Abordagem

Assim como em outros transtornos de ansiedade, os indivíduos com ansiedade social frequentemente protelam por longos períodos a procura por atendimento médico e psiquiátrico.[40][41] O diagnóstico baseia-se na história autorrelatada do paciente, em entrevista clínica e na observação de comportamento. Em geral, não são necessários achados objetivos baseados no exame físico ou em exames laboratoriais.

História

Todos os pacientes devem satisfazer os seguintes critérios de diagnósticos para o transtorno da ansiedade social:[3]

  • Medo ou ansiedade acentuada em uma ou mais situações sociais ou de desempenho, nas quais a pessoa é exposta a uma possível avaliação por outros. A ansiedade deve ocorrer em situações de interação com colegas, e não apenas na interação com adultos

  • Medo de agir (ou apresentar sintomas de ansiedade) de uma maneira que seja humilhante, constrangedora, que levará à rejeição ou que ofenderá os demais.

  • A exposição à situação social temida quase invariavelmente provoca ansiedade ou um ataque de pânico. Em crianças, o medo ou a ansiedade podem se manifestar como choro, acesso de raiva, paralisia, apego a objetos (clinging), encolhimento ou incapacidade de falar em situações sociais.

  • O medo ou ansiedade é desproporcional ao perigo real da situação e ao contexto sociocultural.

  • Situações sociais ou de desempenho temidas são evitadas ou enfrentadas com ansiedade ou sofrimento intenso.

  • O medo ou a evitação interferem de maneira significativa na rotina, no funcionamento ocupacional ou nas atividades sociais normais da pessoa.

  • A duração dos sintomas deve ser de pelo menos 6 meses (tanto em crianças quanto em adultos).

  • O medo ou a evitação não são decorrentes de efeitos fisiológicos diretos de uma substância ou quadro clínico geral, e não são mais bem explicados por nenhum outro transtorno mental.

  • Se alguma condição médica geral ou outro transtorno mental estiver presente, o transtorno da ansiedade social não está relacionado a eles.

Embora o transtorno da ansiedade social tenda a ter início durante a terceira infância e adolescência, é comum uma história de inibição comportamental, timidez, introversão e ansiedade de separação na infância.[32] Os indivíduos ansiosos tipicamente relatarão que enfrentam a sua ansiedade adotando um comportamento de evitação, buscando segurança em companhias confiáveis ou usando substâncias, as quais provavelmente contribuem para manter os prejuízos ao longo do tempo. O comprometimento funcional nos domínios pessoal, social e ocupacional é comum. A depressão e a ansiedade social estão fortemente correlacionadas.[1] Portanto, os autores deste tópico recomendam o rastreamento dos pacientes que se apresentam com depressão como a preocupação primária para uma história de ansiedade social. É comum uma história de fobias e/ou de ansiedade de separação antes do início da ansiedade social.[32]

Perguntas breves de rastreamento durante a entrevista clínica podem ser úteis para avaliar a presença potencial de transtorno da ansiedade social. Se o indivíduo responder afirmativamente a muitas das perguntas abaixo, considere administrar uma medida padronizada de autorrelato de transtorno da ansiedade social para estabelecer melhor um diagnóstico.

  • Você se sente ansioso ou desconfortável quando está com outras pessoas?

  • Situações sociais fazem com que você frequentemente fique ansioso ou nervoso?

  • Você se preocupa em ser rejeitado, ficar constrangido ou ser criticado pelos outros?

  • De que maneiras essa ansiedade interferiu na sua vida? Você evita situações por causa de sua ansiedade?

  • Você precisa usar álcool ou outras substâncias com frequência para se sentir confortável em situações sociais?

Tipicamente, os pacientes relatam um processamento pós-evento no qual têm a tendência de relembrar os encontros sociais de uma maneira negativa e autocrítica.[24]​ Eles também podem apresentar vieses de atenção, por meio dos quais dão atenção maior a estímulos de ameaças com avaliação negativa e uma menor atenção a estímulos benignos ou positivos.[23][24]

Nas crianças, a ansiedade social pode se manifestar como choro, acessos de raiva, "paralisia" ou apego a objetos (clinging), quando certas situações sociais não podem ser evitadas. Os pais podem revelar qualquer história de timidez, introversão, inibição ou apego com insegurança na infância.[32] Nem sempre as crianças reconhecem seus medos como irracionais. A avaliação pode ser posteriormente ampliada por meio de entrevistas com membros da família como informantes importantes, com relação aos fatores do desenvolvimento e de temperamento.[42]

Exame físico

O exame físico tipicamente não revela achados objetivos em um paciente com transtorno da ansiedade social. Entretanto, os indivíduos podem ficar visivelmente ansiosos, nervosos ou constrangidos ao discutirem sua ansiedade. Além disso, o contato visual pode ser baixo e podem exibir outros sinais de dificuldades em habilidade sociais (por exemplo, postura fechada, tom de fala comedido, dificuldades de iniciar conversas). Os indivíduos podem apresentar sintomas que sugerem atividade elevada do sistema nervoso simpático (por exemplo, taquicardia, hiperventilação, sudorese, rubor).

Exames laboratoriais

Tipicamente, não são indicados. Entretanto, para níveis intensos e persistentes de ansiedade, os médicos podem considerar a realização de um exame de rotina do perfil sanguíneo e testes de função tireoidiana para descartar fatores biológicos que possam contribuir para o quadro clínico (por exemplo, hipertireoidismo, hipoglicemia). O rastreamento toxicológico também pode ser indicado de acordo com o quadro clínico individual, visto que o uso de bebidas alcoólicas, maconha e nicotina pode ser desproporcionalmente alto entre os indivíduos com ansiedade social.

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