Abordagem

Embora existam características clínicas e resultados laboratoriais altamente sugestivos de artrite séptica, não existe um fator único que apresente uma sensibilidade de 100% ou especificidade de 100% para o diagnóstico. A chave para o diagnóstico é o nível de suspeita clínica de um médico com experiência no tratamento de doenças musculoesqueléticas. Se a suspeita clínica for alta, é importante realizar o tratamento para artrite séptica presumida, independentemente dos resultados dos exames de sangue ou microbiológicos.[11] Se um paciente com sinais ou sintomas sugestivos de infecção apresenta deterioração aguda, os médicos devem considerar a possibilidade de sepse e realizar uma avaliação sistemática urgente para identificar aqueles com risco de deterioração devido à disfunção orgânica, consultando a orientação local quando apropriado.[12][13] Consulte Sepse em adultos eSepse em crianças.

História

A artrite séptica geralmente apresenta um breve episódio de calor, edema e dor na articulação (ou nas articulações), com restrição de movimentos associada.[3][4] Sua manifestação pode ser mais insidiosa no contexto de um organismo com baixa virulência, na tuberculose ou se a articulação for protética.[4][5] No contexto de doença articular subjacente, pode-se suspeitar de artrite séptica caso os sintomas na articulação afetada sejam desproporcionais à atividade da doença detectada em outra região. Em até 22% dos casos, a artrite séptica é poliarticular.[2][6]

Fatores de risco

Os fatores de risco para o desenvolvimento da artrite séptica incluem artrite reumatoide, osteoartrite, prótese das articulações, condição socioeconômica baixa, abuso de drogas intravenosas, transtornos decorrentes do uso de bebidas alcoólicas, diabetes, injeção intra-articular de corticosteroides prévia e a presença de úlceras cutâneas. Em pacientes sexualmente ativos, pode-se suspeitar de artrite gonocócica.[2][3][4][6][7][8] A incidência de Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA) está aumentando em muitas partes do mundo.[14] Os pacientes particularmente em risco são os recém-hospitalizados, os residentes em instituição asilar e aqueles com ulceração na perna ou sonda vesical de demora. A artrite tuberculosa também está se tornando mais frequente e deve-se suspeitar da doença em pessoas imunocomprometidas e em pacientes provindos de áreas onde a tuberculose é prevalente.

Exame

Os elementos característicos de uma articulação infectada são edema, calor, sensibilidade e uma redução significativa na amplitude de movimentos. A presença ou ausência de febre não é um indicador confiável de artrite séptica.[3][4][5][6]

Investigações laboratoriais

Caso exista a suspeita de artrite séptica, é obrigatório aspirar a articulação para obter uma amostra do líquido sinovial antes que a terapêutica antimicrobiana tenha início.[10]

A única contraindicação para a aspiração simples é a presença das próteses articulares. Sob essas circunstâncias, recomenda-se que qualquer procedimento invasivo deve ser desenvolvido sob condições estéreis em uma sala de cirurgia. Portanto, recomenda-se o encaminhamento a um cirurgião ortopedista. Também é recomendável que os pacientes com suspeita de artrite tuberculosa sejam encaminhados a um cirurgião ortopedista, e pode ser indicada uma biópsia sinovial para confirmar o diagnóstico.


Demonstração animada de aspiração e injeção no joelho
Demonstração animada de aspiração e injeção no joelho

Como aspirar líquido sinovial do joelho e administrar medicação intra-articular por abordagem medial.



Demonstração animada de aspiração e injeção do ombro
Demonstração animada de aspiração e injeção do ombro

Como aspirar líquido sinovial do ombro e administrar medicação intra-articular. O vídeo demonstra uma abordagem posterior da articulação glenoumeral e uma abordagem lateral do espaço subacromial.


Nem celulite sobrejacente ou anticoagulação são contraindicações absolutas para a aspiração da articulação. Deve ser procurado aconselhamento de especialistas caso o médico responsável sinta-se desconfortável realizando artrocentese sob qualquer uma dessas condições.

O líquido sinovial deve ser enviado para coloração de Gram imediata, contagem de leucócitos e subsequente cultura. A hemocultura também é recomendada no início da manifestação, antes que tenha início a antibioticoterapia.

A contagem de leucócitos, a velocidade de hemossedimentação (VHS) e a proteína C-reativa sérica podem ajudar no diagnóstico e no monitoramento do tratamento. Portanto, recomenda-se que essas investigações sejam feitas rotineiramente em caso de suspeita de artrite séptica.

Eletrólitos e testes da função hepática podem ser realizados para indicar se há sepse sistêmica.

Se a anamnese ou o exame físico sugerir uma fonte não articular alternativa para a infecção, então amostras apropriadas devem ser obtidas e enviadas para cultura.

A procalcitonina (PCT) pode ajudar a identificar a infecção bacteriana e as medições em série podem indicar a resposta à terapia.[21] No entanto, a PCT sérica ainda não é recomendada como ferramenta diagnóstica de rotina.[22]

Imagens radiológicas

Nenhuma investigação radiológica foi apontada como sendo confiável para o diagnóstico de artrite séptica.[23][24] Entretanto, recomenda-se a realização de uma radiografia simples inicial para estabelecer a presença de qualquer doença articular subjacente.[25]

A ressonância nuclear magnética (RNM) pode ser útil em caso de suspeita de osteomielite associada.[25]

Se houver suspeita de artrite séptica do quadril, sugere-se que seja feita aspiração guiada por ultrassonografia.


Venopunção e flebotomia – Vídeo de demonstração
Venopunção e flebotomia – Vídeo de demonstração

Como colher uma amostra de sangue venoso da fossa antecubital usando uma agulha a vácuo.


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