Etiologia

Doença arterial coronariana, hipertensão, insuficiência cardíaca, valvopatia, diabetes, sepse, doença renal crônica, distúrbios da tireoide, cirurgia cardíaca, DPOC, apneia obstrutiva do sono, estilo de vida sedentário e idade avançada são fatores de risco conhecidos para o desenvolvimento de um novo episódio de FA.[1][11][17][23][24][25][26][27]​ Contudo, a FA pode ocorrer na ausência de qualquer doença subjacente, cardíaca ou não: por exemplo, pelo consumo abusivo de bebidas alcoólicas.[23][28][29][30]

Fisiopatologia

A fisiopatologia da FA envolve várias etiologias e alterações eletrofisiológicas complexas para as quais a FA é a via final comum.[1][23][31][32][33]​ A presença de focos de disparo rápido, geralmente nas veias pulmonares, pode desencadear a FA, que então se mantém pela eletrofisiologia alterada dos átrios fibrosados e, muitas vezes, dilatados. A fibrose e a inflamação dos átrios causam uma diferença nas propriedades de condução e nos períodos refratários no tecido atrial e promovem a reentrada elétrica que resulta na FA. O fracionamento de uma onda mãe em várias ondulações na presença de um átrio aumentado em conjunção com os períodos refratários curtos e as propriedades de condução lenta dos átrios levam à FA sustentada.[32][34][35]

[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Várias ondulações de fibrilação atrial competem umas com as outras no átrio e bombardeiam o nó atrioventricular com muitos sinais.Extraída de: Cox D, Dougall H. Student BMJ. 2001;09:399-442 [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@20e345bf

A FA também pode ser resultado da degeneração de outras arritmias rápidas, como taquicardia atrial, flutter atrial ou taquicardia por reentrada no nó atrioventricular (AV) e taquicardia AV reentrante. A última ocorre na presença de uma via acessória congênita, seja manifesta ou oculta (síndrome de Wolff-Parkinson-White).[23][31][33]

Embora a frequência ventricular elevada da FA possa causar um aumento no fluxo coronário, isso pode não ser adequado para compensar o aumento na demanda de oxigênio miocárdico que ocorre como resultado da irregularidade no ritmo ventricular.[36] Assim, a isquemia cardíaca pode se desenvolver até nos pacientes sem doença arterial coronariana (DAC), e isso contribui para a disfunção ventricular esquerda e os subsequentes sintomas de desconforto no peito, tontura e dispneia.[36]

A FA está associada a maior risco de tromboembolismo.[34] A FA causa a ativação da cascata de coagulação, mudanças estruturais (tanto como causa quanto como efeito da FA) promovem a formação de coágulos, e a perda da sístole atrial causa uma estagnação relativa do sangue.[37]

Classificação

Classificação e definição dos subtipos de FA

As diretrizes práticas para o tratamento de pacientes com FA desenvolvidas pelo American College of Cardiology, pela American Heart Association, pela European Society of Cardiology e pela Heart Rhythm Society classificam e definem a FA entre os seguintes tipos:[1][2][3]

  • FA paroxística: FA recorrente (>1 episódio ≥30 segundos de duração) que cessa espontaneamente ou com intervenção em até 7 dias.

  • FA persistente: FA que é mantida continuamente por mais de 7 dias, incluindo episódios interrompidos por cardioversão após 7 dias ou mais.

  • FA persistente de longa duração: subgrupo da FA persistente que se mostra contínua por >1 ano.

  • FA permanente: FA refratária à cardioversão, e o ritmo sinusal não pode ser restaurado ou mantido, de modo que a FA é aceita como um ritmo definitivo. Uma decisão foi tomada pelo paciente e pelo médico de não realizar a restauração do ritmo sinusal por nenhum meio, incluindo ablação cirúrgica ou por cateter.

  • FA subclínica: o termo FA subclínica geralmente representa episódios assintomáticos de FA detectados por dispositivos eletrônicos cardíacos implantáveis ou por monitores cardíacos.

Os termos a seguir não são mais recomendados:[1]

  • FA não valvar: FA na ausência de estenose mitral reumática, uma valva cardíaca mecânica ou bioprotética, ou reparo da valva mitral. Os termos valvar/não valvar diferenciam os pacientes com FA na presença/ausência de estenose mitral moderada ou grave ou valva cardíaca protética. A European Society of Cardiology adverte que essa terminologia pode ser confusa e, portanto, deve ser evitada.[2]

  • FA isolada: o termo "FA isolada" aplica-se aos pacientes com <60 anos de idade, sem evidências ecocardiográficas ou clínicas de doença cardíaca, pulmonar ou circulatória. No entanto, como as definições são variáveis e todos os pacientes com FA têm alguma forma de base fisiopatológica, o termo “FA isolada” é potencialmente confuso e não deve ser usado.

  • FA crônica: tem várias definições. Para obter mais informações sobre a FA crônica, consulte Fibrilação atrial estabelecida.

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