Abordagem
Os derrames pericárdicos não são um fenômeno "tudo ou nada". Há uma série contínua de sintomas e efeitos hemodinâmicos. Os derrames pericárdicos podem apresentar resolução espontânea ou depois de tratamento anti-inflamatório, geralmente com anti-inflamatórios não esteroidais ou colchicina. Um pequeno derrame pleural que não esteja causando problemas hemodinâmicos e esteja se resolvendo pode ser manejado com tratamento anti-inflamatório contínuo e observação.[11] Geralmente, isso é adequado para um paciente hemodinamicamente estável sem evidência de tamponamento (por exemplo, hipotensão; pulso paradoxal <10 mmHg) com nenhuma deterioração recente e um derrame presente por mais de 1 mês. O ecocardiograma deve ser repetido durante o período de observação; e o derrame deve ser drenado se houver nova compressão do ventrículo direito.[29]
Se o paciente desenvolver instabilidade hemodinâmica, uma ação urgente deve ser realizada para drenar o pericárdio. Os sinais de alerta de instabilidade hemodinâmica incluem qualquer um dos seguintes:[29]
Pressão arterial (PA) sistólica em queda ou PA <110 mmHg
Pulso paradoxal >10 mmHg
Derrame presente por <1 mês
Achados ecocardiográficos de um derrame maior que 20 mm
Colapso do ventrículo direito no ecocardiograma.
As bases da terapia são a estabilização com drenagem e o diagnóstico e tratamento da causa. A terapia medicamentosa é geralmente ineficaz no tratamento do tamponamento. A fluidoterapia intravenosa pode ser administrada em pacientes hipovolêmicos; no entanto, a estabilidade será apenas temporária. Os inotrópicos são ineficazes. A ventilação mecânica de pressão positiva pode reduzir mais o enchimento cardíaco, já que aumenta a pressão intratorácica.[29]
Um cirurgião experiente pode tentar realizar a drenagem guiado por fluoroscopia ou ecocardiografia. A drenagem cirúrgica é indicada para hemopericárdio, trauma ou derrame purulento e é a opção preferida em derrames malignos. Nenhum estudo randomizado mostrou melhores desfechos com qualquer tipo de drenagem. Na prática, o meio de descompressão mais utilizado e prontamente disponível é recomendável. Todos os pacientes devem ser monitorados quanto à descompensação pós-pericardiocentese.[11]
Pericardiocentese
A pericardiocentese é contraindicada na dissecção da aorta e relativamente contraindicada em pacientes com coagulopatia grave.[11] Complicações importantes incluem laceração das coronárias ou do miocárdio, laceração de vísceras (por exemplo, fígado), êmbolos de ar, pneumotórax, punção peritoneal ou arritmias.[30] As complicações graves da pericardiocentese ocorrem em 1.5% a 2.0% utilizando-se a ecocardiografia como guia e em cerca de 1% quando é guiada pela fluoroscopia.[23][31]
No colapso hemodinâmico súbito com extenso derrame pericárdico, a pericardiocentese deve ser realizada imediatamente, independente da disponibilidade de procedimentos de imagem.[4]
Drenagem emergencial
A drenagem emergencial de um derrame que está causando tamponamento é um procedimento que pode salvar vidas.[11] Na ausência de tamponamento clínico, o derrame isolado da câmara diastólica direita não é uma indicação para drenagem emergencial de um derrame não traumático se a PA sistólica estiver >110 mmHg, o pulso paradoxal for <10 mmHg e houver uma variação <25% do influxo ventricular no registro do Doppler.[29]
O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal