Abordagem

Em países de alta renda, onde a Shigella sonnei é mais endêmica, a Shigella geralmente se apresenta como uma doença leve e autolimitada.[1]​ Auxílio médico nem sempre é procurado, mas a confirmação da suspeita diagnóstica geralmente é feita com base em coproculturas.[5]A S flexneri causa uma doença mais grave e é mais endêmica em países de renda baixa e média.

História e exame clínico

Os principais fatores de risco incluem a exposição a água ou alimentos contaminados, contato fecal-oral direto, idade <5 anos, desnutrição, falta de higiene e condições precárias, e viagens para áreas endêmicas.[3][4][5]​​​[6][11][16][17]​​​​​​​

A doença diarreica começa cerca de 1-2 dias após a exposição.[1]​ A diarreia pode inicialmente ser aquosa e profusa, mas como a origem é principalmente no cólon, ela tende a ser de baixo volume.[5]​ Pode haver sangue visível nas fezes.[24]​ Cólicas abdominais, febre e tenesmo são comuns. Embora raro, crianças pequenas podem sofrer convulsões.[25]​ Vômito é incomum.[24]​ A Shigella dysenteriae e a S flexneri geralmente causam uma doença mais grave, com febre e agravamento da diarreia hemorrágica com muco. Meningismo ou outros sinais de alteração do estado neurológico podem indicar encefalopatia induzida por Shigella.

O exame clínico pode revelar sinais de depleção de volume por causa da ingestão oral insuficiente; comer ou beber parece piorar a dor abdominal do tipo cólica.[5] Desconforto abdominal inferior pode estar presente, juntamente com ruídos hidroaéreos normais ou aumentados. A dilatação tóxica do cólon deve ser considerada, pois a Shigella pode causar colite grave.

A síndrome hemolítico-urêmica (SHU) é uma complicação grave. Achados clínicos em crianças, como sonolência (devido à anemia) ou fraldas secas (devido à anuria), deve levantar a suspeita. A microscopia das fezes e a coprocultura são exames de primeira linha importantes para determinar a causa da SHU, a fim de orientar o tratamento.

Exames de fezes

A shigelose é diagnosticada com base na história, nos elementos clínicos e nas coproculturas. O processo da coprocultura é gradual. A amostra fecal é suspensa em agar MacConkey para identificar não fermentadores de lactose, como as espécies de Shigella.[5] Meios mais seletivos são então utilizados, após os quais a aglutinação em lâmina com antissoros da Shigella indica a probabilidade de shigelose. Testes de rastreamento bioquímicos confirmam as espécies se forem encontradas espécies não fermentadoras de lactose que possam, supostamente, ser Shigella com base em culturas de meios seletivos e aglutinação em lâmina.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Exsudatos de fezes em um paciente com infecção por ShigellaCDC [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@644f8f9a

A Shigella é uma doença de notificação compulsória, e os laboratórios locais devem relatar os casos confirmados aos departamentos ou autoridades de saúde pública correspondentes. CDC: national notifiable infectious diseases surveillance system Opens in new window[16][24][26] A sorotipagem é útil para a vigilância de doenças e saúde pública.[3][16]

Outros exames laboratoriais e de imagem

Shigelose pode causar leucocitose, especialmente nas formas mais graves.[5] A depleção de volume pode ser evidente com o aumento dos níveis de ureia sérica e hematócrito. É importante que a síndrome hemolítico-urêmica (SHU) não seja esquecida.[27] Portanto, exames laboratoriais, como o esfregaço de sangue (mostrando fragmentócitos), podem ser úteis para procurar essa grave complicação.

Radiografias abdominais podem ser úteis se houver suspeita de dilatação tóxica. Na maioria dos casos, contudo, não são necessárias, uma vez que a shigelose se apresenta frequentemente como uma doença leve e autolimitada em países de renda elevada. A sigmoidoscopia flexível geralmente não é necessária a menos que a doença inflamatória intestinal idiopática seja uma forte suspeita diferencial.[28]

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