História e exame físico
Principais fatores diagnósticos
comuns
presença de fatores de risco
Os principais fatores de risco incluem infecção viral, sintomas de asma não controlada, uso intenso de b2-agonistas de ação curta, uso inconsistente de corticosteroides inalatórios, técnica incorreta de uso do inalador, baixo volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF₁), alta reversibilidade ao uso de broncodilatadores, fumantes (inclusive cigarros eletrônicos) ou fumantes passivos, exposição a alérgenos, poluição do ar, baixa qualidade do ar em ambientes fechados, obesidade, rinossinusite crônica, doença do refluxo gastroesofágico, alergia alimentar confirmada, história de asma, história de hospitalização por exacerbação da asma, uma ou mais exacerbações graves nos últimos 12 meses, uso de corticosteroides orais, baixa adesão ao tratamento para asma, gravidez, problemas psicológicos ou socioeconômicos, eosinófilos sanguíneos elevados e fração de óxido nítrico exalado (FeNO) elevada.
tosse
O aumento da tosse pode ser o primeiro sintoma de uma exacerbação da asma.
Uma apresentação atípica com tosse predominante deve levantar a possibilidade de infecção por B pertussis, a qual pode mimetizar ou ser um fator desencadeante de uma exacerbação de asma.[1]
sibilância
Agravamento progressivo observado na exacerbação da asma.
dispneia
Agravamento progressivo observado na exacerbação da asma.
Um paciente com asma grave sem sibilância corre risco iminente de insuficiência respiratória.
A intensidade da dispneia ajuda a determinar a gravidade da exacerbação.
constrição torácica
Pode ser um sintoma de problemas no fluxo aéreo.
perturbação do sono
É comum o despertar durante a noite devido a asma não controlada ou tosse decorrente de asma, e este é um dos critérios mais frequentemente utilizados para estratificar o controle recente da asma.[1]
uso dos músculos acessórios
O uso de músculos acessórios, incluindo o escaleno, o paraesternal e o esternocleidomastoideo, durante a respiração é um sinal de dificuldade respiratória. O uso de músculos acessórios é um sinal de exacerbação grave da asma.[1]
taquipneia
A taquipneia é um sinal importante de dispneia e de obstrução do fluxo aéreo. Uma frequência respiratória de >30 respirações/minuto sugere uma exacerbação grave de asma.[1]
taquicardia
Uma frequência cardíaca <100 bpm é um indicador de exacerbação leve. Uma frequência cardíaca entre 100 e 120 bpm é uma característica de exacerbação leve a moderada; uma frequência >120 bpm sugere exacerbação grave.[1]
sibilância, expansibilidade torácica ou murmúrios vesiculares reduzidos
Percebidos na ausculta dos campos pulmonares.
A sibilância pode indicar obstrução do fluxo aéreo. Nas exacerbações graves, pode não haver sibilância (ou seja, tórax silencioso).[1] Isso indica que não há troca de ar suficiente para produzir um sibilos, e é um sinal de obstrução grave e exacerbação de asma com risco à vida.
Incomuns
incapacidade de falar
A incapacidade de completar frases como resultado da dispneia é um forte indicador de obstrução grave do fluxo aéreo e insuficiência respiratória iminente.
Outros fatores diagnósticos
comuns
Incomuns
estridor
Também pode indicar uma etiologia alternativa do quadro clínico, como disfunção das pregas vocais.
cianose
Indica hipoxemia grave.
Fatores de risco
Fortes
infecção viral
Fator de risco mais comum para exacerbações, com mais da metade das exacerbações da asma relacionadas a vírus respiratórios.[12]
As taxas de exacerbação refletem a natureza sazonal de muitas infecções respiratórias virais.
