Complicações
A complicação mais comum da infecção por caxumba em homens adultos, ocorrendo em até 38% dos meninos infectados em idade pós-puberal. Desses casos, 15% a 30% são bilaterais. Os sintomas incluem febre, dor e edema testicular graves, e eritema do escroto. O vírus da parotidite pode danificar o tecido testicular, causando edema parenquimal, congestão dos túbulos seminíferos e infiltração perivascular de linfócitos.[49] A atrofia testicular se desenvolve posteriormente em metade dos homens afetados, e ocorre diminuição da contagem ou anormalidade na morfologia dos espermatozoides em 25% dos pacientes. A esterilidade após a caxumba é rara.[2][49] Não há evidências para uma associação entre orquite por parotidite e câncer de testículos.[2]
O tratamento conservador inclui repouso no leito, líquidos e elevação escrotal. Intervenções cirúrgicas com o objetivo de reduzir a pressão intratesticular são raramente recomendadas, quando são. Muitos autores defendem o uso de antibióticos de amplo espectro nas pessoas com epididimorquite quando não é possível descartar uma causa bacteriana.
A administração subcutânea de alfainterferona 2b também tem sido estudada no tratamento da orquite por parotidite. Em um estudo de 21 pacientes com orquite por parotidite, as pessoas tratadas com alfainterferona 2b tiveram uma resolução mais rápida dos sintomas (2-3 dias versus 4-5 dias com o tratamento conservador) e não tiveram atrofia testicular (em comparação com 3 pacientes com atrofia no grupo conservador).[49]
A meningite asséptica por caxumba geralmente é benigna, e quase todos os pacientes têm recuperação completa sem deficits neurológicos residuais e sem risco de mortalidade. Os sintomas incluem rigidez de nuca, fotofobia e vômitos. Os pacientes precisam de cuidados de suporte com analgesia/antipiréticos adequados, antieméticos em caso de vômitos e fluidoterapia IV caso haja depleção de volume. Os casos relatados variam muito, dependendo da avaliação. Quando o LCR é examinado rotineiramente com punção lombar, a taxa relatada é superior a 50%; no entanto, a taxa de meningite clínica está entre 1% e 10%.[2]
Ocorre em aproximadamente 5% das mulheres em idade pós-puberal. Infertilidade e menopausa prematura já foram relatadas, mas são complicações raras.[2] A ooforite manifesta-se como febre com lombalgia, dor abdominal ou dorsalgia.
Ocorre em aproximadamente 0.1% a 0.5% dos indivíduos com caxumba.[2][43] A presença de convulsões, diminuição do nível de consciência e sintomas neurológicos focais indica encefalite por caxumba. Também podem ser observadas anormalidades no eletroencefalograma (EEG), as quais geralmente se resolvem em poucas semanas. A taxa de mortalidade é de 1% a 5%, e a morbidade em longo prazo é rara.[2]
A encefalite por caxumba é uma emergência médica. O tratamento consiste em medidas básicas de reanimação para assegurar a adequação das vias aéreas, a respiração e a circulação, e terapia antiviral empírica para outras possíveis causas virais de encefalite concomitantemente com as etapas de diagnóstico (mais importantemente, aciclovir se houver suspeita de infecção por vírus do herpes simples [HSV]). A imunoglobulina intravenosa não tem eficácia estabelecida como tratamento da caxumba. No entanto, ela tem eficácia demonstrada no tratamento dos sintomas de caxumba que se baseiam na resposta autoimune, como encefalite.[2]
Ocorre em 4% das infecções de caxumba e geralmente tem uma evolução bem leve.[2] A pancreatite hemorrágica grave e a formação de pseudocistos são raras. A pancreatite por caxumba já foi relatada em crianças e adultos. A maioria dos pacientes com pancreatite aguda melhorará dentro de 3-7 dias com o tratamento conservador.[52]
Alterações no eletrocardiograma (ECG), incluindo depressão do segmento ST, inversão da onda T e intervalos PR prolongados, são observadas em 15% das infecções de caxumba.[53] Casos de miocardite fatal com cardiomiopatia dilatada são relatados, mas são extremamente raros.
Pode ser comprometimento de grandes articulações monoarticular (joelho ou quadril) ou um comprometimento poliarticular migratório.[2] Nenhum dano articular residual foi documentado.
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