Etiologia
Causas da trombose séptica do seio cavernoso (TSC):
Sinusite: atualmente, é um dos fatores predisponentes mais comuns, representando um aumento de 30% em relação a todas as causas na era pré-antibióticos.[2][7][8][9] O local de infecção primária mais comum é o seio esfenoidal, seguido pelos seios etmoidais.[10][11][12][13] A infecção ocorre tipicamente devido a organismos potencialmente resistentes, invasivos e raros. A intervenção precoce melhora o prognóstico.[12][13][14]
Infecção facial (por exemplo, foliculite): na era pré-antibióticos, esta era a causa mais comum de TSC, representando aproximadamente 60% dos casos.[15]
Infecção periorbital.
A mucormicose (infecção fúngica altamente invasiva que geralmente ocorre em pacientes imunocomprometidos, especialmente naqueles com diabetes mellitus ou neutropenia): pode ser rinocerebral ou otocerebral.[16][17]
Apicite petrosa (infecção da porção medial do osso temporal da base do crânio).[20]
Meningite bacteriana.[24]
Sepse (outras fontes).
Infecção orofaríngea resultando em síndrome de Lemierre, uma síndrome de tromboflebite séptica das veias da cabeça e pescoço.[25]
Causas da TSC asséptica:
Trauma (por exemplo, fratura supraorbital, mandibular ou da base do crânio).[18][22][26]
Causas pós-cirúrgicas (por exemplo, rinoplastia, extração de catarata, procedimentos na base do crânio e extração dentária).[27][28][29]
Estados hipercoaguláveis:
Devido a distúrbios hematológicos (por exemplo, policitemia vera; doença falciforme; leucemia linfocítica aguda; deficiências de antitrombina III, proteína C ou proteína S; resistência à proteína C ativada; síndrome do anticorpo antifosfolipídeo; trombocitose e imunoglobulina M [IgM] elevada).[22][30][31]
Devido a distúrbios não hematológicos (por exemplo, síndrome nefrótica) ou uso de contraceptivos orais.[32]
Malignidade (por exemplo, rabdomiossarcoma e carcinoma nasofaríngeo).
Anormalidades vasculares (por exemplo, fístula carotídeo-cavernosa).[33]
Etiologias diversas (por exemplo, colite ulcerativa, depleção de volume ou overdose de heroína).[22][34]
Idiopático.[35]
Fisiopatologia
Os seios cavernosos são canais venosos trabeculados que se estendem anteriormente da fissura orbital superior e posteriormente até a porção petrosa do osso temporal.
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Anatomia do seio cavernoso: (1) terceiro ventrículo, (2) hipófise, (3) nervo oculomotor, (4) nervo troclear, (5) artéria carótida interna, (6) nervo abducente, (7) ramo oftálmico do nervo trigêmeo, e (8) ramo maxilar do nervo trigêmeoVisvanathan V, et al. Revisão de uma lição clínica importante: manifestações oculares da trombrose do seio cavernoso. BMJ Case Rep. 2010; doi:10.1136. Usado com permissão [Citation ends].
Os seios cavernosos estão envolvidos pelas camadas meníngea e periosteal da dura-máter. Passando pelos seios cavernosos de cada lado estão a artéria carótida interna, os nervos cranianos III e IV (que correm pela parede lateral), os ramo oftálmico e maxilar de V (nervo trigêmeo) e VI. Essas camadas durais enviam trabéculas que conferem aos seios um padrão reticular e podem, assim, prender bactérias, trombos ou êmbolos. As bactérias também estimulam a trombogênese ao liberar toxinas ou ao causar a lesão tecidual.[35] Acredita-se que o crescimento do trombo bloqueie a penetração de antibióticos nos seios cavernosos. Nesse caso, a administração de antibióticos não será eficaz porque o coágulo impedirá sua penetração no local infectado onde a bactéria está crescendo.[36][37]
As veias emissárias cerebrais e os seios durais são desprovidos de válvulas e, desta forma, possibilitam um fluxo sanguíneo bidirecional de acordo com o gradiente de pressão no sistema vascular.[1] Assim, infecções que se disseminam para os seios cavernosos oriundas do nariz, seios nasais e terço médio da face o fazem em direção anterógrada até os seios cavernosos, ao passo que as infecções dos seios venosos laterais, dentais e otogênicas seguem em direção retrógrada até atingir os seios.[38]
O mecanismo de patogênese também pode ser dividido em 3 tipos:[2]
Tromboflebite (inflamação venosa relacionada a um trombo) com extensão para os seios cavernosos
Embolização do material infeccioso, geralmente após traumas, abscessos ou infecções
Flebotrombose (trombose de uma veia sem inflamação) ou a forma asséptica, a qual é diferenciada das outras 2 pela ausência de sinais de sepse ou de uma fonte primária de infecção.
Classificação
Tipos de trombose do seio cavernoso
Séptica:
Trombose séptica aguda: processo tromboflebítico originado de uma fonte primária de infecção. Sinais e sintomas rapidamente progressivos e, tipicamente envolvendo os dois olhos em 48 horas.
Subaguda (às vezes denominada crônica): parecida com a forma aguda, mas com apresentação mais lenta e sintomas mais sutis. Geralmente se apresenta com paralisia lateral do olhar isolada unilateral.
Asséptico:
Um processo trombótico que ocorre em pacientes com estados hipercoaguláveis ou secundário a um trauma. A apresentação é subaguda com poucos ou nenhum sinal e sintoma de sepse.
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