Etiologia
A obstrução ou impactação de corpos estranhos depende das propriedades físicas do objeto (tamanho, forma e composição). Ela está também relacionada às áreas de angulações anatômicas agudas normais ou estenoses adquiridas/congênitas anormais, em qualquer ponto do trato gastrointestinal, as quais podem servir de barreira para a livre passagem de um corpo estranho.[21][22][23][24][25]
Os corpos estranhos mais comumente encontrados em crianças são as moedas; outros objetos incluem botões, lápis de cera e itens semelhantes.
Os corpos estranhos mais comumente encontrados em adultos são alimentos (carne de porco/frango); outros corpos estranhos comuns incluem ossos de frango/peixe, dentaduras parciais, caroços de frutas e palitos de dente.
Pessoas encarceradas, pessoas com deficiências intelectuais e pacientes com problemas psiquiátricos podem apresentar-se com objetos incomuns, como lâminas de barbear, lápis, escovas de dente, talheres, pilhas, diferentes tipos de fios, parafusos ou pregos. Frequentemente podem ser encontrados múltiplos objetos no mesmo paciente.[4]
A natureza corrosiva das pilhas alcalinas pode levar à erosão ou perfuração do trato gastrointestinal. As pilhas alcalinas podem vazar hidróxido de potássio, o qual causa necrose liquefativa devido à dissolução de proteínas e colágeno, saponificação de lipídios e desidratação das células teciduais.[16]
A ingestão de ímãs pode causar complicações graves e com potencial risco de vida, particularmente se mais de um for ingerido, pois os ímãs podem atrair uns aos outros através da parede intestinal, causando isquemia e perfuração.[3][19]
Fisiopatologia
Todo o trato gastrointestinal pode estar envolvido. Felizmente, a vasta maioria de todos os objetos ingeridos atravessa o trato gastrointestinal sem problemas. Foram descritos corpos estranhos na orofaringe, esôfago, estômago, intestino delgado, ducto colédoco, cólon e reto. As considerações patofisiológicas incluem:
Áreas de angulações agudas ou estenose fisiológica que predispõem a impactação ou obstrução de corpos estranhos, entre elas:
Orofaringe
A cartilagem cricoide (em razão do músculo cricofaríngeo)
Esfíncter esofágico superior, uma área de alta pressão de cerca de 1-3 cm de comprimento ao nível da região cricofaríngea
O arco aórtico
A passagem anterior do brônquio principal esquerdo
O átrio esquerdo
Esfíncter esofágico inferior (localizado 2-4 cm proximal à junção gastroesofágica no nível do diafragma, composto por músculos esofágicos intrínsecos, fibras oblíquas do estômago com localização proximal e diafragma crural)
Estômago, ao nível do esfíncter pilórico
A alça duodenal
A junção duodenojejunal
O apêndice
Região da válvula ileocecal.
As estenoses adquiridas ou congênitas em qualquer ponto do trato gastrointestinal servem de barreira à livre passagem de um corpo estranho e parecem estar mais predispostas à impactação.
As propriedades físicas do corpo estranho (tamanho, forma e composição) também podem desempenhar um papel importante. Os objetos cilíndricos ou esféricos grandes podem ou não atravessar o esôfago. Uma vez alcançado o estômago, o corpo estranho tem mais de 80% de chance de atravessar o trato gastrointestinal sem maiores complicações. Contudo, objetos com >6 cm de comprimento ou diâmetro >2.5 cm podem ficar presos no piloro. Quando um corpo estranho atinge o intestino delgado, há duas áreas nas quais os objetos podem ficar retidos: o formato de letra C do duodeno e ao nível da válvula ileocecal.
Após a ingestão de vários ímãs, há a possibilidade de formação de uma fístula entérica entre os ímãs nas alças adjacentes do intestino; isso está associado a perfuração, peritonite e isquemia e/ou necrose intestinais.[3][19]
Classificação
Categorias de pacientes
Ingestões de corpos estranhos são observadas em 6 grandes categorias de pacientes:
Crianças
Aqueles com fatores predisponentes ou problemas mecânicos gastrointestinais subjacentes
Pessoas com deficiência intelectual ou problemas psiquiátricos (caracterizados pela ingestão repetida de objetos múltiplos, grandes ou incomuns)
Adultos com comportamento sexual não convencional
Pessoas encarceradas (ganho secundário) ou pessoas que se envolvem em atividades criminosas (pessoas que transportam drogas ilícitas por ocultação interna, como "mulas" de tráfico)
Pacientes submetidos a instrumentação ou cirurgia.
Objetos ingeridos
Os objetos ingeridos são diferenciados por grupos.
Os corpos estranhos mais comumente encontrados em crianças são moedas; outros objetos incluem botões de roupas, pilhas tipo botão, ímãs, lápis de cera e itens semelhantes.
Os corpos estranhos mais comumente encontrados em adultos são alimentos (carne de porco/frango). Outros corpos estranhos comuns incluem ossos de frango/peixe, dentaduras parciais, caroços de frutas e palitos de dente.
Pessoas encarceradas, pessoas com deficiências intelectuais e pacientes com problemas psiquiátricos podem se apresentar com objetos incomuns, como lâminas de barbear, lápis, escovas de dente, talheres, pilhas, diferentes tipos de fios, parafusos e pregos.
Local do aprisionamento
O local do aprisionamento difere de acordo com as faixas etárias.
O aprisionamento no esfíncter esofágico superior é mais comumente observado em crianças (75% dos casos).
O aprisionamento no esfíncter esofágico inferior é mais comumente observado em adultos (70% dos casos).
Corpos estranhos retocólicos são mais predominantes em adultos.
O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal