Abordagem

Fraturas de costela são um indicador de trauma grave. A avaliação de um paciente com suspeita de fratura de costela deve, portanto, incluir a identificação da própria fratura e de quaisquer lesões concomitantes. Lesões concomitantes podem ocorrer em até 90% dos casos.[31] A presença de fraturas múltiplas de costelas está correlacionada a uma incidência maior de lesão de órgãos sólidos (cerca de 35%).[26]

História e exame físico

As fraturas de costelas mais comumente resultam de colisões com veículo automotor, quedas, traumatismo contuso, agressões e incidentes industriais.[6][8]​​[30]​ Outros fatores de risco incluem >65 anos, osteoporose e ressuscitação cardiopulmonar.​​[4][7]​​[12][13]​​ O paciente ou a equipe médica de emergência podem fornecer informações importantes sobre a probabilidade de etiologia, como a ocorrência de traumatismo contuso em um acidente de automóvel. A intrusão significativa da coluna de direção pode aplicar força dramática na caixa torácica.

Dor e dispneia são comuns. A dor na parede torácica reduz a ventilação por comprometimento do esforço inspiratório. Oxigenação comprometida também pode indicar pneumotórax, hemotórax ou contusão pulmonar subjacentes. A contratilidade paradoxal da parede torácica durante a inspiração ou expiração é um sinal de tórax instável. Tórax instável ocorre quando várias costelas ipsilaterais são fraturadas em dois ou mais lugares, resultando em um segmento instável da parede torácica. O tórax instável costuma vir acompanhado de outras lesões e representa um aumento do risco de vida em decorrência de insuficiência respiratória, pneumotórax, contusão pulmonar e hemotórax, com uma mortalidade global de pelo menos 5%.[32]

Outros fatores a considerar:

  • Fraturas de estresse ocorrem em 2% a 12% de remadores devido à carga repetitiva na caixa torácica.[22] Também são comuns em outras atividades atléticas repetitivas com movimentos acima da cabeça, como beisebol e golf.[21] O diagnóstico é sugerido por ausência de trauma e dor contínua.

  • Qualquer pessoa com neoplasia maligna conhecida, principalmente de pulmão, próstata, mama, fígado ou gastrointestinal pode apresentar metástase nas costelas.

  • Tumores ósseos primários da parede torácica, incluindo osteocondroma, encondroma, plasmacitoma, condrossarcoma e osteossarcoma, são raros, mas podem se manifestar como fraturas de costela. Cerca de 37% dessas lesões são malignas.[16] Mieloma múltiplo pode se apresentar com fraturas de costela e até com tórax instável.[17]

  • Todas as fraturas de costela em crianças ou lactentes devem ser consideradas como resultado de lesão não acidental até que se prove o contrário. Entre crianças com menos de 12 meses de vida que apresentaram fraturas de costela, 82% foram por causas não acidentais.[2][3] De todas as lesões do esqueleto, as fraturas de costela têm a maior probabilidade de decorrer de abuso físico.[14]

Investigações

  • A radiografia torácica é a modalidade de exame de imagem de primeira linha para qualquer paciente com trauma conhecido.[33][34]​ Ela ajuda não apenas a detectar a fratura de costela em si, mas pneumotórax, hemotórax e lesão aórtica também podem ser avaliados rapidamente. No entanto, radiografias torácicas convencionais podem não detectar até 50% das fraturas de costela.[35] Geralmente, é desnecessário realizar radiografias especificas da costela, além da radiografia torácica, para o diagnóstico de fraturas de costela em adultos após um trauma menor.[33][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Radiografia torácica mostrando fratura da primeira costelaDo acervo do Dr. Paul Novakovich; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@791a974b[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Radiografia torácica mostrando fraturas múltiplas posteriores de costelas do lado esquerdoDo acervo do Dr. Paul Novakovich; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@34b43bc1[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Radiografia torácica anteroposterior de fraturas múltiplas de costelas do lado esquerdo com dreno torácico inseridoDo acervo do Dr. Paul Novakovich; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@120840ee

  • A tomografia computadorizada (TC) do tórax pode ter melhor sensibilidade que a radiografia torácica na detecção de fraturas de costela e de outras lesões. A maioria dos pacientes que apresentam trauma maior e evidências de lesão torácica na radiografia simples têm uma lesão não suspeitada identificada na TC do tórax; até um terço desses pacientes têm o tratamento significativamente alterado como resultado da TC do tórax.[36]​ A TC causa exposição significativa à radiação para o paciente, mas deve ser considerada se as características clínicas sugerirem fratura e houver possibilidade de melhorar o tratamento do paciente se forem detectadas fraturas de costela. Em casos de trauma menor, no entanto, o aumento da sensibilidade da TC não altera necessariamente o manejo ou os desfechos clínicos de pacientes que não apresentam lesões associadas.[33][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Tomografia computadorizada (TC) mostrando grande pneumotórax do lado esquerdoDo acervo do Dr. Paul Novakovich; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@3eb4edf0​​[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Radiografia torácica retratando o mesmo pneumotórax mostrado na tomografia computadorizada (TC)Do acervo do Dr. Paul Novakovich; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@77871df3[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Tomografia computadorizada (TC) mostrando fraturas bilaterais posteriores de costelasDo acervo do Dr. Paul Novakovich; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@423f3ef9[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Tomografia computadorizada (TC) mostrando fratura anterolateral de costelaDo acervo do Dr. Paul Novakovich; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@3f6c76a5[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Tomografia computadorizada (TC) mostrando fratura segmentar posterior de costela esquerdaDo acervo do Dr. Paul Novakovich; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@5464511e​​​

  • A utilidade da ultrassonografia no diagnóstico de fraturas de costela foi avaliada. Ela é minimamente superior à radiografia torácica, mas pode estar associada a desconforto do paciente. A ultrassonografia é mais tipicamente usada como adjuvante, em alguns centros, para avaliar com rapidez pneumotórax e líquido pleural; a precisão diagnóstica depende do operador.​[33][37][38]

  • O uso de rotina de angiografia não é recomendado.[23] No entanto, pode ser usada se houver fratura na primeira costela.

  • Tipicamente, pacientes que se apresentam após impacto de alta energia são submetidos a uma radiografia torácica e pélvica para descartar a existência de lesão com risco de vida.[39]​ Se o paciente estiver estável, uma TC do crânio, coluna cervical, tórax, abdome e pelve pode ser realizada em adultos para descartar outras lesões.[39]

  • Uma radiografia de esqueleto e uma consulta aos serviços de proteção à criança devem ser consideradas para todas as crianças com suspeita de abuso físico. Vistas oblíquas das costelas são recomendadas nos casos em que haja suspeita de abuso.[40] As vistas oblíquas aumentam a precisão diagnóstica das fraturas de costela, que são fortes preditores positivos de abuso e podem ser a única manifestação esquelética.

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