Prognóstico

Para pacientes com estenose leve ou moderada, a área da valva aórtica diminui em média em 0.1 cm²/ano e o gradiente médio aumenta em 7 mmHg anualmente.[78] Recomenda-se que pacientes com estenose aórtica (EA) moderada façam uma ecocardiografia a cada 1 a 2 anos e aqueles com EA leve façam uma a cada 3 a 5 anos.[26] É importante notar que a taxa de progressão é extremamente variável, podendo assim os períodos de acompanhamento variar entre indivíduos.

O início dos sintomas é um marco significativo e indica um prognóstico desfavorável, com uma média de sobrevida de somente 2 a 3 anos sem cirurgia. Entre 8% e 34% dos pacientes sintomáticos morrem repentinamente.[79] Assim, é essencial que pacientes sintomáticos sejam encaminhados para substituição cirúrgica da valva aórtica.

Substituição cirúrgica da valva aórtica é uma terapia extremamente eficaz. Avanços no desenho de valvas protéticas, derivação cardiopulmonar, técnica cirúrgica e anestesia têm melhorado de forma constante os resultados da cirurgia da valva aórtica. Uma análise do banco de dados de 2006 da American Society of Thoracic Surgery (STS) mostra que, durante a década anterior, o risco de mortalidade na substituição cirúrgica isolada da valva aórtica diminuiu de 3.4% para 2.6%. Nos pacientes <70 anos na data da cirurgia, o risco de mortalidade é de 1.3%.[46] Os pacientes que sobrevivem à cirurgia têm uma expectativa de vida quase normal, com sobrevida relativa de 5, 10 e 15 anos em 99%, 85% e 82%, respectivamente.[80][81] Quase todos os pacientes mostram melhora de fração de ejeção e de sintomas de insuficiência cardíaca, sendo o benefício mais significativo observado naqueles com sintomas pré-operatórios mais avançados.[82][83] Para aqueles que não melhoram, devem considerar-se fatores como disfunção da valva, melhora menor que a esperada na função pré-operatória do ventrículo esquerdo, incompatibilidade valva-prótese e outras comorbidades clínicas.

Pacientes adequadamente selecionados com todos os níveis de risco cirúrgico podem ser submetidos à substituição cirúrgica da valva aórtica ou substituição transcateter da valva aórtica (STVA), enquanto pacientes com risco proibitivo (ou seja, que não são candidatos à cirurgia) devem ser encaminhados à STVA se a sobrevida predita após STVA for superior a 12 meses.[59][26] No estudo PARTNER, comparando cirurgia e STVA em pacientes de alto risco, a redução dos sintomas e da mortalidade foram semelhantes em 2 e 5 anos para cada modalidade.[52][53] Os riscos peri-procedimento foram diferentes em 30 dias; complicações vasculares e eventos neurológicos, como AVC, ocorreram mais frequentemente após STVA, enquanto sangramentos de grande porte e novos episódios de fibrilação atrial foram mais comuns após o tratamento cirúrgico.[54]​​[55] Lesão renal aguda e nova implantação de marca-passo foram complicações de ambas as intervenções, com taxas semelhantes.[54]​ Em 2 e 5 anos, as melhoras ecocardiográficas na área valvar e nos gradientes médios foram semelhantes em ambos os grupos, mas regurgitação aórtica total e paravalvar foram encontradas mais frequentemente após a STVA.[52][53][57] O estudo PARTNER comparou a terapia padrão, incluindo valvoplastia aórtica com balão, com STVA em pacientes com risco cirúrgico proibitivo (ou seja, não candidatos a cirurgia) e constatou uma redução absoluta de 20% em mortalidade em 1 ano, a favor da STVA.[60] Em 3 anos, a mortalidade com STVA foi de 54.1% comparada a 80.9% com terapia padrão, enquanto em 5 anos, a mortalidade foi de 71.8% e 93.6%, respectivamente.[61][62] Os sintomas de insuficiência cardíaca melhoraram entre 30 dias e 6 meses, enquanto em 3 anos 29.7% dos pacientes no grupo STVA estavam vivos com sintomas de classe I/II da New York Heart Association, em comparação com 4.8% dos pacientes no grupo de terapia padrão.[60][61][63] Pacientes tratados com STVA revelaram também melhoras significativas na avaliação de qualidade de vida relacionada à saúde, em comparação com aqueles que receberam terapia padrão.[64]

Muitos pacientes com valvas aórticas bicúspides necessitarão da substituição da valva em algum momento de suas vidas. Após substituição da valva, pacientes com valvas bicúspides têm benefícios significativos de redução da mortalidade e melhora de sintomas. Porém, eles se mantêm em risco de dissecção da aorta e precisam de acompanhamento seriado nessa complicação potencial.

O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal