Algoritmo de tratamento

Observe que as formulações/vias e doses podem diferir entre nomes e marcas de medicamentos, formulários de medicamentos ou localidades. As recomendações de tratamento são específicas para os grupos de pacientes:ver aviso legal

Inicial

crise hipertensiva

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1ª linha – 

terapia anti-hipertensiva

Pode ser uma característica presente ou complicação intraoperatória se o paciente não tiver recebido terapia medicamentosa pré-operatória adequada.

Uma crise hipertensiva pode ser desencadeada por medicamentos que inibem a captação de catecolaminas, como antidepressivos tricíclicos e cocaína, opiáceos, indução de anestesia e meios de contraste radiográfico. As possíveis consequências de uma crise hipertensiva são hemorragia cerebral, arritmias cardíacas, infarto do miocárdio (IAM), encefalopatia e insuficiência cardíaca.[87]

O tratamento inclui bloqueio alfa imediato com um bloqueador alfa-1 (por exemplo, terazosina, doxazosina ou prazosina) ou com o alfabloqueador não seletivo, fenoxibenzamina. Agentes intravenosos (nitroprussiato, fentolamina ou nicardipino) são de ação curta e ajustáveis e podem ser usados como primeira linha.[63] Nitroprussiato, fentolamina ou nicardipino podem ser adicionados, conforme a necessidade, ao bloqueador alfa-1 oral no manejo inicial da crise hipertensiva.[43]

O quadro clínico informará as decisões relativas à prescrição. Consulte um especialista para decidir sobre o esquema mais adequado.

Opções primárias

terazosina: 1 mg por via oral uma vez ao dia ao deitar, aumentar gradualmente de acordo com a resposta, máximo de 20 mg/dia em 1-2 doses fracionadas

ou

doxazosina: 1 mg por via oral (liberação imediata) uma vez ao dia ao deitar, aumentar gradualmente de acordo com a resposta, máximo de 16 mg/dia

ou

prazosina: 1 mg por via oral duas a três vezes ao dia, aumentar gradualmente de acordo com a resposta, máximo de 20 mg/dia

ou

fenoxibenzamina: 10 mg por via oral uma vez ao dia inicialmente, aumentar gradualmente de acordo com a resposta, máximo de 120 mg/dia em 2-3 doses fracionadas

--E/OU--

nitroprussiato: 0.3 a 0.5 micrograma/kg/minuto em infusão intravenosa inicialmente, aumentar em 0.5 micrograma/kg/minuto a cada 5 minutos de acordo com a resposta, máximo de 10 microgramas/kg/minuto

Mais

ou

fentolamina: 5 mg por via intravenosa a cada 10 minutos quando necessário, de acordo com a resposta

ou

nicardipino: 5 mg/hora em infusão intravenosa inicialmente, aumentar em 2.5 mg/hora a cada 5-15 minutos de acordo com a resposta, máximo de 15 mg/hora

AGUDA

sem crise hipertensiva

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1ª linha – 

alfabloqueador

O primeiro passo do tratamento clínico é bloquear os efeitos causados pelo excesso de catecolaminas, controlando a hipertensão e expandindo o volume intravascular.[1] Isso é alcançado ao estabelecer primeiro o bloqueio alfa adequado.[2][43]

Bloqueadores alfa 1 (por exemplo, terazosina, doxazosina ou prazosina), ou o alfabloqueador não seletivo fenoxibenzamina, são recomendados para o bloqueio inicial pré-tratamento.[2][43] Esses medicamentos reduzem a PA, diminuindo a resistência vascular periférica.[64]

Uma desvantagem importante da fenoxibenzamina é que ela bloqueia os receptores alfa-2 pré-sinápticos, aumentando a liberação de noradrenalina, o que resulta em taquicardia reflexa.

Bloqueadores alfa-1 têm uma duração de ação mais curta que a fenoxibenzamina, o que os torna particularmente úteis no período perioperatório. A dose do bloqueador alfa-1 pode ser rapidamente ajustada, evitando a hipotensão pós-operatória. Esses medicamentos não aumentam a liberação de noradrenalina e, portanto, não causam taquicardia reflexa.

Opções primárias

terazosina: 1 mg por via oral uma vez ao dia ao deitar, aumentar gradualmente de acordo com a resposta, máximo de 20 mg/dia em 1-2 doses fracionadas

ou

doxazosina: 1 mg por via oral uma vez ao dia ao deitar, aumentar gradualmente de acordo com a resposta, máximo de 16 mg/dia

ou

prazosina: 1 mg por via oral duas a três vezes ao dia, aumentar gradualmente de acordo com a resposta, máximo de 20 mg/dia

ou

fenoxibenzamina: 10 mg por via oral uma vez ao dia inicialmente, aumentar gradualmente de acordo com a resposta, máximo de 120 mg/dia em 2-3 doses fracionadas

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associado a – 

betabloqueador (após bloqueio alfa)

Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado

A principal função dos betabloqueadores é prevenir taquicardia e arritmias. Os agentes mais usados são os beta-1 seletivos, como atenolol e metoprolol.

