Etiologia
As espécies de Yersinia são bactérias cocobacilos gram-negativas da família Enterobacteriaceae.
A peste é causada pela infecção pela bactéria Gram-negativa Yersinia pestis. Vários pequenos mamíferos, incluindo ratos, esquilos, gatos e coelhos, mantêm um reservatório natural. A infecção é transmitida aos humanos e entre animais por meio de picadas de pulgas. É incomum a peste pneumônica primária resultante da inalação de gotículas contaminadas com a peste, oriundas de uma pessoa ou animal infectado.[7]
A Yersinia enterocolitica pode ser encontrada em todo o mundo em animais selvagens e domesticados, e em várias fontes ambientais, incluindo a água. A infecção ocorre pela ingestão de alimentos ou de água contaminada. O organismo pode se desenvolver em uma temperatura de 39 °F (4 °C). Carnes refrigeradas são uma fonte potencial.[19] Casos secundários podem ocorrer em domicílios afetados como resultado de uma transmissão fecal-oral.
A infecção por Y pseudotuberculosis é a menos comum das infecções por Yersinia. Os reservatórios animais incluem uma variedade de aves e mamíferos.[3][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Uma pulga fêmea, Xenopsylla cheopis, também conhecida como pulga do ratoDo acervo de imagens dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC); usado com permissão [Citation ends].
Fisiopatologia
Acredita-se que a Yersinia pestis tenha evoluído da Yersinia pseudotuberculosis 10,000 a 40,000 anos atrás, quando adquiriu genes que permitiram a infecção das pulgas. Diferentemente da Y pseudotuberculosis, a Y pestis é capaz de infectar pulgas em grandes números e pode se agregar para bloquear o intestino médio da pulga. As pulgas bloqueadas regurgitam seu conteúdo esofágico e tentam repetidas vezes o repasto sanguíneo, fazendo com que milhares de bacilos sejam inoculados na pele. Os bacilos se multiplicam dentro dos macrófagos e são transportados para os linfonodos regionais. Ocorre a disseminação pelo corpo, e focos de bacilos extracelulares são formados em tecidos.
Todas as espécies de Yersinia produzem sideróforos que permitem que os bacilos sequestrem ferro. A Y pestis expressa genes específicos que permitem que ela sobreviva na pulga, se dissemine e escape do sistema imunológico de seus hospedeiros mamíferos. É necessária uma bacteremia de alta densidade para que a Y pestis seja absorvida e transmitida de forma eficiente por pulgas, e isso pode explicar a alta patogenicidade da Y pestis em relação às espécies enteropatogênicas de Yersinia.[20]
A Y pestis expressa um antígeno F1 (fração 1) tipo cápsula e é um marcador principal de diagnóstico para a detecção da bactéria.[21] Todas as três espécies de Yersinia possuem um sistema de secreção tipo 3 codificado por plasmídeos, que auxilia na sua resistência às defesas do hospedeiro.[22]
O período de incubação dura de 1 a 7 dias.[23]
Classificação
Classificação clínica
Peste bubônica
Representa aproximadamente 80% a 95% de todos os casos mundiais, com taxa de letalidade de 10% a 20%.[1]
Caracterizada pelo início súbito de sintomas sistêmicos e edema doloroso dos linfonodos, possivelmente com áreas necróticas (bubões), que drenam a área da picada da pulga.
Peste septicêmica
Representa aproximadamente 10% a 20% de todos os casos mundiais.[1]
A peste pode se manifestar com características sistêmicas, como febre e hipotensão, mas sem comprometimento clinicamente detectável de linfonodos.
Peste pneumônica
Rara, mas com a maior taxa de letalidade (quase 100%, se não tratada).[1]
A peste pneumônica primária é resultado da transmissão pessoa a pessoa, embora seja rara. O período de incubação é curto (de algumas horas a 2-3 dias). O início dos sintomas é rápido e pode incluir dor torácica pleurítica, hemoptise e dispneia.
A peste pneumônica secundária é resultado da infecção sistêmica.
Peste meníngea
Normalmente ocorre como uma complicação do tratamento tardio ou inadequado de outra forma clínica de peste primária e é caracterizada por febre, rigidez da nuca e confusão.
Peste faríngea
É uma manifestação clínica incomum da peste que ocorre após a inalação ou a ingestão de bacilos da peste. Os nódulos cervicais anteriores geralmente estão inflamados e a inflamação da faringe é comum.
Yersiniose
Esta é uma infecção com as espécies de Yersínia enteropatogênicas: Yersínia enterocolitica e Yersínia pseudotuberculosis. A maioria dos sintomas é restrita ao trato gastrointestinal. A artrite reativa é uma complicação comum.
Pseudotuberculose (febre escarlatina)
Algumas cepas de Y pseudotuberculosis podem causar pseudotuberculose com características clínicas de erupção cutânea eritematosa (geralmente da face, dos cotovelos e dos joelhos), descamação cutânea, exantema, língua hiperêmica e síndrome do choque tóxico. Essa afecção está além do escopo deste tópico.
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