Em países de alta renda, onde a Shigella sonnei é mais endêmica, a Shigella geralmente se apresenta como uma doença leve e autolimitada.[1]Center for Disease Control and Prevention. CDC Yellow Book 2024: health information for international travel. Section 5: travel-associated infections & diseases - shigellosis. Jun 2023 [internet publication].
https://wwwnc.cdc.gov/travel/yellowbook/2024/infections-diseases/shigellosis
Auxílio médico nem sempre é procurado, mas a confirmação da suspeita diagnóstica geralmente é feita com base em coproculturas.[5]Gastrointestinal infections and food poisoning. In: Bannister BA, Gillespie SH, Jones J. Infection: microbiology and management. 3rd ed. Oxford, UK: Blackwell Publishing Ltd.; 2006:167-201.A S flexneri causa uma doença mais grave e é mais endêmica em países de renda baixa e média.
História e exame clínico
Os principais fatores de risco incluem a exposição a água ou alimentos contaminados, contato fecal-oral direto, idade <5 anos, desnutrição, falta de higiene e condições precárias, e viagens para áreas endêmicas.[3]Centers for Disease Control and Prevention (CDC). National Shigella surveillance: Shigella Annual Report, 2016. 21 May 2018 [internet publication].
http://www.cdc.gov/nationalsurveillance/shigella-surveillance.html
[4]Kotloff KL, Winickoff JP, Ivanoff B, et al. Global burden of Shigella infections: implications for vaccine development and implementation of control strategies. Bull World Health Organ. 1999;77(8):651-66.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2557719/pdf/10516787.pdf
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10516787?tool=bestpractice.com
[5]Gastrointestinal infections and food poisoning. In: Bannister BA, Gillespie SH, Jones J. Infection: microbiology and management. 3rd ed. Oxford, UK: Blackwell Publishing Ltd.; 2006:167-201.[6]Kotloff KL, Riddle MS, Platts-Mills JA, et al. Shigellosis. Lancet. 2018 Feb 24;391(10122):801-12.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29254859?tool=bestpractice.com
[11]Schroeder GN, Hilbi H. Molecular pathogenesis of Shigella spp.: controlling host cell signaling, invasion, and death by type III secretion. Clin Microbiol Rev. 2008 Jan;21(1):134-56.
http://cmr.asm.org/content/21/1/134.full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18202440?tool=bestpractice.com
[16]World Health Organization. Guidelines for the control of shigellosis, including epidemics due to Shigella dysenteriae type 1. 2005 [internet publication].
http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/43252/1/924159330X.pdf
[17]King CK, Glass R, Bresee JS, et al. Managing acute gastroenteritis among children: oral rehydration, maintenance, and nutritional therapy. MMWR Recomm Rep. 2003 Nov 21;52(RR-16):1-16.
http://www.cdc.gov/mmwr/preview/mmwrhtml/rr5216a1.htm
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14627948?tool=bestpractice.com
A doença diarreica começa cerca de 1-2 dias após a exposição.[1]Center for Disease Control and Prevention. CDC Yellow Book 2024: health information for international travel. Section 5: travel-associated infections & diseases - shigellosis. Jun 2023 [internet publication].
https://wwwnc.cdc.gov/travel/yellowbook/2024/infections-diseases/shigellosis
A diarreia pode inicialmente ser aquosa e profusa, mas como a origem é principalmente no cólon, ela tende a ser de baixo volume.[5]Gastrointestinal infections and food poisoning. In: Bannister BA, Gillespie SH, Jones J. Infection: microbiology and management. 3rd ed. Oxford, UK: Blackwell Publishing Ltd.; 2006:167-201. Pode haver sangue visível nas fezes.[24]Shane AL, Mody RK, Crump JA, et al. 2017 Infectious Diseases Society of America clinical practice guidelines for the diagnosis and management of infectious diarrhea. Clin Infect Dis. 2017 Nov 29;65(12):e45-80.
https://academic.oup.com/cid/article/65/12/e45/4557073
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29053792?tool=bestpractice.com
Cólicas abdominais, febre e tenesmo são comuns. Embora raro, crianças pequenas podem sofrer convulsões.[25]Centers for Disease Control and Prevention. Information for healthcare professionals: shigella-shigellosis. Dec 2023 [internet publication].
https://www.cdc.gov/shigella/audience-medical-professionals.html
Vômito é incomum.[24]Shane AL, Mody RK, Crump JA, et al. 2017 Infectious Diseases Society of America clinical practice guidelines for the diagnosis and management of infectious diarrhea. Clin Infect Dis. 2017 Nov 29;65(12):e45-80.
https://academic.oup.com/cid/article/65/12/e45/4557073
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29053792?tool=bestpractice.com
A Shigella dysenteriae e a S flexneri geralmente causam uma doença mais grave, com febre e agravamento da diarreia hemorrágica com muco. Meningismo ou outros sinais de alteração do estado neurológico podem indicar encefalopatia induzida por Shigella.
