Abordagem

O principal objetivo do tratamento para os pacientes com HPB é melhorar os sintomas do trato urinário inferior (STUI), tanto miccionais quanto de armazenamento, a fim de melhorar a qualidade de vida.

Oriente os pacientes sobre as opções de intervenção, que podem incluir alterações comportamentais/estilo de vida, terapia medicamentosa e/ou encaminhamento para discussão de opções procedimentais.[17]​ Use a tomada de decisão compartilhada com base na compreensão dos desejos do paciente e dos ricos associados com as terapias específicas para orientar as estratégias de tratamento.[32]

Aconselhe todos os pacientes sobre programas de manejo comportamental autodirecionado, como limitação de líquidos (antes de deitar ou viajar), treinamento vesical focado em uma micção cronometrada e completa e tratamento da constipação, o qual pode ajudar a regular os sintomas urinários.​[17][18]

Revise os medicamentos do paciente para identificar oportunidades de modificar ou evitar medicamentos que possam afetar os sintomas de HPB. Para pacientes com risco de progressão da HPB com base no tamanho da próstata ou nos níveis de antígeno prostático específico, tente reduzir, com a terapia medicamentosa, o risco de retenção urinária aguda e a necessidade de terapia invasiva.

Uma definição informal de sucesso no tratamento dos STUI pode incluir o alívio dos hábitos incômodos de micção e armazenamento acompanhado por 50% de redução na urina residual em 4 a 6 meses após o tratamento. Em geral, os tratamentos cirúrgicos estão associados a uma maior eficácia no alívio permanente dos sintomas de obstrução do trato urinário inferior, enquanto o tratamento clínico é menos invasivo.

tratamento conservador

Oriente todos os pacientes em relação a alterações comportamentais e no estilo de vida como parte do tratamento de primeira linha.​[17][18] Essas medidas podem incluir:

  • Educação sobre a doença e tranquilização do paciente

  • Recomende a redução de líquidos à noite e antes de viajar, bem como a limitação de bebidas alcoólicas e cafeinadas

  • Evitar ou modificar o momento dos diuréticos ou medicamentos que aumentam a retenção urinária

  • Prevenir ou tratar a constipação

  • Uso de técnicas para ajudar a controlar os sintomas vesicais (por exemplo, treinamento vesical, exercícios para o assoalho pélvico)

Considere a vigilância ativa para homens com STUI leve a moderado, que não causa incômodo, ou aqueles que desejam protelar o tratamento; poucos vão evoluir para a retenção urinária aguda e complicações, e outros podem permanecer estáveis por anos.[18]​ Isso abrange o automonitoramento da progressão de sintomas pelo paciente e o acompanhamento periódico (anual) pelo médico para reavaliar o quadro clínico.

Terapia medicamentosa

Em geral, ofereça terapia medicamentosa como tratamento de primeira linha para pacientes com sintomas incômodos, moderados a graves de HPB que não precisem de cirurgia.[17]​ Uma variedade de medicamentos está disponível e pode ser selecionada de acordo com as características ou os sintomas do paciente.

Geralmente, os alfabloqueadores são a terapia medicamentosa de primeira escolha. Um inibidor de fosfodiesterase-5 (PDE-5) pode ser usado para pacientes que também apresentam disfunção erétil; a terapia anticolinérgica é recomendda para homens com sintomas de armazenamento vesical.[17][18]

Avalie os pacientes de 4-12 semanas após o iniciar a terapia medicamentosa com medicamentos de início rápido (caso os eventos adversos não tenham justificado uma consulta antes).[17] Aguarde mais tempo (3-6 meses) antes de avaliar os efeitos dos medicamentos de início mais prolongado. Avalie os pacientes utilizando um escore de sintomas, como o escore internacional de sintomas prostáticos (International Prostate Symptom Score - IPSS); avaliações adicionais podem incluir resíduo pós-miccional (RPM) e urofluxometria.[17] Considere alterar o tratamento quando os pacientes não apresentarem melhora dos sintomas e/ou sentirem efeitos adversos intoleráveis.[17]

Alfabloqueadores

Ofereça um alfabloqueador como terapia inicial para a maioria dos pacientes com sintomas moderados a graves de HPB.[17][18]

  • Eficaz em poucos dias e, geralmente, bem tolerado.[33]​ Diferentes alfabloqueadores (por exemplo, alfuzosina, doxazosina, silodosina, tansulosina ou terazosina) têm eficácia similar. Escolha o alfabloqueador com base na idade do paciente, nas comorbidades e no perfil de eventos adversos.[17][34]

  • Os alfabloqueadores funcionam no relaxamento do músculo liso na próstata e no colo vesical. O receptor predominante na próstata e na bexiga é o receptor alfa-1A.