Os betabloqueadores só devem ser usados depois de se obter o bloqueio alfa adequado no pré-operatório, pois podem causar estimulação de receptores alfa sem oposição, ocasionando vasoconstrição e uma possível crise hipertensiva.

Os efeitos adversos são bradicardia, broncoespasmo, hipotensão e vasoconstrição. Desta forma, é preciso cautela ao iniciar o uso desses agentes em pacientes com asma, cardiomiopatias (esta é particularmente importante, pois a cardiomiopatia é uma complicação da exposição prolongada a catecolaminas), insuficiência cardíaca ou anormalidades da condução atrioventricular (AV) em uso de betabloqueadores.

Opções primárias

atenolol: 25-100 mg por via oral uma vez ao dia

ou

metoprolol: 50 mg por via oral (liberação imediata) duas vezes ao dia inicialmente, aumentar de acordo com a resposta, máximo de 450 mg/dia

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associado a – 

hidratação e dieta rica em sal (>5 g por dia)

Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado

Hidratação e uma dieta rica em sal (>5 g/dia) são prescritas por 7-14 dias (ou até que o paciente fique estável) para compensar os efeitos da contração do volume sanguíneo induzida pelas catecolaminas, que é associada ao bloqueio alfa.[43]

Todos os pacientes devem ter o volume sanguíneo expandido com solução salina isotônica. Em pacientes cirúrgicos, a hipotensão pós-operatória pode ser evitada com terapia adequada de reposição de fluidos intravenosos no pré-operatório.

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bloqueador dos canais de cálcio ou metirosina

Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado

Bloqueadores dos canais de cálcio di-hidropiridínicos podem suplementar o bloqueio alfa, caso seja necessário o controle adicional da pressão arterial.[43] A monoterapia com bloqueadores dos canais de cálcio di-hidropiridínicos não é recomendada, mas pode ser uma opção se o paciente não tolerar o bloqueio alfa.[2][43]​​ Nifedipino e anlodipino são os bloqueadores dos canais de cálcio mais comumente recomendados para controle perioperatório da PA nos casos de feocromocitoma.[2]

Os bloqueadores dos canais de cálcio diminuem a PA, relaxando o músculo liso nas artérias periféricas. Isso é obtido pela inibição da liberação mediada por noradrenalina do cálcio intracelular no músculo liso vascular.

Eles não causam hipertensão ortostática e, desta forma, exercem um papel importante em pacientes com hipertensão episódica.

A metirosina pode ser usada em conjunto com o bloqueio alfa para estabilizar a pressão arterial. A metirosina, um inibidor da tirosina hidroxilase, inibe a síntese de catecolamina. Em pacientes com feocromocitomas, a metirosina pode reduzir de 35% a 80% a biossíntese das catecolaminas.[65] Isso é particularmente útil em pacientes com níveis muito altos de catecolaminas circulantes, o que pode ser citotóxico para as células miocárdicas.

A metirosina deve ser iniciada 2 semanas antes da cirurgia. Também pode ser usada quando a cirurgia é contraindicada.

Os efeitos adversos da metirosina, quase sempre, limitam o uso desse medicamento e incluem cristalúria, fadiga, diarreia, depressão, pesadelos e sinais extrapiramidais.[88] Os pacientes devem ser instruídos a manter uma ingestão de fluidos adequada para evitar a cristalúria causada pela metirosina.

Opções primárias

nifedipino: 30-60 mg por via oral (liberação prolongada) uma vez ao dia inicialmente, aumentar gradualmente de acordo com a resposta, máximo de 120 mg/dia

ou

anlodipino: 5-10 mg por via oral uma vez ao dia

Opções secundárias

metirosina: 250 mg por via oral quatro vezes ao dia inicialmente, aumentar em incrementos de 250-500 mg/dia de acordo com a resposta, máximo de 4000 mg/dia

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associado a – 

excisão cirúrgica do tumor

Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado

A hipertensão deve ser controlada primeiramente com anti-hipertensivos.

A hipotensão pós-operatória pode ser evitada com terapia adequada de reposição de fluidos intravenosos no pré-operatório.

As opções de tratamento cirúrgico incluem a adrenalectomia total aberta ou laparoscópica, a adrenalectomia parcial ou com preservação da glândula adrenal.

Há evidências que favorecem a adrenalectomia com preservação cortical em pacientes com feocromocitomas hereditários.[2][69]​ Esse método pode evitar a necessidade de corticoterapia vitalícia; no entanto, é necessário um monitoramento pós-operatório dos pacientes quanto à recorrência local.[86]

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associado a – 

citorredução cirúrgica

Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado

Como na doença benigna, a remoção/citorredução cirúrgica para melhorar os sintomas é a terapia primária; no entanto, o procedimento pode não ser viável se o tumor apresentar disseminação local extensa ou metastática.[75]

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quimioterapia pós-cirúrgica

Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado

A quimioterapia é administrada a todos os pacientes com doença metastática após cirurgia.[60] Candidatos não cirúrgico com feocromocitoma metastático também podem receber quimioterapia. Geralmente, os esquemas de quimioterapia consistem em ciclofosfamida, vincristina e dacarbazina.[43][60][76]

Temozolomida, um medicamento alquilante e uma alternativa à dacarbazina, pode ser usada como monoterapia ou em combinação com outros medicamentos antineoplásicos em pacientes com feocromocitomas malignos e mutações de SDHB.[77][78]

Consulte o protocolo clínico e de diretrizes terapêuticas local para obter mais informações sobre dosagens.

