Novos tratamentos
Imunoterapia sublingual
A exposição oral gradativa a proteínas alimentares nativas induz as células T regulatórias no início do tratamento e resulta em desvio imune em direção às respostas Th1 não alérgicas mais tarde na terapia.[16] Em um estudo, os pacientes submetidos à imunoterapia sublingual (ITSL) com avelã conseguiram aumentar a dose limite média disparadora de reação, embora 50% dos sintomas dos pacientes tenham sido limitados à síndrome de alergia oral no momento da entrada no referido estudo.[84] Um estudo duplo-cego, controlado com placebo, sobre ITSL de amendoim demonstrou que os pacientes que receberam ITSL de amendoim conseguiram tolerar 20 vezes mais proteína do amendoim que o grupo-placebo.[85] Detectou-se uma diminuição significativa no diâmetro das pápulas no teste alérgico cutâneo por puntura, diminuição da responsividade dos basófilos e mudanças significativas na imunoglobulina (Ig) E e na IgG4 específicas ao amendoim no grupo de tratamento comparado com o grupo-do placebo. Há estudos em andamento para investigar a utilidade da ITSL com outros alimentos, sendo o uso destes ainda considerado experimental.
Imunoterapia oral
Um alérgeno alimentar é administrado em quantidades crescentes ao longo de um período de meses para aumentar o limite da dose desencadeante para pacientes alérgicos a alimentos. Vários estudos de imunoterapia oral (OIT) se concentraram no tratamento da alergia ao amendoim e mostraram que a maioria das crianças com alergia ao amendoim pode ser dessensibilizada com o uso da OIT. Em um estudo de fase III, crianças e adolescentes que eram altamente alérgicos ao amendoim foram randomizados para receber OIT com uma OIT derivada do amendoim ou placebo. As crianças que receberam a OIT derivada do amendoim foram capazes de ingerir doses mais altas de proteína de amendoim sem sintomas limitantes da dose em comparação com o grupo do placebo, e apresentaram menor gravidade dos sintomas durante a exposição ao amendoim no teste de desafio alimentar ao final do estudo.[86] O pó alergênico de amendoim (Arachis hypogaea) é uma OIT aprovada para uso em pacientes com idade entre 4 e 17 anos, com diagnóstico confirmado de alergia ao amendoim. No entanto, uma revisão sistemática e metanálise sobre OIT para alergia ao amendoim mostraram que, apesar de induzirem dessensibilização, os regimes de OIT aumentaram consideravelmente as reações alérgicas e anafiláticas em comparação com a evitação ou o placebo.[87] É importante observar que a maioria das reações experimentadas durante a OIT são leves e não impedem os participantes de continuar a terapia; a remissão imunológica sustentada não foi comprovada de forma convincente quando a OIT é descontinuada ou continuada em uma dose reduzida.[88][89][90] Essa última é uma limitação importante da OIT, uma vez que a maioria dos indivíduos alérgicos ao amendoim que recebem OIT precisará ingerir amendoim indefinidamente para manter o benefício protetor da OIT. Outras pesquisas se concentrarão na redução dos efeitos adversos associados à terapia e no desenvolvimento de biomarcadores substitutos para melhor caracterizar os pacientes alérgicos que responderão favoravelmente à terapia e aqueles para os quais seriam preferíveis outras opções de tratamento ou evitação rigorosa dos alérgenos. A OIT a outros alimentos, como leite e ovo, também se mostrou promissora.[91][92][93]
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Por exemplo, a ADP101, uma imunoterapia oral multialimentar mediada por IgE, recebeu a designação de tramitação rápida pela Food and Drug Administration (FDA) para o tratamento de alergias alimentares únicas ou múltiplas, incluindo a amêndoas, castanha de caju, ovo de galinha, bacalhau, leite de vaca, avelã, amendoim, noz-pecã, pistache, salmão, gergelim, camarão, soja, nozes e trigo. Um ensaio clínico multicêntrico, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo de fases I/II demonstrou que a ADP101 tem uma resposta de dessensibilização dose-dependente clinicamente significativa para pacientes pediátricos com algumas alergias alimentares.[94]
Imunoterapia com peptídeos
Diversos pequenos peptídeos são expostos aos epítopos das células T sem ligação cruzada de IgE. Demonstrou-se a eficácia em modelos murinos, porém, a tradução em humanos vem se mostrando difícil.[16]
Medicina fitoterápica chinesa
A fórmula herbácea contra alergia alimentar (Food Allergy Herbal Formula-2, FAHF-2) provou ser seguro em adolescentes e adultos; no entanto, a capacidade de melhorar a tolerância a alérgenos alimentares não foi demonstrada.[95] Os ensaios em andamento estão investigando o potencial do FAHF-2 para melhorar a segurança da OIT, quando usada em combinação com OIT de múltiplos alimentos.[96]
Omalizumabe
O omalizumabe, um anticorpo monoclonal anti-IgE, está aprovado pela FDA para alergia alimentar mediada por IgE em crianças de 1 ano ou mais e em adultos para a redução das reações alérgicas (inclusive anafilaxia) decorrentes da exposição acidental a um ou mais alimentos. Ele deve ser usado em conjunto com a evitação do alérgeno alimentar. O omalizumabe também demonstrou melhorar a segurança da imunoterapia oral com leite sem afetar a eficácia.[97] Um ensaio clínico em andamento está investigando o potencial do omalizumabe para aumentar o limiar de desencadeamento da dose para uma série de alérgenos alimentares em indivíduos alérgicos a vários alimentos e para melhorar a segurança da OIT de vários alimentos.[98]
Imunoterapia epicutânea
A imunoterapia epicutânea (EPIT) envolve a exposição prolongada da pele a um alérgeno através de um adesivo epicutâneo. Um estudo de fase III relatou uma resposta estatisticamente significativa à EPIT (35.3% vs 13.6% no braço placebo) em crianças alérgicas a amendoim com idades entre 4 e 11 anos.[99] No entanto, o limite inferior pré-especificado do critério de intervalo de confiança para um resultado positivo não foi alcançado.[99] Ensaios em andamento estão investigando a eficácia da EPIT de leite em crianças alérgicas ao leite e da EPIT de amendoim em crianças alérgicas ao amendoim de 1 a 3 anos de idade.[100][101]
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