Abordagem

O tratamento depende da causa subjacente. A causa mais comum são medicamentos, mas a nefrite intersticial aguda (NIA) também pode ocorrer no contexto de infecção e doença inflamatória crônica. Deve-se buscar o conselho de um nefrologista. Os pacientes que não respondem rapidamente (em <1 semana) à retirada/tratamento da causa subjacente devem ser encaminhados a um nefrologista para tratamento imediato e para descartar outros diagnósticos, especialmente quando uma biópsia renal é indicada.

Relacionada a medicamentos

O tratamento inicial é a descontinuação do medicamento desencadeante, logo que houver suspeita de NIA. A duração prolongada da exposição a medicamentos que induzem à NIA está associada a chances menores de recuperação da função renal.[3] Após descontinuar o medicamento, a maioria dos pacientes apresentará resolução de sua lesão renal aguda e um retorno progressivo da função renal.[1][11]

Se o paciente estiver fazendo uso de vários medicamentos desencadeantes, não ficará claro qual medicamento é a causa. Nessa situação, todos os medicamentos devem ser trocados por medicamentos de uma classe diferente. Por exemplo, uma penicilina pode ser trocada por uma fluoroquinolona em vez de uma cefalosporina, e omeprazol pode ser trocado por ranitidina em vez de lansoprazol.

Os cuidados de suporte incluem atenção ao equilíbrio hídrico e eletrolítico. Deve haver monitoramento diário de eletrólitos, ureia e creatinina séricos de todos os pacientes durante o episódio agudo. As restrições de volume e sódio podem ser necessárias junto com a limitação da ingestão de potássio e fósforo. Diuréticos podem ser necessários para tratamento da retenção de líquidos. Se houver suspeita de que um diurético seja o fator desencadeante, deve-se usar um diurético de uma classe diferente. A diálise pode ser necessária se o paciente apresentar sintomas graves, ou distúrbio de equilíbrio hídrico ou metabólico grave que não esteja respondendo à terapia medicamentosa.

Atualmente, não existem ensaios clínicos randomizados e controlados para o uso de corticosteroides na NIA e as evidências existentes são baseadas em estudos observacionais.[28] Esses estudos mostram resultados conflitantes. Dois estudos não mostraram nenhum benefício dos corticosteroides sobre a recuperação da função renal; no entanto, em um desses estudos, o grupo que recebeu corticosteroide tinha uma função renal muito pior no momento da biópsia que o grupo de controle, enquanto outro estudo iniciou a administração de corticosteroides semanas após o diagnóstico.[29][30]​​ Outros estudos mostram um benefício para a recuperação da função renal depois da NIA com corticosteroides, principalmente quando iniciados de 1 a 2 semanas após o diagnóstico.[9][31][32]​​ Com base nesses dados, deve-se considerar um ciclo curto de prednisolona na maioria dos pacientes cuja função renal não melhora rapidamente após a suspensão do medicamento, a não ser que a corticoterapia seja contraindicada.[33] Isso deve ser realizado com os resultados de uma biópsia renal confirmando o diagnóstico de NIA e excluindo outros diagnósticos possíveis. Os corticosteroides devem ser continuados por 1 a 1.5 meses, de acordo com o tempo esperado de recuperação da função renal nesse período.

Relacionada a doença inflamatória crônica

Os corticosteroides são a terapia preferencial para nefrite intersticial associada a síndrome de Sjögren, sarcoidose, síndrome relacionada a imunoglobulina G4 (IgG4), lúpus eritematoso sistêmico (LES) e síndrome da nefrite túbulo-intersticial com uveíte (TINU).[4][14]​ A NIA devido a condições autoimunes geralmente requer tratamento de duração mais longa do que a NIA induzida por medicamentos e os corticosteroides devem ser mantidos por 2 a 3 meses. Pacientes com doença inflamatória crônica também podem estar fazendo uso de medicamentos desencadeantes conhecidos, e estes devem ser descontinuados.

Os cuidados de suporte são os mesmos de episódios relacionados a medicamentos (monitoramento de eletrólitos e função renal, restrições de volume e de sódio, diuréticos, diálise se necessário).

Se os pacientes apresentarem recidiva na supressão de tratamento com corticosteroides, deve-se repetir o ciclo. Alguns poucos pacientes apresentam recorrência de insuficiência renal sempre que a corticoterapia é descontinuada; esses pacientes são corticosteroide-dependentes e precisarão de tratamento de longo prazo.

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