  • Os bloqueadores de alfa-1 de ação prolongada incluem terazosina e doxazosina. A terazosina e a doxazosina são ajustadas para evitar hipotensão de primeira dose e síncope (efeito de primeira dose). A alfuzosina é um bloqueador alfa-1 de ação curta que está disponível como uma formulação de liberação modificada. A tansulosina e a silodosina são alfabloqueadores seletivos de subtipo (alfa-1A) de ação prolongada, que podem resultar em melhoras modestas nos escores de sintomas e na taxa de pico de fluxo (Qmáx). A silodosina é um bloqueador alfa-1A mais seletivo que a tansulosina e mostrou superioridade ao placebo, com melhoras significativas nos escores de sintoma em 12 semanas.[35]

  • O uso de alfabloqueadores está associado à síndrome da íris frouxa, que pode causar dificuldades técnicas durante a cirurgia de catarata. Foi constatado que o risco é maior com tansulosina. Os pacientes devem ser questionados sobre quaisquer potenciais cirurgias oculares antes de iniciar a terapia.[17][18]

  • Homens que fazem uso de alfabloqueadores prostáticos específicos apresentam aumento significativo dos riscos de queda e fratura, bem como aumento do risco de hipotensão e trauma cranioencefálico.[36] A disfunção ejaculatória e um aumento nos efeitos colaterais sexuais indesejados são eventos adversos frequentemente relatados com silodosina e também podem ocorrer com a tansulosina.[35] [ Cochrane Clinical Answers logo ] ​​ Alfuzosina, doxazosina e terazosina estão associadas a baixo risco de disfunção ejaculatória e podem, portanto, ser preferenciais em homens mais jovens ou sexualmente ativos.[17][18] A silodosina pode ser preferencial nos indivíduos que tomam vários anti-hipertensivos ou naqueles com hipertensão ortostática devido ao seu impacto mínimo sobre a pressão arterial.[18] Homens com HPB tratados com um alfabloqueador, isolado ou em combinação com um inibidor de 5-alfa redutase, podem apresentar aumento do risco de insuficiência cardíaca, em comparação com a ausência de uso de medicamentos; alfabloqueadores não seletivos parecem estar associados a um risco mais alto de insuficiência cardíaca que os alfabloqueadores seletivos.[37]

inibidores da 5-alfa-redutase

​Considere um inibidor de 5-alfa redutase (por exemplo, dutasterida, finasterida) como monoterapia inicial para pacientes com HPB com próstata aumentada (por exemplo, volume da próstata >30 g no exame de imagem, antígeno prostático específico >1.5 ng/dL ou aumento palpável da próstata no exame de toque retal).​[17][18]

  • São eficazes na redução do tamanho da próstata em pacientes com próstatas aumentadas, reduzindo o risco em curto prazo de retenção urinária aguda e cirurgia invasiva.[38][39] Finasterida só se mostrou benéfica em pacientes com próstatas aumentadas (>30 g); nenhum benefício foi observado em relação ao placebo em pacientes com tamanho de próstata reduzido.[40]

  • Oriente os pacientes sobre o início lento de ação; inibidores de 5-alfa redutase levam vários meses para melhorar os sintomas e são adequados apenas para tratamento de longo prazo.[18]

  • O uso de inibidores da 5-alfa-redutase pode estar associado a um diagnóstico tardio de câncer de próstata e a um estágio histológico mais avançado do câncer no momento do diagnóstico.[41]

  • A disfunção sexual é observada em 5% a 10% dos pacientes, inclusive diminuição da libido/ejaculação, disfunção erétil e ginecomastia.[7][17][18]

  • Finasterida está associada a efeitos adversos psiquiátricos e sexuais raros, inclusive depressão, pensamentos suicidas e disfunção sexual, que podem persistir após a interrupção do tratamento.[42]

inibidores de PDE-5

Considere um inibidor de PDE-5 para pacientes com HPB e disfunção erétil, ou como opção de segunda linha.[17]

  • Podem melhorar os STUI, a função erétil e a qualidade de vida. Tadalafila é o único inibidor de PDE-5 aprovado para pacientes com HPB comórbida e disfunção erétil. A tadalafila pode ser considerada para aqueles que apresentam resposta incompleta e/ou aqueles que não toleram um alfabloqueador independentemente de uma disfunção erétil comórbida.​[17][18][43]

  • Uma avaliação de dados de oito revisões sistemáticas demonstrou que os inibidores da PDE-5 melhoram o STUI e a função erétil com uma mudança insignificante na taxa de fluxo.[44]​ Os inibidores da PDE-5 em combinação com alfabloqueadores melhoraram a taxa de fluxo em comparação com os alfabloqueadores isolados.[45] [ Cochrane Clinical Answers logo ]

  • Não há evidências sobre a progressão da doença e a eficácia em longo prazo e tolerabilidade dos inibidores de PDE-5.[18][46]

Terapia anticolinérgica

​Um agente anticolinérgico pode ser considerado para homens com HPB e, predominantemente, sintomas de armazenamento vesical.[17][18]

  • Os agentes anticolinérgicos (por exemplo, tolterodina fesoterodina, oxibutinina, solifenacina) podem melhorar os sintomas de bexiga hiperativa.[47][48][49] [ Cochrane Clinical Answers logo ] ​​

  • Os eventos adversos associados a anticolinérgicos incluem olhos secos, xerostomia, constipação, dificuldade de micção, nasofaringite e tontura.​[18] Preocupações anteriores sobre o risco de agravamento da retenção da bexiga parecem ser infundadas.[17] Um aumento do risco de demência foi associado aos anticolinérgicos.[50]

Terapia combinada

Pode ser considerada para pacientes com sintomas moderados ou graves que apresentam risco de progressão da doença, e para aqueles com controle inadequado dos sintomas ou progressão com a monoterapia.

As opções incluem um alfabloqueador combinado com um inibidor de 5-alfa redutase, um anticolinérgico, um agonista do beta-3 adrenérgico ou o inibidor de PDE-5 tadalafila. Tadalafila combinada com finasterida também pode ser uma opção.[17]

Um inibidor de 5-alfa redutase combinado com um alfabloqueador pode ser considerado para pacientes com HPB com próstata aumentada, que apresentam sintomas de progressão com a monoterapia.[17][18][51][52]

  • Uma revisão sistemática constatou que a terapia combinada com inibidor da 5-alfa-redutase associada a um alfabloqueador mostrou uma melhora maior que 4 pontos no escore internacional de sintomas prostáticos (International Prostate Symptom Score, IPSS), e foi significativamente melhor que a monoterapia.[53] O tratamento com tansulosina associada a dutasterida por 4 anos parece reduzir o risco de progressão clínica, retenção urinária aguda e necessidade de cirurgia relacionada à HPB.[54]

  • A terapia combinada com um inibidor de 5-alfa redutase e um alfabloqueador pode estar associada a disfunção sexual, incluindo disfunções erétil e ejaculatória.[55]

  • Homens com HPB tratados com um alfabloqueador combinado com um inibidor de 5-alfa redutase podem apresentar aumento do risco de insuficiência cardíaca, em comparação com a ausência de uso de medicamentos; alfabloqueadores não seletivos parecem estar associados a um risco mais alto de insuficiência cardíaca que os alfabloqueadores seletivos.[37]

A terapia anticolinérgica combinada com um alfabloqueador é adequada para homens com HPB e, predominantemente, sintomas de armazenamento vesical.[17][18][48]

  • Uma metanálise demonstrou que alfabloqueadores combinados com medicamento anticolinérgico podem melhorar os sintomas sem causar deterioração significativa na função miccional.[56]

  • Uma revisão Cochrane subsequente constatou que a terapia combinada com anticolinérgicos e alfabloqueadores foi associada a poucos ou efeitos incertos nos sintomas urinários, embora possa melhorar a qualidade de vida, em comparação com os anticolinérgicos isolados.[57]​ É provável que a terapia combinada aumente os efeitos adversos, em comparação com placebo, mas não em comparação com a monoterapia com alfabloqueador ou anticolinérgico.[57]

Agonistas beta-3 adrenérgicos (por exemplo, mirabegrona, vibegrona) podem ser oferecidos em combinação com um alfabloqueador para os pacientes com HPB com STUI predominantemente de armazenamento moderado a grave.[17][18]​​​​

  • Um ensaio clínico randomizado e controlado mostrou que a terapia combinada com tansulosina e mirabegron melhorou os sintomas de STUI de armazenamento em homens com HPB que apresentam sintomas persistentes apesar da monoterapia com tansulosina.[58]

  • Os agonistas beta-3 adrenérgicos devem ser usados com cautela em homens idosos e naqueles com obstrução infravesical (resíduos pós-miccionais maiores que 250 mL).[20]

Um inibidor de PDE-5 (por exemplo, tadalafila) associado a um alfabloqueador pode ser considerado para terapia combinada, embora as evidências sejam limitadas.[17][18]​​​​

  • Revisões sistemáticas sugerem que o tratamento combinado com um inibidor de PDE-5 e um alfabloqueador é mais eficaz que a monoterapia para melhorar os sintomas de HPB em homens com ou sem disfunção erétil, mas a taxa de efeitos adversos é mais alta.[45][59] [ Cochrane Clinical Answers logo ]

  • De acordo com uma metanálise, homens mais jovens com IMC mais baixo e sintomas urinários graves podem se beneficiar, em particular, de um inibidor de PDE-5 combinado com um alfabloqueador.​[18][60]​​​ No entanto, são necessários estudos adicionais para confirmar quais pacientes mais se beneficiam com essa combinação.

Uma formulação combinada do inibidor da 5-alfa-redutase, finasterida, e do inibidor da PDE-5, tadalafila, está disponível e pode ser considerada para homens com próstata aumentada.[17]

  • A Food and Drug Administration (FDA) aprovou finasterida/tadalafila para o tratamento dos sinais e sintomas da HPB em homens com próstata aumentada. Estudos de fase 3 revelaram que o tratamento combinado com finasterida e tadalafila melhorou significativamente os STUI e as funções erétil e sexual em comparação com o tratamento com finasterida e placebo.[61][62]

  • A finasterida/tadalafila pode ser usada ao se considerarem terapias combinadas, ou se os pacientes apresentarem efeitos adversos intoleráveis devido a monoterapia com inibidores da 5-alfa-redutase, por um período máximo de 26 semanas.

Tratamento cirúrgico

Encaminhe os pacientes a um urologista para cirurgia para STUI/HPB se apresentarem os seguintes quadros:[17]

  • Complicações atribuídas à HBP, como insuficiência renal aguda e/ou crônica, litíase vesical recorrente, hematúrias macroscópicas recorrentes, infecções do trato urinário recorrentes ou retenção urinária refratária.

  • Respostas refratárias ao medicamento, recusa em usar o medicamento ou efeitos adversos intoleráveis decorrentes do medicamento.

O exame de imagem da próstata é recomendado para avaliar com precisão o tamanho e o formato da próstata para embasar a escolha de intervenções cirúrgicas.​[17][18][31]​​ A ultrassonografia transretal ou abdominal, ou cistoscopia, pode ser considerada, ou exames de imagem preexistentes podem ser usados (inclusive ressonância nuclear magnética/tomografia computadorizada), de preferência obtidos nos últimos 12 meses.[17] Avalie o resíduo pós-miccional (RPM) antes da intervenção cirúrgica para STUI atribuído a HPB.[17] Alguns pacientes podem necessitar de urofluxometria para caracterizar a disfunção miccional e os resultados cirúrgicos possíveis. Os estudos urodinâmicos (estudos de pressão de fluxo) são úteis se houver incerteza diagnóstica.[17] [ Cochrane Clinical Answers logo ]

Há uma variedade de procedimentos que podem ser realizados. A decisão de selecionar um procedimento específico é tomada em conjunto entre o paciente e o urologista, com relação ao risco/benefício de cada procedimento, disponibilidade de equipamentos, experiência do médico e comorbidades do paciente.[32]​ Os pacientes em anticoagulação ativa apresentam risco mais baixo com os procedimentos associados a menos sangramento, como enucleação ou vaporização com laser.[17][18]

As opções de tratamento cirúrgico incluem o seguinte.[18]

  • Ressecção transuretral da próstata (RTUP): é o procedimento cirúrgico padrão para homens com tamanho de próstata <80 g e sintomas do trato urinário inferior incômodos devidos a HPB.[17][18]​ A RTUP é o padrão histórico com o qual todas as outras abordagens cirúrgicas são comparadas. O procedimento pode ser realizado com anestesia raquidiana ou peridural, ou com anestesia geral. A RTUP clássica usa o eletrocautério monopolar; no entanto, a RTUP bipolar se tornou um procedimento mais comum, com desfechos funcionais semelhantes e melhores desfechos perioperatórios em comparação com a RTUP monopolar.[63][64] [ Cochrane Clinical Answers logo ] [Evidência B]​​ A RTUP bipolar reduz os riscos de hiponatremia por diluição, formação de coágulos e sangramento durante os procedimentos mais longos nas glândulas maiores. A RTUP fornece excelente resolução para os STUI, mas aumenta o risco de sangramento, comparada a outros procedimentos, e tem uma taxa significativa de efeitos adversos sexuais indesejados (por exemplo, disfunção ejaculatória).[18]

