Etiologia

A acne é poligênica e multifatorial. Quatro fatores patogênicos principais contribuem para a condição:

  • Hiperplasia das glândulas sebáceas e produção excessiva de sebo: o tamanho dos folículos sebáceos e o número de lóbulos em cada glândula são maiores em pacientes com acne.[14] Os androgênios estimulam as glândulas sebáceas a aumentarem de tamanho e a produzirem mais sebo, um processo mais prevalente durante a puberdade.

  • Diferenciação folicular anormal: em folículos normais, os ceratinócitos são liberados como células únicas no lúmen e depois são excretados. Na acne, os ceratinócitos ficam retidos e se acumulam em função de sua tenacidade aumentada.[15]

  • Colonização por Cutibacterium acnes: antes chamados de Propionibacterium acnes, esses bacilos gram positivos e não móveis se alojam profundamente nos folículos e estimulam a produção de mediadores pró-inflamatórios e lipases.[16]​ Apesar da possibilidade de haver números maiores de C acnes na acne, a contagem bacteriana nem sempre se correlaciona com a gravidade da acne.[17]

  • Inflamação e resposta imune: há um efluxo de células e mediadores inflamatórios até o folículo rompido, ocasionando o desenvolvimento de pápulas, pústulas, nódulos e cistos.

Fatores externos podem agravar a acne, incluindo dieta (embora controverso), trauma mecânico, cosméticos, corticosteroides tópicos e medicamentos orais (por exemplo, corticosteroides, lítio, iodetos, alguns anticonvulsivantes e terapia de afirmação de gênero com testosterona).[18]

As endocrinopatias que resultam em hiperandrogenismo (por exemplo, síndrome do ovário policístico) também podem predispor os pacientes à acne.[10]

Uma história familiar de acne grave aumenta sua probabilidade nas gerações subsequentes.[19]​ A taxa de concordância para a prevalência e a gravidade da acne entre gêmeos idênticos é alta.[20] Um estudo concluiu que 81% da variância na acne era atribuída à genética, e apenas 19% a fatores ambientais.[21]

Estudos de associação genômica ampla demonstraram que a suscetibilidade genética à acne resulta de uma variação nos genes responsáveis pela estrutura e pela função da unidade pilossebácea, que cria um ambiente propício para a colonização bacteriana e para a inflamação, incluindo a variação hereditária nos receptores do tipo Toll (TLR)-2 e TLR4.[22][23]

Fisiopatologia

A acne vulgar é uma doença de pele inflamatória crônica comum, altamente hereditária. O aparecimento da acne envolve diferentes fatores que resultam em inflamação e na formação de diferentes tipos de lesões de acne. Esses fatores incluem a alteração quantitativa e qualitativa do sebo durante a puberdade (disseborreia), desencadeada por fatores hormonais ou genéticos internos, e fatores externos, como cosméticos comedogênicos, detergentes agressivos ou medicamentos, que podem estimular mecanismos envolvidos nas fisiopatologias da acne.[24]

Disbiose, o processo que causa alteração da barreira cutânea, e o desequilíbrio do microbioma cutâneo, resultando na proliferação de cepas de Cutibacterium acnes (C acnes; antes conhecido como Proprionibacterium acnes), também são processos importantes que desencadeiam a acne.[24] C acnes ativa a imunidade inata por meio da expressão de receptores ativados por protease (PARs), fatores de necrose tumoral alfa e receptores do tipo Toll (TLRs), e a produção de interferona y, interleucinas (IL-8, IL-12 e IL-1), e metaloproteinases da matriz por ceratinócitos, resultando na hiperqueratinização da unidade pilossebácea.[24]

Estudos de associação genômica ampla demonstraram que a suscetibilidade genética à acne resulta de uma variação nos genes responsáveis pela estrutura e pela função da unidade pilossebácea, que cria um ambiente propício para a colonização bacteriana e para a inflamação, incluindo a variação hereditária nos receptores TLR-2 e TLR4.[22][23]

Classificação

Geralmente aceita

Há muitos sistemas de classificação/graduação da acne, mas não existe nenhuma abordagem padronizada para a prática clínica.

A maioria utiliza o tipo ou a gravidade:

  • tipo (comedônica/papular, pustulosa/nódulo-cística), ou

  • gravidade (leve/moderada/moderadamente grave/muito grave).

As lesões na pele podem ser descritas como não inflamatórias (comedões) ou inflamatórias (pápulas, pústulas, nódulos e cistos). Geralmente, os comedões e as lesões inflamatórias são considerados separadamente.

Classificação simplificada​[3]

  • Leve: comedões são as principais lesões. Pápulas e pústulas podem estar presentes, mas são pequenas e pouco numerosas (geralmente <10).

  • Moderada: números moderados (10 a 40) de pápulas e pústulas. Números moderados (10 a 40) de comedões também estão presentes. Às vezes, há acne leve no tronco.

  • Moderadamente grave: pápulas e pústulas numerosas (40 a 100), geralmente com muitos comedões (40 a 100) e, por vezes, grandes e profundas lesões nodulares inflamadas (até 5). Geralmente, as áreas afetadas de forma disseminada envolvem o rosto, o tórax e as costas.

  • Muito grave: acne nódulo-cística e acne conglobata com lesões graves; grandes, numerosas e dolorosas lesões nodulares/pustulares e várias pápulas, pústulas e comedões menores.

Escala de gravidade Investigator Global Assessment (IGA)​[4]

Utilizada principalmente para fins de pesquisa, tendo como possível exemplo:

  • Grau 0: pele livre de acne, sem lesões inflamatórias ou não inflamatórias

  • Grau 1: pele quase livre de acne; raras lesões não inflamatórias com não mais que 1 pequena lesão inflamatória

  • Grau 2: gravidade leve; mais grave que o grau 1; algumas lesões não inflamatórias com não mais que algumas lesões inflamatórias (apenas pápulas/pústulas, sem lesões nodulares)

  • Grau 3: gravidade moderada; mais grave que o grau 2; pode haver várias lesões não inflamatórias e pode haver algumas poucas lesões inflamatórias, mas não mais que 1 lesão nodular pequena

  • Grau 4: grave; mais grave que o grau 3; pode haver várias lesões inflamatórias e não inflamatórias, mas não mais que algumas poucas lesões nodulares.

Técnica de Leeds[5]

Avaliação da gravidade, usando graus de 1 a 12 (leve a grave) para acne facial e 1 a 8 para a região superior do tórax e as costas. Muitos estudos de pesquisa usam a técnica de Leeds para classificar a acne; mas essa não é uma prática clínica muito comum.

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