Etiologia

O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) provavelmente resulta de uma confluência de etiologias. Os fatores genéticos são importantes, pois os gêmeos monozigóticos têm muito mais probabilidade de apresentar sintomas de TOC que os gêmeos dizigóticos.[11] Os parentes de primeiro grau dos pacientes com TOC têm um risco maior de evoluir para o transtorno que a população geral.[12] Existem evidências de que o transtorno seja transmitido de forma autossômica dominante.[13][14][15][16] Os genes candidatos estão relacionados aos sistemas neurotransmissores de serotonina, dopamina e glutamato.[17] O Estudo Colaborativo sobre a Genética do TOC pretende esclarecer o papel que os fatores genéticos desempenham no desenvolvimento do TOC.[18] Um estudo recente com animais mostrou que a exclusão dos genes de uma proteína glutamatérgica de andaime pós-sináptica resulta no comportamento de limpeza excessiva nos camundongos.[19]

As teorias de aprendizagem explicam que, reduzindo temporariamente a ansiedade, as compulsões são autorreforçadas.[17] A teoria cognitiva sugere que as obsessões representam interpretações equivocadas catastróficas de pensamentos, imagens e impulsos de uma pessoa.[20][21][22] Foram descritas diversas distorções cognitivas no TOC relacionadas a superestimativa de ameaças, intolerância de incerteza, importância dos pensamentos, controle dos pensamentos e perfeccionismo.[23] Além disso, existe uma associação entre a gestação e o desenvolvimento de sintomas obsessivo-compulsivos. Em um estudo com 59 mulheres com TOC, 39% das participantes descreveram o início dos sintomas de TOC durante a gestação.[24] As lesões estriatais e o trauma cranioencefálico raramente resultam no desenvolvimento de TOC.[10]

Fisiopatologia

A eficácia dos inibidores de recaptação de serotonina no tratamento de transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) ilustra que a disfunção serotonérgica desempenha um papel na fisiopatologia do TOC.[25]​ A baixa resposta da prolactina à estimulação com serotonina meta-clorofenilpiperazina (m-CPP) tem sido considerada como um preditor da resposta insatisfatória aos inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRSs).[26] Os sistemas neurotransmissores de dopamina e glutamato também têm sido implicados.[17] Estudos de neuroimagem funcionais têm mostrado um circuito cerebral hipermetabólico que envolve o córtex orbitofrontal, o cíngulo anterior, o tálamo e o estriato.[17] Evidências preliminares sugerem que a atividade dessas áreas é alterada em adultos e crianças com TOC.[27] Os ISRSs ou a terapia cognitivo-comportamental têm resultado na normalização da taxa metabólica nesse circuito.[28][29] Em um subgrupo de pacientes, os sintomas de TOC podem ser causados ou agravados por uma reação autoimune em que os anticorpos dos estreptococos beta-hemolíticos reagem de forma cruzada com proteínas nos gânglios da base; esse fenômeno tem sido chamado de PANDAS (transtornos neuropsiquiátricos autoimunes pediátricos associados à infecção por estreptococos).[30] Estudos que examinam o subtipo de acumulação compulsiva de TOC têm indicado que esse subtipo pode resultar de um mecanismo neurobiológico diferente, pois os pacientes com acumulação compulsiva têm uma taxa metabólica menor (não maior) no giro cingulado posterior e no cuneus, e também têm taxas metabólicas menores no giro cingulado dorsal anterior.[31]

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