  • Prostatectomia simples: geralmente, os pacientes com glândulas grandes a muito grandes são tratados com prostatectomia aberta, laparoscópica ou assistida por robô. A prostatectomia aberta tornou-se menos comum para os STUI, enquanto outras técnicas continuaram a ganhar aceitação. Geralmente, ela é recomendada apenas para os pacientes que são bons candidatos à cirurgia e têm próstata significativamente aumentada (tipicamente >80 g).[17][18] Uma consideração prática na recomendação de cirurgia por via aberta resulta da maior probabilidade de hiponatremia provocada pela absorção de irrigante durante cirurgia transuretral prolongada de glândulas grandes.[65]

  • A vaporização transuretral da próstata (VTUP) tradicionalmente usa um dispositivo de eletrodiatermia monopolar padrão, como na RTUP, mas a modificação com uma corrente bipolar permite o uso em temperaturas mais baixas para a vaporização. Ela pode ser considerada para os pacientes com tamanho de próstata normal ou médio (<80 g).[17][18]​ As VTUP monopolar e a bipolar são igualmente eficazes, mas a VTUP bipolar apresenta um perfil de segurança perioperatório mais favorável.[66] A VTUP reduziu a perda de sangue em contraste com a RTUP.[67] A RTUP e a VTUP são mais invasivas e apresentam mais riscos que as terapias minimamente invasivas, mas podem melhorar os sintomas em um grau maior. A vaporização a laser também pode ser usada para ressecção ou ablação de tecido da prostático.

  • Os médicos devem considerar a enucleação a laser (enucleação da próstata com laser de hólmio [HoLEP] e enucleação da próstata com laser de túlio [ThuLEP]), dependendo da sua experiência com qualquer dessas técnicas, como opções adequadas independentes do tamanho da próstata.[17][18][68]​ A HoLEP e a ThuLEP têm eficácia e taxas de re-operação semelhantes às da RTUP.[69][70]​ O sangramento perioperatório é menor nos pacientes tratados com laser. O sangramento perioperatório é menor nos pacientes tratados com laser. A HoleP e a ThuLEP devem ser consideradas nos pacientes com maior risco de sangramento, como os que fazem uso de anticoagulantes.[17]

  • A vaporização fotosseletiva da próstata (PVP) utiliza um laser disparado lateralmente a um comprimento de onda absorvido pela hemoglobina. Isto resulta na vaporização tecidual e numa camada subjacente de coagulação que proporciona uma boa hemostasia; portanto, é preferível nos pacientes com maior risco de sangramento (por exemplo, pacientes que façam uso de anticoagulantes). Estudos têm mostrado desfechos semelhantes, tanto benéficos quanto adversos, em comparação com a RTUP.[70] A PVP pode ser mais eficaz nas glândulas <60 g, uma vez que dois estudos de coorte mostraram conversão para a RTUP em glândulas entre 60 e 80 g.[71][72]​ A PVP pode ser considerada nos pacientes com tamanho de próstata <80 g e alto risco de sangramento, como aqueles que fazem uso de anticoagulantes, devido ao seu efeito hemostático no tecido da prostático.[17][18]

  • A sustentação da uretra prostática é uma opção quando o tamanho da próstata do paciente está entre 30 e 80 g e há ausência de um lobo médio obstrutivo verificada.[17] A sustentação da uretra prostática pode ser oferecida como opção para pacientes elegíveis que desejem preservar as funções erétil e ejaculatória.[17][18]​ Um dispositivo em forma de T implantável com mola é inserido por meio de um cistoscópio. O dispositivo é posicionado com uma extremidade para fora da cápsula prostática e a outra no lúmen da uretra prostática. Após seu posicionamento, o dispositivo abre a uretra prostática, comprimindo o parênquima da próstata.[17] Os pacientes elegíveis devem ser informados de que os efeitos de longo prazo são incertos e as taxas de eficácia são inferiores às observadas na RTUP, mas é mais provável que a função sexual seja preservada e as taxas de incômodo ejaculatório melhorem 40% em 1 ano.[17][18][73]

