Abordagem
A cegueira noturna pode ser causada por muitas condições. É importante estabelecer a diferença entre visão turva agravada por níveis baixos de luz (por exemplo, em decorrência de catarata) e cegueira noturna verdadeira (ou seja, perda da visão em ambiente escuro). Uma abordagem sistemática da história e do exame físico pode ajudar a apurar o diagnóstico diferencial. Busque a opinião de um médico especialista em oftalmologia, pois a biomicroscopia com lâmpada de fenda e o teste eletrofisiológico da retina são essenciais para o diagnóstico.
História
Observe o início e a evolução dos sintomas e pergunte especificamente sobre a visão reduzida durante o dia ou problemas para distinguir cores. Uma história oftalmológica clara pode descartar condições responsáveis pela visão turva em níveis baixos de luz, como cirurgia refrativa prévia.[23]
A história médica pregressa deve incluir qualquer história prévia de cirurgia gástrica ou abdominal, ingestão de bebidas alcoólicas e sintomas de má absorção intestinal, como diarreia ou esteatorreia (ou seja, fezes gordurosas). Além disso, tenha cautela para descartar história de tratamento para câncer, especialmente melanoma maligno.
Na história medicamentosa, estabeleça se o paciente tomou algum medicamento que pode afetar o metabolismo da vitamina A (retinol), como derivados de ácido retinoico.[13]
Como muitas doenças responsáveis pela cegueira noturna são hereditárias, sempre obtenha uma história familiar detalhada. O encaminhamento a um geneticista clínico pode ajudar a estabelecer o padrão hereditário quando não estiver claro. Estabelecer a característica hereditária pode ajudar a indicar o prognóstico.[3] Técnicas mais novas, como sequenciamento de próxima geração, fornecem uma análise muito mais rápida e mais detalhada do sequenciamento de DNA/RNA e detecção de mutações. O sequenciamento de próxima geração também pode ser usado, a critério do geneticista, para testes mais precisos de mutações específicas associadas com doenças hereditárias responsáveis pela cegueira noturna.[24]
Caso o paciente dirija atualmente e você identifique preocupações relativas à segurança (por exemplo, o exame indica que os padrões mínimos para dirigir não são alcançados), considere pedir ao paciente que pare de dirigir.
Exame oftalmológico
Documente os resultados de qualquer exame oftalmológico, inclusive acuidade visual do paciente, respostas pupilares, campos visuais confrontacionais e oftalmoscopia direta, na apresentação inicial. Descarte condições que podem causar visão turva agravada por níveis baixos de luz (por exemplo, catarata, miopia, glaucoma).
Procure a opinião de um especialista em oftalmologia, pois a biomicroscopia de fenda e a oftalmoscopia indireta são partes essenciais do exame. O paciente pode precisar de encaminhamento para um especialista para investigações adicionais, como eletrorretinografia (ERG), para determinar a causa subjacente.
Manifestações oculares comuns de deficiência de vitamina A (retinol) incluem xerose conjuntival, manchas de Bitot, ulceração da córnea e ceratomalacia; as formas mais graves de ceratomalacia incluem edema da córnea e derretimento (melting) da córnea. O fundo xeroftálmico pode apresentar lesões pequenas, brancas e profundas na retina em todo o polo posterior.[25]
Inclua um exame médico de rotina para descartar causas sistêmicas de cegueira noturna, ou para registrar achados associados caso haja suspeita de alguma condição retiniana hereditária.
Investigações
As investigações devem ser realizadas em uma unidade especializada em oftalmologia. A ERG é uma investigação de primeira linha que pode ajudar a estreitar o diagnóstico diferencial e orientar o encaminhamento para investigações adicionais. A medição da vitamina A (retinol) sérica pode ser indicada caso o paciente apresente um fator de risco conhecido para a deficiência ou caso a ERG indique a deficiência como uma possível causa subjacente da cegueira noturna. O padrão da atividade elétrica produzida na retina pode indicar as células afetadas pelo processo da doença subjacente. A ERG mostra as alterações clássicas da deficiência de vitamina A (retinol) como perda ou redução das amplitudes de onda A ou B.[26] A cegueira noturna congênita estacionária pode causar um padrão eletronegativo na ERG.[27]
O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal