Abordagem
A asma ocupacional (AO) deve ser considerada em todos os adultos com asma. Após a história médica e de exposição, o diagnóstico de AO requer que o médico primeiro estabeleça objetivamente o diagnóstico de asma e depois confirme a relação entre a asma e o trabalho. Para uma avaliação válida, a investigação de AO deve ser realizada antes que o trabalhador deixe o local de trabalho, já que a não exposição pode influenciar a confiabilidade dos procedimentos de teste. Isso vale especialmente para pacientes com AO induzida por agentes sensibilizantes. O diagnóstico imediato é importante, já que a exposição prolongada a um agente sensibilizante pode causar desfechos clínicos desfavoráveis. No entanto, um diagnóstico preciso de AO induzida por agentes sensibilizantes também é de extrema importância, já que pode apresentar limitações ocupacionais bastante significativas capazes de impedir que o paciente permaneça no emprego.[24] O ideal é que o diagnóstico seja feito encaminhando-se para um especialista em asma ocupacional, se possível. A AO induzida por irritantes também requer um diagnóstico objetivo cuidadoso para garantir as decisões corretas de tratamento e indenização.
Estabelecimento do diagnóstico de asma
O diagnóstico de asma baseia-se no seguinte:
História médica compatível
Episódios geralmente recorrentes de dispneia, constrição torácica, sibilância ou tosse.
Investigações que demonstrem limitação do fluxo aéreo variável. Tudo deve ser avaliado empregando-se os protocolos e as definições recomendados para respostas positivas[32][33]
Uma resposta significativa ao broncodilatador na espirometria
Hiper-responsividade brônquica inespecífica (HRBI) à histamina ou metacolina.
Exclusão de outras patologias respiratórias
O exame de imagem torácica. como uma radiografia torácica, deve ser considerado.[34]
Para pacientes com AO induzida por irritantes, a exclusão de doença respiratória prévia é útil para o diagnóstico. Com consentimento, deve-se obter as informações com o médico de atenção primária do paciente indicando que ele não recebeu tratamento de asma anteriormente. Se disponíveis, deve-se obter quaisquer testes de função pulmonar antes do incidente da exposição.
Estabelecimento da relação da asma com o trabalho
Para todos os pacientes, uma história médica completa deve ser colhida incluindo detalhes dos fatores de risco reconhecidos para a AO (por exemplo, alto nível de exposição a agentes sensibilizantes, atopia e tabagismo). Uma história ocupacional abrangente também deve ser colhida. Ela deve incluir perguntas sobre o emprego atual e anterior do paciente, com o objetivo de identificar a exposição a um agente sensibilizante conhecido ou qualquer história de alto nível de exposição respiratória a um irritante. Haz-Map: information on hazardous agents and occupational diseases Opens in new window[25][35][36][37] Entretanto, a falta de fatores de risco reconhecidos ou de exposição a um agente sensibilizante conhecido não descarta um diagnóstico de AO induzida por agentes sensibilizantes, e novos agentes sensibilizantes são relatados a cada ano. O paciente deve ser solicitado a fornecer as fichas de instruções de segurança das substâncias usadas no local de trabalho, se disponíveis. Em algumas situações, pode ser necessário fazer uma visita ao local de trabalho para identificar e medir a exposição a um possível agente sensibilizante. Nesse caso, deve-se identificar outros trabalhadores afetados pelos sintomas respiratórios no mesmo local de trabalho.[24] A avaliação pode ser realizada por um higienista ocupacional. No caso de asma induzida por irritantes, toda documentação (detalhes da exposição e ocasião) do evento de exposição ocupacional aguda é útil no diagnóstico.
O paciente deve ser questionado sistematicamente quanto à relação temporal entre os sintomas e a exposição ocupacional, perguntando especificamente sobre a hora do início dos sintomas após uma exposição aguda a irritantes e, para a AO induzida por agentes sensibilizantes suspeitos, se os sintomas melhoram após vários dias afastado do trabalho.[38][39] Vale observar, porém, que a AO avançada induzida por agentes sensibilizantes pode estar associada a uma menor variabilidade temporal dos sintomas e que, em alguns pacientes, os sintomas da asma podem se agravar após o final do turno e não especificamente durante o trabalho.
Na suspeita de AO induzida por agentes sensibilizantes, as investigações devem procurar demonstrar objetivamente uma relação entre a asma e as exposições.[24][40][41][42]
Cada investigação pode ter falso-negativos e falso-positivos; portanto, pode ser necessária uma combinação de investigações para estabelecer o diagnóstico. O ideal é que ele seja encaminhado precocemente para um especialista com proficiência nessa área (pulmonar, alérgica ou ocupacional).
As investigações de suporte incluem:
Testes imunológicos para identificar a sensibilização, como teste alérgico cutâneo por puntura e ensaios de imunoglobulina E (IgE).[24][40][42][45][46][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Resultados do teste alérgico cutâneo por puntura com látex de borracha natural em uma enfermeira com asma ocupacionalDe Tarlo SM, Wong L, Roos J, et al. Occupational asthma caused by latex in a surgical glove manufacturing plant. J Allergy Clin Immunol. 1990:85:626-631. Usado com permissão [Citation ends].
A intensidade da HRBI avaliada enquanto o paciente está trabalhando, exposto ao agente suspeito e sintomático é o alto valor preditivo negativo do teste.[48] Em pacientes cuja história sugere AO induzida por agentes sensibilizantes, a combinação de HRBI de medição única com testes alérgicos cutâneos por puntura ou IgE nos pacientes já rastreados parece ter uma alta especificidade.[40][42][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Taxa de pico do fluxo expiratório (TPFE) e resultados do teste de provocação de metacolina em um paciente com asma ocupacionalDe Tarlo SM, Wong L, Roos J, et al. Occupational asthma caused by latex in a surgical glove manufacturing plant. J Allergy Clin Immunol. 1990:85:626-631. Usado com permissão [Citation ends].
Testes adicionais para AO induzida por agentes sensibilizantes
O teste de provocação de inalação específico (exposição ao agente específico) é considerado a investigação de teste padrão ouro para o diagnóstico.[24][41][44][45][46] Entretanto, como só é realizado em alguns centros especializados, ele não pode ser considerado uma investigação de rotina.
Pode-se realizar testes de provocação no local de trabalho, que podem ser especialmente úteis se houver vários agentes sensibilizantes possíveis, mas eles são demorados e difíceis de se organizar.[41][44]
A avaliação de contagem de eosinófilos por meio de citologia do escarro e a medição de fração de óxido nítrico exalado (FeNO) podem melhorar a sensibilidade do teste de inalação específico.[45]
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