O rinovírus, o vírus sincicial respiratório e o vírus da influenza são fatores desencadeantes frequentes.[8]
Os mecanismos que levam a inflamações podem ser específicos de cada vírus. No entanto, é provável que a maior parte dos vírus cause infecções nas células epiteliais. A infecção desencadeia a liberação de mediadores inflamatórios, que resultam em recrutamento de células inflamatórias (frequentemente neutrofílicas), edema das vias aéreas e hipersecreção da glândula mucosa.[8]
sintomas de asma descontrolados
uso intenso de beta-2 agonistas de curta ação
O uso elevado de beta-2 agonista de curta ação (por exemplo, uso médio maior que uma vez ao dia) é um fator de risco importante para exacerbações (e está associado a um maior risco de idas a prontos-socorros ou hospitalizações), com uma mortalidade substancialmente maior se um ou mais dispositivos inalatórios de salbutamol ou equivalente estiverem sendo usados por mês, em média.[1][14][15] Os riscos são maiores com o uso de beta-2 agonistas de curta ação nebulizados.[1]
Mesmo em curto prazo, o uso crescente de um beta-2 agonista de curta ação está associado a um risco maior de uma exacerbação grave nos dias ou semanas seguintes.[1]
O uso regular de beta-2 agonistas de ação curta promove a down-regulation dos receptores beta e diminui a resposta ao tratamento posterior com beta-2 agonistas de curta ação (resultando, assim, em maiores aumentos no uso).[1]
O uso elevado de beta-2 agonistas de ação curta pode ser causado por sintomas ou ser habitual.[1]
uso inconsistente de corticosteroides inalatórios
O uso inconsistente dos corticosteroides inalatórios (CI) é um fator de risco potencialmente modificável para exacerbações, mesmo que o paciente tenha poucos sintomas de asma.[1] Isso pode dever-se ao fato de os CIs não terem sido prescritos, a uma baixa adesão ou a erros na técnica de uso do inalador.[1]
técnica incorreta de uso do inalador
A técnica incorreta de inalação é um fator de risco potencialmente modificável para exacerbações, mesmo que o paciente tenha poucos sintomas de asma.[1] Uma técnica de inalação inadequada (presente em até 70% a 80% dos pacientes, a maioria dos quais desconhece o problema) está associada a aumentos do uso não programado de recursos de saúde e a um controle clínico inadequado, incluindo o aumento do risco de exacerbações graves.[1][16]
baixo volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF₁)
alta responsividade a broncodilatadores
fumantes (inclusive cigarros eletrônicos/produtos de vaping) ou fumantes passivos
A exposição à fumaça de cigarro no presente é um fator de risco modificável estatisticamente significativo para exacerbações de asma, mesmo em pacientes com poucos sintomas de asma.[1][17] A fumaça de cigarro exacerba os sintomas da asma, acelera a deterioração da função pulmonar em longo prazo e prejudica a resposta terapêutica a corticosteroides em curto prazo.[19] O uso de cigarros eletrônicos/produtos de vaping está associado a um maior risco de sintomas respiratórios e exacerbações de asma.[20][21]
exposição a alérgenos (incluindo história de rinite alérgica sazonal)
A natureza diversificada e onipresente dos alérgenos frequentemente dificulta a identificação de todos os potenciais gatilhos alérgicos de uma pessoa.
Entre os alérgenos conhecidos estão gatos, cachorros, baratas, o ácaro da poeira doméstica, pólen de árvores, vegetação e grama e esporos fúngicos.
Os alérgenos ocupacionais são extremamente diversificados. Profissionais comumente afetados são padeiros, agricultores, carpinteiros e pessoas envolvidas na fabricação de plásticos, espumas e colas.
Acredita-se que os alérgenos provoquem uma resposta da imunoglobulina E mediada pela Th-2, que causa inflamação e maior secreção de muco, o que exacerba a obstrução das vias aéreas. A resposta inflamatória costuma ser eosinofílica por natureza. As interleucinas (IL)-5 e IL-13 são importantes citocinas no recrutamento de eosinófilos.[8]
Eosinófilos liberam mediadores inflamatórios que também podem resultar em maior inflamação e lesão das células epiteliais.