O exame clínico pode revelar sinais de depleção de volume por causa da ingestão oral insuficiente; comer ou beber parece piorar a dor abdominal do tipo cólica.[5]Gastrointestinal infections and food poisoning. In: Bannister BA, Gillespie SH, Jones J. Infection: microbiology and management. 3rd ed. Oxford, UK: Blackwell Publishing Ltd.; 2006:167-201. Desconforto abdominal inferior pode estar presente, juntamente com ruídos hidroaéreos normais ou aumentados. A dilatação tóxica do cólon deve ser considerada, pois a Shigella pode causar colite grave.
A síndrome hemolítico-urêmica (SHU) é uma complicação grave. Achados clínicos em crianças, como sonolência (devido à anemia) ou fraldas secas (devido à anuria), deve levantar a suspeita. A microscopia das fezes e a coprocultura são exames de primeira linha importantes para determinar a causa da SHU, a fim de orientar o tratamento.
Exames de fezes
A shigelose é diagnosticada com base na história, nos elementos clínicos e nas coproculturas. O processo da coprocultura é gradual. A amostra fecal é suspensa em agar MacConkey para identificar não fermentadores de lactose, como as espécies de Shigella.[5]Gastrointestinal infections and food poisoning. In: Bannister BA, Gillespie SH, Jones J. Infection: microbiology and management. 3rd ed. Oxford, UK: Blackwell Publishing Ltd.; 2006:167-201. Meios mais seletivos são então utilizados, após os quais a aglutinação em lâmina com antissoros da Shigella indica a probabilidade de shigelose. Testes de rastreamento bioquímicos confirmam as espécies se forem encontradas espécies não fermentadoras de lactose que possam, supostamente, ser Shigella com base em culturas de meios seletivos e aglutinação em lâmina.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Exsudatos de fezes em um paciente com infecção por ShigellaCDC [Citation ends].
A Shigella é uma doença de notificação compulsória, e os laboratórios locais devem relatar os casos confirmados aos departamentos ou autoridades de saúde pública correspondentes.
CDC: national notifiable infectious diseases surveillance system
Opens in new window[16]World Health Organization. Guidelines for the control of shigellosis, including epidemics due to Shigella dysenteriae type 1. 2005 [internet publication].
http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/43252/1/924159330X.pdf
[24]Shane AL, Mody RK, Crump JA, et al. 2017 Infectious Diseases Society of America clinical practice guidelines for the diagnosis and management of infectious diarrhea. Clin Infect Dis. 2017 Nov 29;65(12):e45-80.
https://academic.oup.com/cid/article/65/12/e45/4557073
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29053792?tool=bestpractice.com
[26]Public Health England. Notifiable diseases and causative organisms: how to report. 26 October 2020 [internet publication].
https://www.gov.uk/guidance/notifiable-diseases-and-causative-organisms-how-to-report#list-of-notifiable-diseases
A sorotipagem é útil para a vigilância de doenças e saúde pública.[3]Centers for Disease Control and Prevention (CDC). National Shigella surveillance: Shigella Annual Report, 2016. 21 May 2018 [internet publication].
http://www.cdc.gov/nationalsurveillance/shigella-surveillance.html
[16]World Health Organization. Guidelines for the control of shigellosis, including epidemics due to Shigella dysenteriae type 1. 2005 [internet publication].
http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/43252/1/924159330X.pdf
Outros exames laboratoriais e de imagem
Shigelose pode causar leucocitose, especialmente nas formas mais graves.[5]Gastrointestinal infections and food poisoning. In: Bannister BA, Gillespie SH, Jones J. Infection: microbiology and management. 3rd ed. Oxford, UK: Blackwell Publishing Ltd.; 2006:167-201. A depleção de volume pode ser evidente com o aumento dos níveis de ureia sérica e hematócrito. É importante que a síndrome hemolítico-urêmica (SHU) não seja esquecida.[27]Wong CS, Jelacic S, Habeeb RL, et al. The risk of the hemolytic-uremic syndrome after antibiotic treatment of Escherichia coli O157:H7 infections. N Engl J Med. 2000 Jun 29;342(26):1930-6.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10874060?tool=bestpractice.com
Portanto, exames laboratoriais, como o esfregaço de sangue (mostrando fragmentócitos), podem ser úteis para procurar essa grave complicação.
Radiografias abdominais podem ser úteis se houver suspeita de dilatação tóxica. Na maioria dos casos, contudo, não são necessárias, uma vez que a shigelose se apresenta frequentemente como uma doença leve e autolimitada em países de renda elevada. A sigmoidoscopia flexível geralmente não é necessária a menos que a doença inflamatória intestinal idiopática seja uma forte suspeita diferencial.[28]Murphy MS. Management of bloody diarrhoea in children in primary care. BMJ. 2008 May 3;336(7651):1010-5.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2364807
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18456632?tool=bestpractice.com