  • A terapia térmica de vapor de água pode ser considerada como uma opção para homens que desejam preservar as funções erétil e ejaculatória, se o volume da próstata for de 30 a 80 g.[17][74]​​ Pouco se sabe quanto à eficácia e as taxas de repetição do tratamento em comparação com a RTUP.[75]​ As funções erétil e ejaculatória são preservadas.[76] Uma revisão sistemática e uma metanálise em rede de tratamentos minimamente invasivos relataram melhoras similares no IPSS para terapia térmica de vapor de água, em comparação com a RTUP, com menos impacto na função sexual.[77]​ Uma metanálise em rede adicional relatou incerteza sobre as evidências e a necessidade de novo tratamento.[78]​ A terapia térmica com vapor de água não é recomendada pelas diretrizes europeias devido à falta de dados.[18]

  • A incisão transuretral da próstata (ITUP) pode ser oferecida aos pacientes com volume prostático ≤30g para o tratamento cirúrgico de STUI atribuídos à HPB.[17][18]​ A ITUP está associada a taxas menores de ejaculação retrógrada e de necessidade de transfusão sanguínea se comparada à RTUP.[79]

  • A aquablação utiliza um braço robótico portátil com destruição do tecido-alvo seguida por eletrocauterização para hemostasia. Ela pode ser oferecida como opção de tratamento para os pacientes com volume de próstata de 30 a 80 g.[17][18]​ Um ensaio clínico randomizado e controlado em homens com volume de próstata de 30 a 80 g constatou que a redução dos sintomas e a melhora do fluxo urinário são duráveis e consistentes a 5 anos de acompanhamento.[80] Estudos também foram realizados com aquablação para próstatas entre 80 e 150 g, mas os dados de acompanhamento em longo prazo permanecem limitados. A aquablação não é um procedimento cirúrgico minimamente invasivo, pois requer anestesia geral.

  • A embolização da artéria prostática (EAP) pode ser considerada para pacientes com STUI decorrente de HPB como uma alternativa à vigilância ativa (por exemplo, para não candidatos à cirurgia e aqueles que não toleram técnicas mais invasivas, ou para pacientes que preferem um procedimento minimamente invasivo). Os médicos devem explicar que a EAP pode resultar em desfechos desfavoráveis e taxas mais altas de repetição do tratamento, em comparação com a RTUP, e discutir os riscos e benefícios com o paciente. A EAP é tecnicamente exigente e só deve ser realizada por médicos treinados no procedimento.[17][18][81][82]​​ Uma metanálise de 11 ensaios clínicos randomizados e controlados relatou desfechos similares relatados pelos pacientes, inclusive nos escores de sintomas e qualidade de vida para EAP, comparada com RTUP em 12 meses, com menos complicações. No entanto, a EAP foi menos eficaz que a RTUP na maioria dos desfechos funcionais (alterações no fluxo urinário máximo, volume da próstata, antígeno prostático específico).[83]​ Revisões sistemáticas mostram melhora nos sintomas.[84][85][86]​​[87][88] No entanto, uma revisão Cochrane constatou que as evidências eram incertas para eventos adversos importantes e que a EAP pode aumentar a taxa de repetição do tratamento.[88]

  • Dispositivos prostáticos temporários implantados (por exemplo, o dispositivo de nitinol iTIND) são dispositivos mecânicos que se expandem para remodelar o colo vesical e a uretra prostática para aumentar o fluxo de urina. Eles podem ser considerados como uma opção de tratamento minimamente invasiva para pacientes com STUI atribuído à HPB, se o volume da próstata estiver entre 25 e 75 g e se não houver um lobo médio obstrutivo.[17]​ Uma revisão sistemática e uma metanálise de técnicas minimamente invasivas sugeriram que a eficácia pode ser menor para iTIND, em comparação com a RTUP. No entanto, as evidências são limitadas.[77]​ Atualmente, as diretrizes europeias não recomendam dispositivos prostáticos temporários implantados.[18]​ No Reino Unido, eles só são recomendados em arranjos especiais para governança clínica, consentimento e coleta de dados.[89]

Procedimentos que deixaram de ser recomendados

Os procedimentos cirúrgicos para HPB evoluíram com rapidez. Como consequência, vários procedimentos que eram recomendados foram substituídos pela adoção de procedimentos mais eficazes e/ou menos invasivos:[17]

  • A ablação por agulha transuretral não é mais recomendada como tratamento para STUI atribuídos à HPB, devido à menor redução do volume da próstata que o anteriormente previsto.

  • A terapia transuretral por micro-ondas foi amplamente substituída por procedimentos mais novos. Ela tem taxas mais altas de repetição do tratamento do que outros procedimentos.[90][91][92][93]

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