os pacientes podem procurar assistência em unidades básicas de saúde, é pouco provável que pacientes com dificuldades de personalidades relatem que a sua "personalidade" seja a fonte de seu sofrimento. Em vez disso, os pacientes com transtornos de personalidade podem relatar sintomas de: transtorno persistente de humor ou de ansiedade; transtorno relacionado ao abuso de substâncias; sintomas múltiplos clinicamente inexplicáveis; ou dificuldades no funcionamento interpessoal. Muitas vezes, esses sintomas se manifestam em interações desafiadoras entre médico e paciente. A atenção a manifestações não verbais, como cicatrizes de comportamentos autoprejudiciais, também deve ser o foco de avaliação contínua. É pouco provável que o médico de atenção primária intervenha diretamente para tratar de problemas de personalidade, mas por meio do estabelecimento de um relacionamento terapêutico efetivo, pode ajudar o paciente a melhorar o "índice" dos sintomas que estão causando o sofrimento. Manter contato com os pacientes com transtornos de personalidade pode ser desafiador por causa da natureza das suas dificuldades, que sem dúvida se tornarão salientes de alguma maneira na interação clínica. Essas dificuldades podem incluir: indiferença; comportamentos ou padrões de pensamento estranhos; demonstrações de desregulação afetiva e automutilação; ou comportamento ansioso e carente com extrema dependência do médico para tomar decisões. Ao longo do tempo, um relacionamento efetivo facilitará o tratamento clínico das doenças crônicas e potencialmente resultará na melhora da qualidade de vida relacionada à saúde. Também poderá oferecer indiretamente ao paciente a oportunidade de desenvolver diferentes formas de se relacionar com outras pessoas e melhorar uma das características fundamentais da patologia de personalidade.
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