Abordagem
A foliculite não complicada é autolimitada e, geralmente ,não requer intervenção médica. Entretanto, a foliculite infecciosa recorrente requer atenção médica.
Depois que o micro-organismo etiológico é determinado por investigação laboratorial, a antibioticoterapia é orientada pelos organismos-alvo e sensibilidades da cultura.
Casos graves de foliculite podem evoluir para abscessos, que são tratados com antibióticos e incisão e drenagem.[38]
Foliculite superficial não complicada, organismo desconhecido
Embora o organismo causador seja desconhecido, o Staphylococcus aureus provavelmente estará presente. Para a foliculite superficial não complicada, pode ser suficiente adotar medidas preventivas simples, como usar sabonetes antibacterianos ou usar roupas folgadas. A lavagem regular com sabonete antibacteriano e/ou com preparações de peróxido de benzoíla nas regiões de pelos pode ser útil na redução da ocorrência da foliculite. Também é útil vestir roupas folgadas e porosas, bem como permanecer em ambiente frio e seco.
Staphylococcus aureus
A terapia antiestafilocócica é orientada pelas sensibilidades da cultura. Na foliculite por S aureus, o organismo pode ser suscetível ou resistente à meticilina no teste de sensibilidade. Uma antibioticoterapia específica é escolhida com base nos resultados de sensibilidade da cultura. Por exemplo, penicilinas resistentes à penicilinase, como a dicloxacilina ou uma cefalosporina, são geralmente usadas porque o S aureus costuma ser resistente à penicilina.[39] Para a espécie S aureus resistente à meticilina, os tratamentos recomendados são a clindamicina, o sulfametoxazol/trimetoprima, as tetraciclinas ou a linezolida.
Se a área envolvida for generalizada ou persistente, antibióticos sistêmicos poderão ser indicados. Há muito tempo a vancomicina intravenosa é o tratamento de primeira escolha para as infecções localmente profundas ou sistêmicas por Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA). Recomendações sobre o uso apropriado e a prevenção/controle da disseminação da resistência à vancomicina devem ser consideradas. Se um paciente for identificado como portador de MRSA por culturas nasais, axilares ou da virilha, na ausência da infecção clinicamente ativa, ele poderá ser tratado para a eliminação do estafilococo com antibioticoterapias tópicas, como a aplicação de mupirocina tópica intranasal.[40] CDC: methicillin-resistant Staphylococcus aureus (MRSA) Opens in new window
Gram-negativa
A foliculite Gram-negativa geralmente é observada em pacientes submetidos a antibioticoterapia oral de longo prazo, e está associada a infecções por Klebsiella, Enterobacter ou Proteus.[39] Os antibióticos que estiverem sendo administrados para acne deverão ser descontinuados, e a pele deverá ser lavada com preparações de peróxido de benzoíla. Um tratamento antibiótico alternativo pode ser considerado, orientado pela microbiologia. Nos casos exuberantes ou recalcitrantes, considere o encaminhamento para dermatologia para isotretinoína oral.[41][42]
Na foliculite de banheira de hidromassagem causada por Pseudomonas aeruginosa, a erupção geralmente é autolimitada e não requer tratamento sistêmico com antibióticos.[39] No entanto, se a erupção for intensa ou ocorrer em um hospedeiro imunocomprometido, poderá ser usado o ciprofloxacino (uma fluoroquinolona) com cautela. Os efeitos adversos podem incluir tendinite, ruptura de tendão, artralgia, neuropatias e outros efeitos sobre os sistemas musculoesquelético ou nervoso. O uso de fluoroquinolonas foi restrito a determinadas indicações.[43] Além dessas restrições, a Food and Drug Administration dos EUA emitiu avisos sobre o aumento do risco de dissecção da aorta, hipoglicemia significativa e efeitos adversos para a saúde mental em pacientes que tomam fluoroquinolonas.[44][45]
Acredita-se que a foliculite de banheira de hidromassagem esteja associada a água com nível insuficiente de cloro. Assim, as águas das banheiras de spa devem ser mantidas com concentração adequada de cloro e trocadas frequentemente.[39]
Fungos
Na foliculite dermatofítica, a terapia antifúngica tópica (xampu e creme à base de cetoconazol) pode ser útil em alguns casos. É provável que a terapia sistêmica com itraconazol ou terbinafina oral seja mais eficaz. Embora alguns clínicos prefiram a terapia antifúngica oral contínua por 2 ou 3 semanas, outros preferem a pulsoterapia mensal.
Na foliculite por Pityrosporum, a terapia antifúngica tópica (xampu e creme de cetoconazol) é usada em casos leves. Em casos recorrentes de foliculite por Pityrosporum, considere a terapia sistêmica com fluconazol ou itraconazol.[28]
Na foliculite por Candida, a terapia com fluconazol ou o itraconazol geralmente é eficaz.[46]
Herpes simples
Aciclovir, valaciclovir ou fanciclovir por via oral devem ser administrados para tratar a foliculite por herpes simples. Geralmente, é recomendado um ciclo de 5 a 10 dias de terapia antiviral.
Demodex
Um creme tópico de permetrina ou terapia sistêmica com ivermectina são usados para tratar a foliculite por Demodex.
Foliculite induzida por medicamentos
O tratamento de primeira linha da foliculite induzida por medicamentos é interromper e evitar o agente desencadeante. Se o paciente não puder interromper o medicamento, a tretinoína tópica é uma opção, uma vez que a foliculite induzida por medicamentos é geralmente acneiforme.[29]
Eosinofílica
O manejo dessa doença requer a consulta a um especialista. O tratamento de primeira linha para a foliculite pustulosa eosinofílica é a indometacina por via oral. Há relatos sobre vários tratamentos de segunda linha que controlam a doença com resultados inconsistentes. Eles incluem a fototerapia UV-B, a minociclina e a dapsona. Entretanto, o sucesso do tratamento é baseado principalmente em relatos anedóticos. Para prurido associado, antipruriginosos tópicos, corticosteroides tópicos e anti-histamínicos orais podem ser usados.
Em alguns pacientes com foliculite eosinofílica associada ao HIV, o tratamento da infecção por HIV subjacente com terapia antirretroviral leva à resolução dos sintomas. Em casos que não demonstrarem melhora com a terapia antirretroviral, talvez seja necessário o uso de anti-histamínicos e orais e corticosteroides tópicos potentes, combinados com fototerapia UV-B.
A foliculite pustulosa eosinofílica na infância é uma doença autolimitada e tende a apresentar uma evolução benigna. O prurido associado pode ser tratado com corticosteroides tópicos e anti-histamínicos orais durante os surtos.
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