Opções primárias

ciclofosfamida

e

vincristina

e

dacarbazina

Opções secundárias

temozolomida

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iobenguano I-131, radioterapia ou terapia ablativa

Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado

Pode ser necessário um tratamento adicional em pacientes com tumor residual, como doença metastática ou multifocal.[81]

O radiofarmacêutico iobenguano I-131 MIBG (também conhecido como metaiodobenzilguanidina [MIBG] I-131) poderá ser considerado se o resultado da cintilografia com I-123 MIBG for positivo.[43]

Consulte o protocolo clínico e de diretrizes terapêuticas local para obter mais informações sobre dosagens.

Metástases ósseas dolorosas podem ser tratadas com radioterapia por feixe externo.[79]

A ablação por radiofrequência das metástases hepáticas e ósseas também pode ser eficaz.[60][80]

Opções primárias

iobenguano I 131

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Considerar – 

inscrição em ensaio clínico

Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado

Em casos de feocromocitomas malignos refratários à radioterapia e quimioterapia, sugere-se a inscrição em um ensaio clínico, e outras opções de tratamento, como inibidores de tirosina quinase (por exemplo, sunitinibe), terapia com radionuclídeo para receptor de peptídeo (lutécio Lu 177 dotatate, também conhecido como 177Lu-DOTATATE), imunoterapia (por exemplo, pembrolizumabe) e inibidores do fator 2 alfa induzível por hipóxia (por exemplo, belzutifan) devem ser considerados caso a caso.[27][43][83][84]

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associado a – 

tratamento clínico contínuo

Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado

Pacientes com tumores benignos, que não podem se submeter à cirurgia (por exemplo, devido a um alto risco cirúrgico decorrente de insuficiência cardíaca) devem receber controle de longo prazo da PA com alfa e betabloqueadores, além de bloqueadores dos canais de cálcio, se necessário. A metirosina é uma opção de segunda escolha para controle da hipertensão.

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iobenguano I-131

Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado

O iobenguano I-131 MIBG (também conhecido como metaiodobenzilguanidina [MIBG] I-131) poderá ser considerado em pacientes sintomáticos com tumor irressecável se o resultado da cintilografia com I-123 MIBG for positivo.[43][81]

Consulte o protocolo clínico e de diretrizes terapêuticas local para obter mais informações sobre dosagens.

Opções primárias

iobenguano I 131

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associado a – 

tratamento clínico contínuo + quimioterapia

Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado

Pacientes sintomáticos com disseminação local extensa ou metastática devem receber controle de longo prazo da PA por meio de alfa e betabloqueadores, além de bloqueadores dos canais de cálcio, se necessário. A metirosina é uma opção de segunda escolha para controle da hipertensão.

Além disso, esquemas de quimioterapia (geralmente, consistindo em ciclofosfamida, vincristina e dacarbazina) devem ser administrados.[76] Temozolomida é um medicamento alquilante e uma alternativa à dacarbazina, que pode ser usada como monoterapia ou em combinação com outros medicamentos antitumorais em pacientes com feocromocitomas malignos e mutações de SDHB.[77][78]​Consulte o protocolo clínico e de diretrizes terapêuticas local para obter mais informações sobre dosagens.

Opções primárias

ciclofosfamida

e

vincristina

e

dacarbazina

Opções secundárias

temozolomida

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iobenguano I-131, radioterapia ou terapia ablativa

Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado

O iobenguano I-131 MIBG (também conhecido como metaiodobenzilguanidina [MIBG] I-131) poderá ser considerado em pacientes sintomáticos com ampla disseminação local ou metastática se o resultado da cintilografia com I-123 MIBG for positivo.[60][43]​​[81][89][90] Consulte o protocolo clínico e de diretrizes terapêuticas local para obter mais informações sobre dosagens.

Metástases ósseas dolorosas podem ser tratadas com radioterapia por feixe externo.[79]

A ablação por radiofrequência das metástases hepáticas e ósseas também pode ser eficaz.[60][80]

Opções primárias

iobenguano I 131

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inscrição em ensaio clínico

Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado

Em casos de feocromocitomas malignos refratários à radioterapia e quimioterapia, sugere-se a inscrição em um ensaio clínico, e outras opções de tratamento, como inibidores de tirosina quinase (por exemplo, sunitinibe), terapia com radionuclídeo para receptor de peptídeo (lutécio Lu 177 dotatate, também conhecido como 177Lu-DOTATATE), imunoterapia (por exemplo, pembrolizumabe) e inibidores do fator 2 alfa induzível por hipóxia (por exemplo, belzutifan) devem ser considerados caso a caso.[27][43][83][84]

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