Etiologia
A causa exata é desconhecida. Uma combinação de causas multifatoriais e biopsicossociais tem sido sugerida.[1] As DTMs têm sido associadas a trauma, tratamento ortodôntico, artrite reumatoide e hábitos parafuncionais como o bruxismo (ranger ou apertar os dentes à noite).[21][22][23]O uso excessivo da articulação e dos músculos da mastigação parece ser comum. Acredita-se que o sofrimento psíquico e a amplificação da dor contribuam para o aparecimento e a persistência da DTM.[3] Os pacientes com DTM persistente são mais sensíveis a estímulos mecânicos e térmicos de dor, em comparação com controles.[24] Os pacientes com DTM têm maior probabilidade de terem outras afecções dolorosas (por exemplo, cefaleias, lombalgia), em comparação com controles.[21] As DTMs estão associadas à depressão e a eventos estressantes na vida.[25] Um estudo relatou que pacientes que passaram por tratamento odontológico e evoluíram para DTM ativa perceberam o tratamento como a causa da DTM.[26] As DTMs têm sido associadas a má oclusão; no entanto, a associação provou ser insignificante.[16][27][28]
Estudos avaliaram o papel da genética nas DTMs.[29][30] Uma associação entre DTMs e os genes COMT e HTR2A foi confirmada pelos achados do estudo OPPERA.[3][29][30] Uma revisão sistemática revelou que a associação entre dor por DTM e hereditariedade foi apoiada por evidências modestas.[30]
Fisiopatologia
Apesar de extensos estudos, a fisiopatologia das DTMs não é completamente compreendida. As DTMs afetam diferentes áreas da articulação temporomandibular, resultando em sintomas ligeiramente diferentes. Alguns pacientes têm início agudo com sintomas leves e autolimitados, enquanto outros (cerca de 30%) podem evoluir para DTM crônica, com dor persistente (≥3 meses) semelhante à relatada por pacientes com outros sintomas crônicos.[4][31][32] Na dor miofascial, os músculos da mastigação são afetados. A dor miofascial, geralmente, está associada a bruxismo ou a cerramento dos dentes. O uso excessivo dos músculos causa sensibilidade muscular, que pode impedir a abertura máxima da boca e limitar o movimento mandibular. Ela também pode afetar a sensação dos dentes ao se morder em uma posição consistente. A dor muscular pode causar cefaleias nas regiões temporais da cabeça e também pode estar associada a dores miofasciais cervicais e na cintura escapular.[12] Os pacientes com dor miofascial apresentam dor cíclica, principalmente com dor e travamento ocorrendo pela manhã, já que o bruxismo ocorre mais frequentemente à noite. Esses pacientes podem ter dor de dentes e facetas de desgaste nos dentes causadas pelo bruxismo e pelo cerramento dos dentes.[11]
O desarranjo interno ocorre quando o disco articular é deslocado, geralmente para a frente, de sua posição sobrejacente à cabeça condilar. À medida que o côndilo mandibular se move durante a função normal, o disco volta a se posicionar sobre a cabeça condilar. Esse travamento é a redução do disco sobre o côndilo.[18] Quando ocorre a redução dos discos, eles causam os cliques e a dor. A dor é causada pela captura dos tecidos atrás do disco, pois o disco em si não tem terminações nervosas ou suprimento de sangue. A localização do disco pode impedir a translação normal dos côndilos sobre a eminência articular na frente da fossa glenoide.[12] Quando isso ocorre, o paciente sente que a mandíbula está travada ou restrita.
A osteoartrose envolve a degeneração das estruturas ósseas da fossa articular glenoide, do côndilo e do disco articular, e geralmente é observada em pessoas idosas.[12]
Classificação
Classificação clínica
Os distúrbios relacionados à dor (mialgia, cefaleia relacionada à DTM e artralgia) e aqueles associados à articulação temporomandibular (deslocamentos discais, doenças degenerativas) são os tipos mais comuns de DTM.[1]
De acordo com o domínio dos critérios diagnósticos para DTM do Eixo I (DC/TMD), que é um sistema de diagnóstico baseado em evidências, as 12 DTMs mais comuns são amplamente divididas em quatro categorias principais: mialgia (mialgia local, dor miofascial, dor miofascial com referência), artralgia, distúrbios intra-articulares (deslocamento de quatro discos ou distúrbios internos, doença articular degenerativa e subluxação) e cefaleia atribuída a DTM.[1][2][5]
Mialgia
Forma mais comum de DTM. Ocorre em 80% dos pacientes.
Inclui mialgia local, dor miofascial e dor miofascial com referência (definida como dor miofascial associadas a dor fora do músculo, como nas orelhas, dentes ou olhos).
Artralgia
Geralmente ocorre juntamente com mialgia.
A ocorrência de artralgia, somente, é rara (2% dos casos).
Cefaleia atribuída a DTM
Cefaleia envolvendo a região temporomandibular, que é afetada pelo movimento, função ou parafunção da mandíbula.[6]
Disfunções intra-articulares
Consiste em quatro distúrbios de deslocamento de discos (desarranjo interno; deslocamento de disco com redução, deslocamento de disco com redução e travamento intermitente, deslocamento de disco sem redução com limitação da abertura e deslocamento de disco sem redução e sem limitação da abertura), doença articular degenerativa e subluxação.
O fenômeno do disco ancorado, um tipo de distúrbio interno, envolve o desenvolvimento de restrição aguda grave de abertura em um adulto jovem devido à falta de lubrificação na articulação.[7][8] Pode ser observada uma redução considerável na abertura da boca, em comparação com o deslocamento do disco sem redução com abertura limitada, indicando que estes podem ser estágios diferentes da mesma entidade clínica.[9] O fenômeno do disco ancorado requer encaminhamento urgente, pois deixar a situação sem intervenção pode levar à restrição permanente da abertura da boca.
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