Caso clínico
Caso clínico #1
Um homem de 33 anos, residente cirúrgico, apresenta-se no pronto-socorro após o almoço queixando-se de disfagia a sólidos e líquidos. O paciente não tem história pregressa de doença do trato gastrointestinal superior e sofre apenas de leve disfagia a alimentos sólidos nos últimos anos. Todos os episódios disfágicos prévios apresentaram resolução espontânea, e alguns deles foram associados ocasionalmente a diversos sintomas atópicos.
Caso clínico #2
Uma menina de 11 anos de idade é levada ao hospital com história de 2 semanas de agravamento de sintomas respiratórios, vômitos, febre, inapetência e perda de peso. Sua mãe relata vários episódios de emese não biliosa, sem sangue ou projétil durante a alimentação. Antes dessas 2 semanas, a paciente estava bem. A radiografia abdominal revela um corpo estranho metálico e redondo obstruindo o esôfago cervical, o qual descobriu-se ser uma moeda.
Outras apresentações
Apresentações incomuns e tardias são observadas mais comumente em crianças pequenas e pacientes com uma deficiência intelectual. Esses pacientes podem ter habilidades de comunicação limitadas e se apresentar com uma história imprecisa. Pode não haver evidências claras de deglutição de um objeto ou dispositivo, ou eles podem exibir uma apresentação atípica, como inapetência, irritabilidade, retardo do crescimento pôndero-estatural, febre, sibilância, estridor, sintomas pulmonares ou pneumonias recorrentes por aspiração. Esses sintomas podem indicar um corpo estranho retido na hipofaringe, no esôfago superior ou no trato respiratório. Em casos nos quais um corpo estranho passa para o estômago ou intestino delgado, os pacientes tendem a ser assintomáticos ou relatam apenas sintomas leves, que podem incluir náuseas, vômitos não biliosos e/ou dor abdominal intermitente ou persistente que pode se desenvolver minutos, horas ou semanas após a deglutição de um corpo estranho (dependendo da natureza exata do objeto). As ingestões de corpos estranhos nessas populações representam alguns dos cenários clínicos mais desafiadores enfrentados por gastroenterologistas.[1][2][3]
Alguns grupos de pacientes (por exemplo, prisioneiros, pacientes com patologias psiquiátricas e pacientes com deficiência intelectual) podem não revelar uma história de ingestão de corpo estranho. Esse grupo de pacientes pode deglutir uma grande variedade de objetos para escondê-los das autoridades ou para receber cuidados médicos. Geralmente, os incidentes envolvem a ingestão de pequenos objetos metálicos (por exemplo, clipes de papel, lâminas de barbear, parafusos, pregos, canetas, talheres). A sua apresentação pode variar de assintomática a febre, dor abdominal e vômitos, ou uma emergência cirúrgica.[4]
"Mulas" de tráfico costumam contrabandear drogas (geralmente cocaína ou heroína altamente concentradas) em algum tipo de saco/bolsa de silicone (por exemplo, preservativos), os quais podem ser deglutidos, colocados no reto ou implantados cirurgicamente no corpo. Isso pode causar complicações de saúde letais. Elas podem apresentar dor abdominal intensa ou toxicidade aguda pela droga decorrente de um pacote rompido.[5]
Os pacientes com história de próteses esofágicas, como endoprótese autoexpansível de plástico ou metal, podem apresentar sintomas gastrointestinais altos. Historicamente, essas próteses esofágicas foram usadas principalmente como tratamento paliativo do câncer esofágico irressecável. No entanto, as indicações para o uso de endopróteses esofágicas se expandiram e incluem estenoses secundárias, fístulas (por exemplo, cirurgia traqueoesofágica ou pós-bariátrica) e vazamentos.[6][7][8]
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