Prognóstico

O prognóstico de poliarterite nodosa (PAN) está melhorando em decorrência da detecção precoce e do tratamento mais eficaz. A sobrevida em 5 anos de pacientes diagnosticados entre 1963 e 1995 foi de 76.5%, em comparação com 87.9% nos que foram diagnosticados após 1995 em um estudo.[102] Na PAN não relacionada à infecção pelo vírus da hepatite B (HBV), o índice de sobrevida em 5 anos é de 83.4%, comparado com um índice de 73.4% na PAN relacionada ao HBV para a sobrevida em 5 anos.[102] Esses números são similares aos índices da vasculite associada a anticorpos anticitoplasma de neutrófilos.[55]

O índice de recidiva na PAN relacionada ao HBV é <11%, inferior ao da PAN não relacionada ao HBV (19.4% a 57%).[20][55][102]​​[103]​​ Entretanto, o tempo médio para recidiva é de 29 meses em ambos os grupos.[102] Um período para diagnóstico superior a 90 dias está relacionado ao risco maior de futura recidiva, mas não está associado à mortalidade elevada.[104]

Quando a terapia tripla com corticosteroides, antivirais e plasmaférese é usada em pacientes com PAN relacionada ao HBV, a soroconversão de antígeno e da hepatite B (HBeAg) para anticorpo antiantígeno E do vírus da hepatite B (anti-HBe) é obtida em 49.3% dos pacientes; os que são soroconvertidos geralmente obtêm a remissão completa sem recidiva.[20]

Fatores de prognóstico

O escore de 5 fatores prevê a sobrevida na PAN.[19] O escore consiste nos seguintes fatores:

  • Proteinúria >1 g/dia

  • Creatinina sérica >140 micromoles/L (>1.58 mg/dL)

  • Cardiomiopatia

  • Manifestações gastrointestinais (GI)

  • Comprometimento do sistema nervoso central (SNC).

A cada item é atribuído um ponto, se estiver presente. Em 6 anos, em um estudo prospectivo, 86.1% dos pacientes com escore 0 estavam vivos, 69.4% com escore um estavam vivos e 47% com escore dois ou mais estavam vivos.[19]

A mortalidade também pode ser predita por meio do Birmingham Vasculitis Score (escore de vasculite de Birmingham), que é um índice clínico da atividade da doença.​[19][55][105]​ Embora estejam incluídos no escore prognóstico de 5 fatores, a cardiomiopatia e o envolvimento do SNC não são preditores independentes da mortalidade.[19]

Envolvimento gastrointestinal

O envolvimento gastrointestinal, especificamente sangramento, perfuração, infarto e/ou pancreatite (mas não colecistite), é um fator de risco independente para aumento da mortalidade, especialmente durante a fase aguda.[19][54][106][107][108][109]

Uma análise retrospectiva de 24 pacientes com PAN e envolvimento abdominal ilustrou o seguinte: três entre 13 pacientes com abdome agudo morreram, em comparação com um entre 11 pacientes com outros sintomas gastrointestinais.[35] Isso é favoravelmente comparável a um estudo prévio similar de 1982, que relatou mortalidade de 100% em pacientes que apresentaram abdome agudo.[110] A mortalidade mais baixa no estudo mais recente pode ser decorrente do diagnóstico mais precoce e de melhoras na terapia medicamentosa e cirúrgica.[35] O envolvimento gastrointestinal é mais comum em pacientes com PAN relacionada ao HBV.[20][21]

Envolvimento renal

A definição da conferência de consenso de Chapel Hill CHCC (Chapel Hill Consensus Conference) não foi aplicada ao escore de 5 fatores.[19] Consequentemente, o aumento da mortalidade em pacientes com creatinina elevada e proteinúria pode estar relacionado a pacientes com poliangiíte microscópica e não com PAN. Entretanto, um estudo de 10 pacientes com PAN (conforme definido pela CHCC) demonstrou que 70% apresentaram envolvimento renal no diagnóstico, com dois pacientes desenvolvendo insuficiência renal em estágio terminal.[103]

Idade

A idade avançada no diagnóstico é um preditor independente para morte no primeiro ano após o diagnóstico e a idade acima de 50 anos está associada à diminuição da sobrevida em 5 anos.[53][107]

O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal