Etiologia

A etiologia do prolapso uterino não é totalmente compreendida. O parto vaginal é um dos fatores de risco mais frequentes associado ao prolapso. Os pesquisadores sugerem que isso ocorre devido a danos no nervo pudendo, no tecido conjuntivo e na estrutura muscular durante o parto.[7][8]​​ Idade avançada, obesidade, cirurgia para prolapso prévia, fatores genéticos, ascendência branca, distúrbios do tecido conjuntivo e aumento da pressão intra-abdominal (por exemplo, doença obstrutiva das vias aéreas crônica, constipação crônica com esforço excessivo, levantamento de peso e atividade física intensa) também são conhecidos como fatores de risco.

As predisposições genéticas ou familiares ainda não são bem compreendidas. Observou-se um risco mais elevado em mulheres com mãe ou irmã que tenha relatado prolapso.[9] Em um estudo, a variante T do gene laminina subunidade gama 1 ( LAMC1) foi 5 vezes mais comum entre probandas com prolapso dos órgãos pélvicos (POP) do que na população geral.​[10]​ Essa variante afeta o sítio de ligação para o fator 3 estimulador da ligação de interleucina (NFIL3), um fator de transcrição que se verificou ser co-expresso no tecido vaginal. Assim, o polimorfismo nessa área pode aumentar a suscetibilidade a um POP de início precoce.[10]

Embora a menopausa geralmente seja citada como um fator de risco para POP, várias pesquisas não conseguiram encontrar uma associação com o status estrogênico.[2][5][6]​​[7]​​​​​​​​​​[11]​ Mulheres nulíparas também podem desenvolver a doença: por exemplo, após histerectomia.[12]

Fisiopatologia

O prolapso uterino é predominantemente um transtorno de mulheres parturientes no qual há danos à musculatura, ligamentos e nervos.

Os músculos do assoalho pélvico ficam contraídos no repouso e agem para fechar o hiato genital, fornecendo uma plataforma estável para as vísceras pélvicas. O tônus do músculo elevador do ânus é essencial para manter os órgãos pélvicos no lugar. Pode haver uma redução do tônus normal do músculo elevador do ânus por um trauma muscular direto ou uma lesão na denervação durante o parto vaginal. Isso resulta em um hiato urogenital aberto, alterando a placa elevadora do ânus para a orientação horizontal, o que causa o prolapso.[8] Em um estudo de caso-controle, a ressonância nuclear magnética (RNM) demonstrou que as mulheres com prolapso tiveram maior probabilidade de apresentarem defeitos anatômicos no músculo elevador do ânus. Consequentemente, nessas mulheres, o músculo elevador do ânus gerou menos força de fechamento vaginal durante a contração máxima.[13][14]

A fáscia endopélvica é a rede de tecido conjuntivo que envolve todos os órgãos da pelve e conecta-os livremente à musculatura de suporte e aos ossos da pelve. A disfunção do assoalho pélvico pode causar prolapso, o qual pode envolver especificamente a vagina anterior, posterior e apical, e o útero. O rompimento ou estiramento das ligações do tecido conjuntivo ocorre durante o parto vaginal ou a histerectomia (por qualquer via), como consequência de um esforço crônico, ou como parte do envelhecimento normal.[13] Pacientes com prolapso podem apresentar alteração no metabolismo do colágeno, e isso pode causar o prolapso.[13][15][16]​ As mulheres com hipermobilidade articular e distúrbios associados ao colágeno (por exemplo, síndrome de Ehlers-Danlos ou síndrome de Marfan) têm uma maior prevalência de prolapso dos órgãos pélvicos.[15][16][17]​​[18]

À medida que a vagina anterior perde suporte, também se perde suporte uretral e vesical, possivelmente afetando o mecanismo de continência. A incontinência urinária pode resultar de alterações no suporte vaginal.[19]​​​​ A hipermobilidade uretral pode facilmente ser diagnosticada por meio de observação clínica, pedindo-se à paciente que faça esforço. Nos estágios avançados do prolapso uterovaginal, a uretra é retorcida mecanicamente, podendo obstruir o fluxo urinário.

O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal