Etiologia

A insuficiência venosa crônica (IVC) é causada por anormalidades funcionais nas veias dos membros inferiores. A anormalidade geralmente é o refluxo, mas também pode ser obstrução crônica ou uma combinação dos dois. Ela ocorre em até 50% das pessoas dentro de 5-10 anos após um episódio de trombose venosa profunda (TVP).[9] A ausência congênita das valvas venosas é uma causa menos comum, e veias varicosas primárias isoladas (incompetência superficial pura) dificilmente causam IVC grave.

Fisiopatologia

O retorno venoso normal dos membros para o coração requer a presença de bombas musculares normais na panturrilha e nos pés, veias desobstruídas e valvas competentes. Teoricamente, problemas com algum desses sistemas podem resultar em insuficiência venosa.

A insuficiência venosa crônica (IVC) grave geralmente resulta de refluxo valvar crônico, menos comumente em decorrência de obstrução venosa e frequentemente devido a uma combinação de ambos. Essas mudanças fisiopatológicas produzem hipertensão venosa na deambulação. Enquanto andam, as pessoas com função venosa normal têm uma pressão venosa nos membros relativamente baixa (<20 mmHg). Esse valor pode ser maior que o dobro em pessoas com incompetência profunda do sistema.

O grupo típico de achados que ocorrem inclui edema, lipodermatoesclerose e consequente ulceração. Caracteristicamente, a lipodermatoesclerose resulta de proliferação capilar, necrose gordurosa e fibrose da pele e dos tecidos subcutâneos. A hiperpigmentação (geralmente uma descoloração marrom avermelhada) do tornozelo e da parte inferior da perna também é conhecida como edema vigoroso. Ela resulta do extravasamento de sangue e do depósito de hemossiderina nos tecidos em decorrência de hipertensão venosa na deambulação prolongada.

A hipótese do manguito de fibrina de Burnand sugere que o problema é a hipertensão venosa com extravasamento resultante de proteínas plasmáticas e fibrinogênio para os tecidos moles, resultando em um manguito de fibrina em torno dos capilares e hipóxia tecidual. A teoria de aprisionamento de leucócitos de Coleridge-Smith sugere que os leucócitos são aprisionados nos capilares devido à hipertensão venosa, com escape secundário de proteínas para o espaço intersticial e resultante diminuição da oxigenação dos tecidos.[10]

Classificação

Atualizações de 2020 do sistema de classificação clínica, etiológica, anatômica e fisiopatológica (CEAP)​[1]

A classificação CEAP é um padrão reconhecido internacionalmente para descrever pacientes com distúrbios venosos crônicos, originalmente desenvolvido em 1993 e atualizado em 1996, 2004 e 2020. Baseia-se em manifestações clínicas, etiologia, anatomia envolvida e patologia venosa subjacente.[1]

O sistema de estadiamento é amplo, mas a classe clínica é o único aspecto de uso comum.

Classe clínica

  • C0: sem sinais visíveis ou palpáveis de doença venosa

  • C1: telangiectasias ou veias reticulares

  • C2: veias varicosas

  • C2r: veias varicosas recorrentes

  • C3: edema

  • C4: alterações na pele e no tecido subcutâneo decorrentes de doença venosa crônica (agora dividida em três subclasses para definir melhor os diferentes níveis de gravidade da doença venosa)

    • C4a: pigmentação ou eczema

    • C4b : lipodermatoesclerose ou atrofia branca

    • C4c: corona flebectática

  • C5 : úlcera venosa cicatrizada

  • C6 : úlcera venosa ativa

  • C6r: úlcera venosa ativa recorrente.

Cada classe clínica pode ser subcaracterizada da seguinte forma:

  • S: sintomático (incluindo dor, rigidez, irritação na pele, sensação de peso, cãibras musculares e outras queixas que podem ser atribuídas à disfunção venosa)

  • A: Assintomático.

Classe etiológica

  • Ec: congênita

  • Ep: primária

  • Es: secundária

    • Esi: secundária - intravenosa

    • Ese: secundária - extravenosa

  • En : nenhuma causa venosa identificada

Classe anatômica

  • As : veias superficiais

  • Ap : veias perfurantes

  • Ad : veias profundas

  • An: nenhum local venoso identificado.

Classe fisiopatológica (acompanhada da localização anatômica)

  • Pr : refluxo

  • Po: obstrução

  • Pr,o : refluxo e obstrução

  • Pn: nenhuma fisiopatologia venosa identificada.

IVC corresponde a C3 a C6 da classificação CEAP.[2]

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