Abordagem

A avaliação inicial deve começar com anamnese e exame físico detalhados, seguidos por exames laboratoriais. A biópsia renal permanece o teste padrão ouro para o diagnóstico. Como as nefropatias membranosas (NMs) primária e secundária podem se manifestar com síndrome nefrótica ou proteinúria, é necessária uma investigação adicional em todos os pacientes para se averiguarem causas secundárias.

História

Os pacientes normalmente manifestam edema ou hipertensão. O edema pode ser leve ou intenso e começa mais frequentemente nas pernas. O edema da NM tem maior probabilidade de afetar a face que o edema provocado por outras causas, como insuficiência cardíaca. Os pacientes também podem relatar urina espumosa e sintomas inespecíficos de mal-estar, anorexia e fadiga. Eles também podem manifestar achados incidentais de proteinúria na tira reagente urinária ou função renal anormal no teste sorológico. Uma história detalhada inclui a avaliação dos fatores de risco de NM secundária, incluindo uma história de hepatite B ou C e doença autoimune e uma história completa de medicamentos. A revisão sistemática pode revelar sintomas sugestivos de malignidade de órgão sólido.

Exame

Os achados do exame físico podem incluir:

  • Pressão arterial (PA) alta

  • Xantelasma causado por hipercolesterolemia

  • Faixas brancas nas unhas (linhas de Muehrcke) decorrentes da hipoalbuminemia

  • Edema localizado ou anasarca (grande edema generalizado)

  • Achados específicos de doença subjacente (isto é, características de lúpus eritematoso sistêmico [LES], hepatite ou neoplasia maligna).

Investigações iniciais

Todos os pacientes com suspeita de NM devem ser submetidos aos seguintes exames:

  • Creatinina sérica e clearance da creatinina: para avaliar a função renal. A taxa de filtração glomerular pode ser calculada usando-se o valor da creatinina sérica [ Taxa de filtração glomerular estimada pela equação de estudo em MDRD rastreável por IDMS Opens in new window ]

  • Ureia: pode demonstrar função renal anormal

  • Microscopia de urina: pode mostrar corpúsculos adiposos ovais e cilindros gordurosos

  • Relação proteína/creatinina na urina: pode ser seguida por uma coleta de urina de 24 horas, que pode revelar proteinúria significativa (>3.5 g/24 horas) indicativa de síndrome nefrótica

  • Albumina sérica: a hipoalbuminemia será observada na síndrome nefrótica

  • Perfil lipídico: a hiperlipidemia é comumente observada na síndrome nefrótica.

Investigação para nefropatia membranosa primária

Se houver suspeita de NM primária, os pacientes poderão ser testados para autoanticorpos para receptor de fosfolipase A2 de tipo M (PLA2R). Aproximadamente 80% dos pacientes com NM primária têm autoanticorpos contra PLA2R; portanto, esses anticorpos são altamente sugestivos de NM primária.[9]​ Dois testes para autoanticorpos anti-PLA2R foram aprovados pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA, e agora estão comercialmente disponíveis. Alguns centros no Reino Unido oferecem testes para autoanticorpos anti-PLA2R.

Os pacientes também podem ser testados para autoanticorpos 7A contendo domínios anti-trombospondina tipo 1 (THSD7A), presentes em cerca de 10% dos pacientes.​[19]

Os pacientes com NM devem ser avaliados para doenças associadas, independentemente da presença de anticorpos anti-PLA2R e/ou anti-THSD7A.[20]

Investigações de causas secundárias

Exames laboratoriais específicos para as causas secundárias devem incluir:

  • Sorologia para hepatites B e C

  • Testes da função hepática: se elevados, podem sugerir hepatite subjacente

  • Níveis de complemento (C3, C4 e CH50): podem estar reduzidos se a NM for associada ao LES

  • FAN: para descartar LES subjacente

  • Anti-ácido desoxirribonucleico (Anti-DNA) de fita dupla ou antígeno de anti-Smith, se os resultados do teste para fator antinuclear forem positivos: testes altamente específicos para LES

  • Anti-SS-B e anti-SS-A: níveis elevados sugerem síndrome de Sjögren subjacente

  • Sorologia para sífilis: pode ser necessária em grupos de alto risco

  • Investigações para malignidade subjacente: se a história ou o exame clínico gerar suspeita clínica de tumor em órgão sólido, deve-se então realizar o rastreamento apropriado. Não são recomendadas rotineiramente para todos os pacientes.

Exames por imagem

A ultrassonografia renal bilateral com avaliação por Doppler das artérias renais deve ser realizada para avaliar outras possíveis causas de função renal diminuída. Especificamente, a ultrassonografia é útil para avaliar o tamanho dos rins, com o objetivo de descartar a hidronefrose; para avaliar as pressões arteriais sistólicas, com o objetivo de descartar a estenose da artéria renal; e para avaliar os índices de resistência para a doença microvascular.

Biópsia renal

Os pacientes são encaminhados a um especialista, que decidirá sobre a biópsia renal. O diagnóstico definitivo baseia-se nos achados da biópsia, que permanece o teste mais sensível e específico.

Microscopia óptica

  • O espessamento da membrana basal glomerular (GBM) é difuso em todos os glomérulos na ausência de hipercelularidade significativa.

Microscopia de imunofluorescência

  • A imunoglobulina G (IgG) é observada em um padrão granular difuso, com C3 ao longo da GBM.

Microscopia eletrônica

  • Estágio 1: a microscopia óptica é normal; pequenos depósitos elétron-densos subepiteliais com distribuição segmentar podem ser observados; a obliteração de processos podais focais é uma característica constante.

  • Estágio 2: depósitos elétron-densos subepiteliais são observados com pequenas extensões da GBM (espículas); as espículas da GBM podem ser observadas com coloração de prata (segmentos da GBM entre depósitos densos).

  • Estágio 3: depósitos densos são incorporados na GBM; o espessamento da GBM é detectável por microscopia óptica.

  • Estágio 4: a GBM está evidentemente espessada, com depósitos elétron-densos iniciais agora elétron-lucentes.[21]

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