Abordagem

História

A etapa inicial para diagnosticar asbestose ou doença pleural relacionada a asbesto é colher uma história de exposição a asbesto que geralmente ocorreu há 20 anos ou mais. Deve-se obter a história ocupacional da vida toda, incluindo todos os trabalhos. A história de exposição a asbesto geralmente será identificada devido ao tipo de trabalho (estaleiro, construção, manutenção, mecânico de freio de veículo, cimento de asbesto, isolamento ou produção de pisos, telhas, gaxetas, freios ou produtos têxteis) que o paciente realizou; a exposição também pode ser identificada em crianças ou cônjuges de um operário que levou asbesto para casa em roupas e calçados.[1] Em algumas áreas geográficas, a ocorrência natural de asbesto ou poluição industrial coloca os habitantes em risco.[13][14]

O paciente pode se queixar de dispneia ao esforço e tosse seca e não produtiva. Esses dois sintomas aumentam com a progressão da doença, mas podem estar ausentes em um paciente com asbestose precoce e geralmente estão ausentes em pacientes apenas com alterações pleurais. Dor torácica não costuma ser observada em pacientes com asbestose ou alterações pleurais. Os sintomas de constrição torácica decorrente de dispneia podem ser confundidos com dor torácica. Dor torácica persistente intensa aumenta a preocupação sobre câncer, principalmente mesotelioma.

Exame físico

Os pacientes podem desenvolver estertores na ausculta pulmonar e baqueteamento digital nas mãos e nos pés, cianose ou diminuição da expansão torácica à medida que a gravidade da asbestose aumenta. Os estertores serão ouvidos primeiro na base do pulmão. Os achados físicos serão normais na doença pleural, a menos que o espessamento pleural seja difuso ou haja um derrame pleural benigno. Nesses casos, os murmúrios vesiculares serão diminuídos na ausculta e macicez à percussão pode estar presente.[1]

Investigações

A radiografia torácica é o exame de rastreamento inicial para pacientes cuja história sugira exposição a asbesto ou sintomas de dispneia. Alterações radiográficas mostrando alterações intersticiais lineares que são observadas inicialmente nos lobos inferiores são características de asbestose. Espessamento pleural no meio do tórax pode estar presente isoladamente ou em conjunto com alterações lineares no parênquima. A maioria das alterações pleurais não é calcificada.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Vista posteroanterior do tórax com alterações intersticiais lineares bibasilares compatíveis com asbestoseDo acervo pessoal de Kenneth D. Rosenman MD [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@74ba6674[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Vista posteroanterior do tórax com alterações pleurais "de frente" nas áreas centrais à direita e à esquerda (setas)Do acervo pessoal de Kenneth D. Rosenman MD [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@16762f7f[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Espessamento pleural difuso (pontas de setas) e cúpula diafragmática esquerda elevada (seta pontilhada)BMJ Case Reports 2009; doi:10.1136/bcr.06.2008.0253 [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@3a05c5e1[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Vista posteroanterior do tórax com espessamento pleural tipo "mesa" do diafragma esquerdo e espessamento pleural "de perfil" das áreas centrais dos pulmões esquerdo e direitoDo acervo pessoal de Kenneth D. Rosenman MD [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@2349d496​​ Se as alterações pleurais estiverem na parede torácica anterior ou posterior, poderão aparecer como alterações intersticiais em uma vista posteroanterior, mas não serão observadas no parênquima em uma vista lateral ou na tomografia computadorizada (TC). O critério clínico é fundamental na interpretação da qualidade técnica, anormalidades parenquimatosas e pleurais. Nenhuma característica radiográfica é patognomônica e algumas características não relacionadas podem mimetizar aquelas causadas pela exposição. O diagnóstico só deve ser realizado no contexto da história clínica e de outros resultados de exames. Para obter mais detalhes sobre a classificação do Escritório Internacional do Trabalho (ILO) de radiografias de pneumoconioses, consulte Critérios de diagnóstico.

Todos os pacientes com alterações radiográficas decorrentes de asbesto, exposição significativa a asbesto ou sintomas de dispneia devem fazer o teste de função pulmonar. Realize testes de função pulmonar de acordo com as diretrizes padrão.[16][17]​ De acordo com a gravidade da asbestose, a função pulmonar pode estar normal ou anormal. O volume expiratório forçado em 1 segundo (VEF₁) e a capacidade vital forçada (CVF) podem ser usados para demonstrar a limitação do fluxo aéreo. As alterações de doença restritiva incluem redução da CVF com razão VEF1/FEV na espirometria, redução da capacidade vital lenta (CVL) e da capacidade pulmonar total (CPT) na pletismografia e redução da capacidade de difusão do monóxido de carbono. Os pacientes com exposição a asbesto também podem apresentar alterações obstrutivas com VEF1 reduzida e aprisionamento de ar com aumento do volume residual.[18][19][20]​ O risco de alterações obstrutivas aumenta em pacientes com história de exposição a asbesto e tabagismo.[1][18]

A tomografia computadorizada de alta resolução (TCAR) é mais sensível que a radiografia torácica para identificar tanto a cicatrização parenquimatosa quanto a pleural.[1][4][8]​​ Deve-se realizar uma TCAR se o indivíduo tiver dispneia não explicada pela radiografia torácica ou pelos resultados do teste de função pulmonar. Ela também pode ser usada para caracterizar ainda mais a extensão da doença parenquimatosa ou confirmar se as alterações pleurais não são gordura subpleural. Devido questão de custo, a TCAR geralmente não é realizada em indivíduos assintomáticos caso a radiografia torácica e os testes de função pulmonar sejam normais.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Tomografia computadorizada (TC) do tórax mostrando vários exemplos de espessamento pleural, a maioria com calcificação (setas)Do acervo pessoal de Kenneth D. Rosenman MD [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@2270711[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Tomografia computadorizada (TC) confirmando espessamento simétrico (pontas de setas) com uma placa pleural calcificada (seta quebrada, canto superior direito) e uma área de atelectasia redonda (sinal de Blesovsky; seta pontilhada, canto inferior direito)Adaptado de BMJ Case Reports 2009; doi:10.1136/bcr.06.2008.0253 [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@75bae519

A biópsia broncoscópica geralmente não fornece tecido suficiente para descartar asbestose e limita-se à avaliação de câncer, ou quando há suspeita de outras condições clínicas. Devido à raridade da identificação de corpos de asbesto no líquido da lavagem, a lavagem broncoscópica tem pouca utilização clínica na avaliação de um paciente com suspeita de asbestose, exceto nos casos de pesquisa.

Biópsia pulmonar a céu aberto raramente é necessária para o diagnóstico. Seu uso deve ser limitado às situações nas quais houver suspeita de câncer ou na ausência de história conhecida de exposição a asbesto.

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