Algoritmo de tratamento

Observe que as formulações/vias e doses podem diferir entre nomes e marcas de medicamentos, formulários de medicamentos ou localidades. As recomendações de tratamento são específicas para os grupos de pacientes:ver aviso legal

AGUDA

todos os pacientes

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modificações alimentares e de estilo de vida

Todos os pacientes devem ser instruídos sobre modificações alimentares e de estilo de vida. Os pacientes devem ser aconselhados a restringir a ingestão de sal a 1500 a 2300 mg/dia, pois acredita-se que isso previna a retenção de água relacionada ao sódio e a sua redistribuição para o sistema endolinfático.[21][50]​​​ Apesar de não existirem ensaios clínicos randomizados e controlados para documentar os benefícios de uma dieta pobre em sal no tratamento da doença de Ménière (DM), os pacientes frequentemente relatam uma exacerbação dos sintomas ou até mesmo a precipitação de um ataque após uma refeição salgada.[50][51]

Limitar a ingestão de cafeína, reduzir o consumo de bebidas alcoólicas, abandonar o tabagismo e gerenciar o estresse também são aconselháveis, já que esses fatores podem desencadear um ataque. No entanto, não há evidências de ensaios clínicos randomizados e controlados para corroborar ou refutar a restrição de ingestão de sal, cafeína ou bebidas alcoólicas nos pacientes com DM.[51][52]

Tais mudanças alimentares podem ser o único tratamento necessário nos estágios iniciais da doença.

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diuréticos

Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado

Acredita-se que os diuréticos reduzem o volume da endolinfa e possam ser oferecidos para terapia de manutenção.[21][53]

Os diuréticos mais comumente usados no tratamento da DM são tiazidas com ou sem diuréticos poupadores de potássio (por exemplo, hidroclorotiazida/triantereno) e acetazolamida.[21]

Se o paciente permanecer sem sintomas por 6 meses, os diuréticos podem ser gradativamente reduzidos e reiniciados se necessário. Se não houver resposta, um diurético alternativo deverá ser prescrito ao paciente. Esses medicamentos não devem ser utilizados em pacientes com reação suspeita ou conhecida a sulfonamidas.

A evidência da eficácia dos diuréticos na DM é controversa, e faltam evidências diretas na literatura de sua eficácia na evolução da doença.​[2]​ No entanto, os diuréticos ainda são considerados por muitos médicos o tratamento de primeira linha em todos os pacientes com DM.

Opções primárias

triantereno/hidroclorotiazida: 37.5 mg (triantereno)/25 mg (hidroclorotiazida) por via oral uma vez ao dia

-- OU --

acetazolamida: 250 mg por via oral (liberação regular) duas vezes ao dia

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supressor vestibular, antiemético ou corticosteroide

Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado

Os sintomas de episódios de vertigem agudos e individuais podem ser tratados com supressores vestibulares e antieméticos. Entretanto, muito do efeito vem da ação sedativa desses medicamentos.

Faltam ensaios clínicos randomizados e controlados na literatura que avaliem os efeitos desses medicamentos em ataques agudos de doença de Ménière (DM).

Os tratamentos comumente usados incluem anti-histamínicos (por exemplo, dimenidrinato, prometazina), benzodiazepínicos (por exemplo, diazepam) e fenotiazinas (por exemplo, proclorperazina).[55] Diazepam só deve ser usado em ataques agudos.[21] Ele deve ser prescrito em doses baixas sempre que possível e a prescrição de longo prazo deve ser evitada devido ao risco de dependência. A proclorperazina é o tratamento de segunda linha para os pacientes com náusea refratária.

Os corticosteroides orais podem ser usados para tratar os ataques agudos de vertigem, especialmente quando estes forem acompanhados de perda auditiva aguda e de zumbido. Eles são amplamente utilizados por causa de suas propriedades anti-inflamatórias, apesar de nenhum ensaio clínico randomizado e controlado estar disponível para avaliar sua eficácia na DM.[58] A dose, as indicações e a duração do uso de corticosteroides variam na literatura. Os corticosteroides orais têm efeitos adversos bem conhecidos mas são frequentemente tolerados em tal dose e a curto prazo.

Opções primárias

meclozina: 12.5 a 25 mg por via oral a cada 6 horas quando necessário

ou

dimenidrinato: 50 mg por via oral a cada 4-6 horas quando necessário

ou

prometazina: 12.5 a 25 mg por via oral/retal a cada 4-6 horas quando necessário

Opções secundárias

diazepam: 2-10 mg por via oral a cada 4-6 horas quando necessário

ou

proclorperazina: 5-10 mg por via oral a cada 6-8 horas quando necessário

ou

proclorperazina retal: 25 mg por via retal duas vezes ao dia quando necessário

Opções terciárias

prednisolona: 20 mg por via oral três vezes ao dia por 2-3 semanas; depois, diminuir gradualmente

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injeção por via intratimpânica

Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado

Corticosteroides por via intratimpânica: existe uma grande variação na dose utilizada, na frequência da administração e no método de aplicação na literatura. Pode ocorrer uma perfuração da membrana timpânica e infecção.

Gentamicina intratimpânica: a gentamicina (um antibiótico aminoglicosídeo) destrói preferencialmente o labirinto vestibular quando injetada na orelha média, resultando em labirintectomia química. Em um ensaio clínico prospectivo, duplo cego, randomizado e controlado por placebo o tratamento com gentamicina intratimpânica revelou um escore reduzido da gravidade da vertigem e da percepção da plenitude aural no grupo de tratamento.[76] Evidências sugerem que injeções intratimpânicas de gentamicina melhoram os sintomas de vertigem, são bem toleradas e têm baixa incidência de perda auditiva grave.[21]​ No entanto, duas revisões sistemáticas realizadas em 2023 constataram que a eficácia da gentamicina intratimpânica e de injeções de corticosteroides no tratamento de pacientes com DM não está clara, devido à incerteza das evidências disponíveis.[77][78]

Opções primárias

fosfato sódico de dexametasona: consulte um especialista para obter orientação quanto à dose intratimpânica

ou

succinato sódico de metilprednisolona: consulte um especialista para obter orientação quanto à dose intratimpânica

ou

gentamicina: consulte um especialista para obter orientação quanto à dose intratimpânica

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terapia não farmacológica

Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado

Os pacientes com zumbido intenso e intratável podem receber alívio com várias modalidades, como mascaramento do zumbido, terapia de retreinamento do zumbido (TRT), próteses auditivas, medicamentos, biofeedback e neuromonics.[65]

O mascaramento do zumbido (geradores de ruídos brancos) é realizado através de dispositivos similares às próteses auditivas que se encaixam atrás da orelha. Eles produzem um ruído externo suave que distrai o paciente do barulho do zumbido interno. Em uma forma de mascaramento do zumbido, o nível do mascaramento é aumentado até que o zumbido do próprio paciente fique inaudível. Na TRT, o mascaramento permanece audível junto com o zumbido do paciente, que aprende a ajustar o nível de mascaramento sonoro de acordo com o seu próprio zumbido. Assim, ambos permanecem audíveis em uma situação controlada na qual o paciente aprende a tolerar o seu próprio zumbido ao mesmo tempo em que aceita o mascarador do zumbido.

A TRT consiste em aconselhamento acompanhado de geradores de ruídos brancos. A TRT é o tratamento preferencial, mas pode levar até 18 meses para que os benefícios completos sejam atingidos.[62][63]

Métodos de neuromonics utilizam um estímulo neural personalizado associado a músicas específicas, transmitido através de um programa coordenado para interagir com, interromper e dessensibilizar a perturbação do zumbido para benefício em longo prazo.[64][65][66]

As próteses auditivas podem ajudar no mascaramento do zumbido.

Técnicas de biofeedback representam uma tentativa de diminuir a ansiedade que está associada ao zumbido. Isso pode ser alcançado através de técnicas de relaxamento, da hipnose e de terapia cognitivo-comportamental.

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antidepressivo ou benzodiazepínico

Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado

Medicamentos como antidepressivos (por exemplo, amitriptilina) e benzodiazepínicos (por exemplo, alprazolam) podem ajudar os pacientes com zumbido intratável, mas eles estão associados a efeitos adversos.[67] Esses medicamentos devem ser usados apenas se os tratamentos não farmacológicos não tiverem sucesso e se o zumbido debilitante persistir.

Opções primárias

amitriptilina: 25-75 mg/dia por via oral administrados em 1-3 doses fracionadas

ou

alprazolam: 0.25 a 0.5 mg por via oral (liberação imediata) três vezes ao dia

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associado a – 

corticosteroides

Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado

A dose, a indicação e a duração do uso de corticosteroides orais varia na literatura. Os corticosteroides orais têm efeitos adversos bem conhecidos mas são frequentemente tolerados em tal dose e a curto prazo.

Os corticosteroides por via intratimpânica são usados em pacientes com a DM nos quais os corticosteroides sistêmicos sejam contraindicados, ou em pacientes que não responderem a corticosteroides orais. Existe uma grande variação na literatura quanto à dose utilizada, à frequência da administração e ao método de aplicação. Pode ocorrer uma perfuração da membrana timpânica e uma infecção.

Opções primárias

prednisolona: 20 mg por via oral três vezes ao dia por 2-3 semanas; depois, diminuir gradualmente

Opções secundárias

fosfato sódico de dexametasona: consulte um especialista para obter orientação quanto à dose intratimpânica

ou

succinato sódico de metilprednisolona: consulte um especialista para obter orientação quanto à dose intratimpânica

CONTÍNUA

perda auditiva persistente

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amplificação (prótese auditiva) ou dispositivo de audição assistida

Devido à dramática variação da audição nesses pacientes, é essencial que eles tenham acesso a especialistas em audiologia para a reprogramação de suas próteses auditivas. O uso de instrumentos que incorporam algoritmos para melhorar o reconhecimento de palavras em ambientes barulhentos também é essencial.

A amplificação através do uso de próteses auditivas totalmente digitais com um sistema de circuitos variáveis e ajustáveis digitalmente deve ser avaliada. A visão tradicional que sustenta que a amplificação não funciona em pacientes com a DM não se baseia na experiência com a amplificação moderna.

Novas formas de microfones direcionais, sistemas de circuitos de processamento digital de sinais e tecnologia wireless podem proporcionar benefícios significativos e ajudar os pacientes com a DM a ouvir melhor em ambientes com ruído competitivo.[68]

Os dispositivos de audição assistida são uma forma de amplificação para aqueles com dificuldades situacionais de audição e que não estão aptos ou dispostos a usar próteses auditivas pessoais.

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aconselhamento audiológico intensivo de alta qualidade

Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado

O aconselhamento audiológico intensivo de alta qualidade é necessário para os pacientes com a DM que estão se adaptando ou em fase de aceitação da amplificação.

falha das terapias medicamentosa e intratimpânica; audição adequada

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cirurgia do saco endolinfático

Um procedimento não destrutivo que consiste na descompressão do saco endolinfático do osso sobrejacente e na drenagem da endolinfa. Isso mantém o neuroepitélio vestibular e a sua inervação.

Diminui a pressão endolinfática e aborda as disfunções coclear e vestibular.

Seu papel na DM é controverso, com estudos que mostram a resolução da vertigem em 90% dos casos​​​ e outros que demonstram que ela não é mais efetiva que placebo,​​ ou que não há evidências suficientes sobre o efeito benéfico da cirurgia do saco endolinfático (CSE) na DM.[7][83][84][85][86][87][88]​ Uma busca sistemática na literatura e metanálise de 2023 revelou uma escassez de estudos sobre esse procedimento cirúrgico, indicando que a cirurgia do saco endolinfático (CSE) pode ser um tratamento benéfico para os pacientes com DM.[88]​ No entanto, são necessários estudos adicionais para se alcançar um melhor entendimento sobre a eficácia da cirurgia do saco endolinfático (CSE) para o tratamento de DM.

A cirurgia do saco endolinfático carrega um risco de perda auditiva em até 2% dos pacientes.[92] Outras complicações potenciais desse procedimento incluem o sangramento do seio sigmoide e o vazamento de líquido cefalorraquidiano.

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secção do nervo vestibular

Nesse procedimento, a porção vestibular do oitavo nervo craniano (NC VIII) é seletivamente seccionada e a sua porção coclear permanece intacta; portanto, essa é potencialmente uma abordagem de conservação da audição. Isso previne que o estímulo aferente vestibular alcance o cérebro.

Isso não altera a fisiopatologia da DM, mas proporciona alívio da vertigem, seu sintoma mais perturbador. Ela deve ser evitada na DM bilateral; pois de contrário, a oscilopsia (percepção de oscilação do campo visual ao andar) e o desequilíbrio permanente podem ocorrer.

A compensação central após a secção do nervo vestibular é crucial para a recuperação pós-operatória do equilíbrio. Doenças do sistema nervoso central como disfunção cerebelar, esclerose múltipla, envelhecimento fisiológico e condição clínica inadequada são contraindicações relativas para a secção do nervo vestibular.

As taxas de controle da vertigem atingem até 90% com a secção do nervo vestibular.[93][94] A vertigem persistente ou recorrente após a secção do nervo vestibular pode ser tratada com gentamicina por via intratimpânica.

As complicações potenciais são incomuns e incluem perda auditiva, paralisia do nervo facial, vazamento de líquido cefalorraquidiano e cefaleia.[93]

falha das terapias medicamentosa e intratimpânica; audição gravemente prejudicada

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labirintectomia

Envolve a remoção cirúrgica do neuroepitélio da orelha interna na tentativa de eliminar a vertigem.

A perda auditiva é inevitável com esse procedimento, que deve ser usado apenas em pacientes com audição não aproveitável. Evitada em pacientes com a doença bilateral, já que a perda bilateral do input vestibular para o cérebro pode resultar em oscilopsia (percepção de oscilação do campo visual ao andar) e em desequilíbrio permanente.

A compensação central após uma labirintectomia é importante para a recuperação do equilíbrio, e a terapia de reabilitação vestibular após a cirurgia pode ajudar a acelerar a recuperação. Doenças do sistema nervoso central, idade avançada e uma variedade de condições clínicas significativas podem impedir a compensação central após a cirurgia e esses pacientes não são, portanto, bons candidatos à labirintectomia.

Taxas de controle da vertigem de até 97% foram relatadas.[95]

As complicações da labirintectomia incluem a lesão do nervo facial (2%) e o vazamento de líquido cefalorraquidiano em 3% dos casos.[96]

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