poluição do ar
O material particulado associado à baixa qualidade do ar e às exacerbações da asma inclui compostos de carbono, compostos orgânicos voláteis, dióxido de nitrogênio, dióxido de enxofre, emissões de escape de diesel, endotoxinas e fumaça de cigarro.[22][23] Há evidências específicas de exposição a material particulado com diâmetro <2.5 micrômetros (PM2.5) como um fator de risco para a exacerbação aguda da asma em adultos.[6]
As exposições de curto prazo a poluentes atmosféricos, como o dióxido de nitrogênio e o ozônio, estão significativamente associadas a consultas ao pronto-socorro relacionadas à asma.[24][25] Morar perto de estradas principais está relacionado a aumentos da morbidade por asma.[1]
Os mecanismos que levam a tais eventos não são bem compreendidos, mas podem incluir radicais livres e estresse oxidativo, discinesia ciliar, danos epiteliais e aumento dos mediadores pró-inflamatórios.[8][22]
baixa qualidade do ar em ambientes fechados
A contaminação microbiana é um elemento da poluição do ar em ambientes fechados. Sintomas respiratórios, alergias e asma são associados à umidade e ao mofo em ambientes fechados.[26] Os outros poluentes importantes do ar em ambientes internos que podem afetar a saúde respiratória incluem o monóxido de carbono e o dióxido de carbono (entre outros), e as fontes de poluição do ar em ambientes internos incluem certos dispositivos de cozimento e aquecimento.[1] Embora os filtros de ar possam reduzir a exposição a partículas finas, eles não demonstraram efeitos consistentes sobre desfechos da asma.[27]
obesidade
rinossinusite crônica
Em um modelo multivariável, a rinossinusite crônica foi significativamente associada à frequência das exacerbações, mesmo após ajuste para múltiplos fatores.[18]
doença do refluxo gastroesofágico
Em um modelo multivariável, a doença do refluxo gastroesofágico foi significativamente associada à frequência das exacerbações, mesmo após ajuste para múltiplos fatores.[18]
alergia alimentar confirmada
Uma alergia alimentar confirmada é um fator de risco para exacerbações de asma, mesmo que o paciente tenha poucos sintomas de asma.[1]
história de asma
Oitenta por cento dos pacientes desenvolvem asma durante a infância; portanto, a maioria dos pacientes adultos que apresentam exacerbações da asma terá um diagnóstico de asma prévio.[29]
história de hospitalização por exacerbações da asma
uma ou mais exacerbações intensas nos últimos 12 meses
uso de corticosteroides orais
Se um paciente necessita de corticosteroides orais para controlar a asma, isso significa uma forma de asma mais grave e lábil que também aumenta o risco de exacerbação súbita e grave da asma com risco de vida.
baixa adesão ao tratamento da asma
Uma baixa adesão ao tratamento da asma (especialmente corticosteroides inalatórios) é um fator de risco potencialmente modificável para exacerbações, mesmo em pacientes com poucos sintomas.[1]
A adesão abaixo do ideal é observada em até 75% dos pacientes e pode ser não intencional (por exemplo, relacionada ao custo ou devido à ausência de rotina ou mal-entendido) ou intencional (por exemplo, devido a fatores culturais ou religiosos, preocupações com segurança ou efeitos adversos, ou uma crença de que o tratamento não é necessário).[1]
gestação
Aumenta o risco de exacerbação mesmo que o paciente geralmente apresente poucos sintomas de asma.[1] Durante a gestação, as exacerbações de asma que requerem intervenção médica ocorrem em cerca de 20% das mulheres com asma, sendo cerca de 6% das mulheres admitidas a um hospital.[31]
As exacerbações podem resultar de alterações mecânicas ou hormonais e/ou ser decorrentes da diminuição ou descontinuação de medicamentos para asma com base em preocupações do paciente (e/ou profissional da saúde) sobre seu uso durante a gestação.[1] As gestantes também parecem ser especialmente suscetíveis aos efeitos de infecções respiratórias virais, como a gripe (influenza).[1] A multiparidade, a etnia negra, a idade >35 anos e a asma grave são fatores que aumentam o risco de exacerbações durante a gravidez.[1]
problemas psicológicos ou socioeconômicos
Fatores psicossociais - inclusive psicose, uso indevido de bebidas alcoólicas/drogas, problemas financeiros/de emprego e dificuldades de aprendizagem - são, potencialmente, fatores de risco modificáveis para exacerbações, mesmo em pacientes com poucos sintomas.[1][32] Pode haver baixa adesão aos medicamentos para asma (um fator de risco para exacerbações) nos períodos de estresse ou de problemas de saúde mental.[1]
eosinófilos sanguíneos elevados
fração de óxido nítrico exalado (FeNO) elevada
Nos adultos com asma alérgica que fazem uso de corticosteroides inalatórios, uma FeNO elevada está associada a um maior risco de exacerbações, mesmo em pacientes com poucos sintomas de asma.[1]
Fracos
infecção respiratória bacteriana
Estudos mostram que pessoas que tiveram exacerbação dos sintomas da asma frequentemente têm uma infecção do trato respiratório causada por bactéria.
Patógenos atípicos, como Mycoplasma pneumoniae e Chlamydia pneumoniae em particular, exacerbam os sintomas.[33][34][35] Em alguns estudos, foram encontradas evidências de infecções por M pneumoniae em até 20% dos pacientes com exacerbação aguda da asma.[33]
Pacientes com asma podem também desenvolver uma infecção crônica por M pneumoniae, o que, como resultado, pode contribuir para a persistência e gravidade da asma.[9]
A C pneumoniae prejudica o transporte mucociliar e aumenta a secreção de muco nas vias aéreas, podendo aumentar a suscetibilidade a gatilhos alérgicos.[36]
O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal