Prevenção primária

Várias úlceras por pressão são evitáveis com o uso de medidas preventivas adequadas.

Programas preventivos bem sucedidos resultam em melhores resultados para os pacientes e são custo-efetivos.[26] As estratégias de prevenção eficazes incluem, pelo menos, dois componentes primários: identificação dos indivíduos em risco e tratamento ativo dos fatores de risco identificados por meio do uso de intervenções apropriadas.[17][27]

Identificação dos indivíduos em risco

Todos os pacientes deveriam ser avaliados quanto ao risco de desenvolvimento de úlceras por pressão na admissão e, depois, periodicamente.[28] As ferramentas de avaliação de risco que ajudam a avaliar a necessidade de um paciente de prevenção da úlcera por pressão incluem as escalas Norton, Waterlow, Braden, Ramstaidus e Escala de Risco de Úlcera por Pressão InterRAI.[29][30][31][32][33] [ Escala de Norton para a estratificação do risco de ferida por pressão Opens in new window ] Prevention Plus: Braden scale for predicting pressure sore risk Opens in new window Não há evidências suficientes que mostrem o efeito dessas ferramentas na prevenção das úlceras por pressão.[34] [ Cochrane Clinical Answers logo ] Uma revisão sistemática constatou que, embora não houvesse redução na incidência de úlceras por pressão, as escalas Braden e Norton foram mais precisas que o julgamento clínico de enfermeiras para previsão do risco de úlceras por pressão.[35]

  • Escala de Norton: avalia o risco do paciente de desenvolver úlcera por pressão ao examinar a condição física e mental, a atividade, a mobilidade e a incontinência.

  • Ferramenta de Waterlow: escores de estrutura corporal/peso para altura, tipo de pele/áreas de risco visual, sexo e idade, ferramenta de rastreamento para desnutrição, continência, mobilidade e outros riscos.

  • Escala de Braden: compreende percepção sensorial, umidade, atividade, mobilidade, nutrição, fricção e cisalhamento.

  • Escala de Risco de Úlcera por Pressão InterRAI: compreende mobilidade no leito, caminhada no quarto, continência intestinal, alterações de peso, história de úlcera por pressão curada, sintomas de dor e dispneia.

  • Ferramenta de Ramstadius: usa um algoritmo para avaliar fatores de risco específicos em vez de um escore.

A avaliação de risco abrangente envolve mais que o uso de uma dessas ferramentas de previsão. As escalas examinam apenas poucos domínios e vários fatores importantes, que colocam o paciente em risco aumentado para as úlceras por pressão, não são considerados. Todos esses fatores devem ser identificados.

Intervenções para evitar as úlceras por pressão

Estas devem ser adaptados às necessidades exclusivas de cada paciente e abordar áreas identificadas com base em uma avaliação abrangente do risco.[17][36]

É fundamental o alívio da pressão pelo reposicionamento dos pacientes e pelo uso de uma superfície de apoio adequada.[37][38] Um ensaio clínico randomizado e controlado (ECRC) de 2011 mostrou que virar o paciente a cada 3 horas evitava o desenvolvimento das úlceras por pressão.[39] As diretrizes recomendam que a frequência do reposicionamento seja determinada com base no nível de atividade, na mobilidade e na capacidade do indivíduo de reposicionar-se de forma independente.[17] Em muitas instituições, o reposicionamento a cada 2 horas é o padrão de assistência para os indivíduos em risco. No entanto, isso pode ser difícil de ser feito em um ambiente clínico movimentado. O uso de sistemas de aviso para encorajar o reposicionamento programado deve ser incentivado.[40]

As superfícies de apoio especializadas são melhores que os colchões comuns de hospitais para evitar as úlceras por pressão.[17][41][36][42] [ Cochrane Clinical Answers logo ] Contudo, as evidências quanto à superioridade de uma superfície de apoio especializada sobre outra são mais limitadas. Em um ensaio clínico randomizado, realizado com 1972 em pacientes hospitalizados com mobilidade limitada, não foram observadas diferenças na incidência de úlceras por pressão com o uso de um colchão de pressão alternante comparado com uma sobrecamada de pressão alternante.[43] Outro estudo, realizado com 2029 pacientes em 42 hospitais do Reino Unido, não constatou nenhuma diferença no tempo até o desenvolvimento de uma úlcera por pressão de categoria 2 ou superior para pacientes tratados com um colchão de pressão alternante quando comparado com um colchão de espuma de alta especificação.[44] Entre os usuários de cadeira de rodas em instituições asilares, uma almofada para proteção da pele mostrou-se superior a uma almofada de espuma segmentada na prevenção de úlceras nas tuberosidades sacral e isquiática.[45] Nos pacientes com fratura de quadril, um dispositivo de elevação do calcanhar, associado a uma superfície de apoio para redistribuir a pressão, reduz a incidência de úlceras no calcanhar.[46]

Dispositivos de monitoramento que fornecem feedback contínuo sobre pressões ajudam no reposicionamento e na prevenção das úlceras por pressão.[47] As outras intervenções incluem suporte nutricional e uso de emolientes para preservar a barreira cutânea, particularmente sobre o sacro.[48] [ Cochrane Clinical Answers logo ] Embora curativos com várias camadas de espuma sobre proeminências ósseas possam ajudar a prevenir as úlceras por pressão, as evidências de ensaios são modestas.[49][50][51]

O sucesso das tentativas de implementação de programas de prevenção exige uma equipe multidisciplinar para identificar as boas práticas para uma organização.[52] AHRQ: preventing pressure ulcers in hospitals: a toolkit for improving quality of care Opens in new window Os principais componentes incluem a padronização e a documentação das intervenções, a indicação de "protetores da pele", o uso de auditorias e feedback, além da educação da equipe.

Prevenção secundária

A prevenção do dano por pressão depende da inspeção regular da pele de todos os pacientes considerados em risco potencial e do uso imediato de itens auxiliares na redução da pressão tão logo os primeiros sinais de dano apareçam ou haja suspeita deles. Ferramentas para avaliação de riscos capazes de avaliar as necessidades dos pacientes no sentido de evitar as úlceras por pressão estão disponíveis, mas não há evidências sugestivas de que elas reduzam a incidências dessas úlceras.[101][36][34] [ Cochrane Clinical Answers logo ] Alterações relativamente pequenas na saúde física ou mental do paciente podem ter grandes implicações sobre sua predisposição ao dano por pressão, de modo que a inspeção regular é essencial caso isso ocorra. Os pacientes que já apresentaram lesões por pressão anteriormente têm maior risco. Especialmente em bebês, deve ser dada atenção ao posicionamento de tubos e cateteres, pois eles podem causar dano localizado ao tecido em áreas que, em geral, não estão em risco de desenvolver lesões por pressão.

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