Abordagem

Quadro clínico

O diabetes do tipo 1 pode ser diagnosticado em qualquer idade, com pico entre os 10 a 14 anos de idade.[13]

Em crianças e jovens com menos de 18 anos de idade, os sinais do diabetes tipo 1 incluem:[34]

  • Hiperglicemia (glicemia aleatória ≥11.1 mmol/L [≥200 mg/dL])

  • Poliúria

  • Polidipsia

  • Perda de peso

  • Cansaço excessivo.

Podem ocorrer outros sintomas, como visão turva.[35]

Os adultos com diabetes do tipo 1 normalmente apresentam hiperglicemia e, geralmente (mas nem sempre), um ou mais entre os seguintes aspectos:[36]

  • Cetose

  • Perda de peso rápida

  • Idade <50 anos

  • IMC <25 kg/m²

  • História pessoal e/ou familiar de doença autoimune.

Raramente, um paciente adulto é diagnosticado com diabetes do tipo 1 durante exames de sangue rotineiros. Esta afecção é diagnosticada muito antes do desenvolvimento das complicações crônicas.

Alguns pacientes apresentam cetoacidose diabética, uma complicação aguda do diabetes do tipo 1.[37][38] Esses pacientes têm sintomas de desidratação e acidose como náuseas, vômitos, dor abdominal, taquipneia, taquicardia e letargia. Consulte nosso tópico Cetoacidose diabética.

Há também uma forma de progressão lenta de diabetes autoimune conhecida como diabetes autoimune latente do adulto (LADA).[2] O paciente com LADA pode não necessitar de tratamento com insulina por alguns anos e, portanto, pode ser confundido com diabetes do tipo 2 nos estágios iniciais.[2] Os elementos que sugerem a presença de LADA em vez de diabetes do tipo 2 incluem dois ou mais dos seguintes fatores: idade de início <50 anos, sintomas agudos, índice de massa corporal (IMC) inferior a 25 kg/m² e história pessoal ou familiar de doença autoimune.[4]

Diagnóstico em crianças

Suspeite de diabetes em crianças e jovens com menos de 18 anos de idade com base nos critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS):[34][1]

  • Em um paciente sintomático, glicemia aleatória ≥11.1 mmol/L (≥200 mg/dL) ou

  • Glicemia de jejum ≥7.0 mmol/L (≥126 mg/dL) ou

  • Nível de glicose plasmática ≥11.1 mmol/L (≥200 mg/dL) 2 horas depois de uma carga de glicose oral de 75 g

  • Hemoglobina glicosilada (HbA1c) ≥6.5% (≥48 mmol/mol).

Lembre-se de que, na maioria dos casos, é necessário repetir o exame para confirmação.

Se você suspeitar que a criança tem diabetes do tipo 1, consulte imediatamente (no mesmo dia) uma equipe multidisciplinar especializada em diabetes pediátrico que possa confirmar o diagnóstico e prestar assistência imediata.[34]

Considere o diabetes do tipo 1 nas crianças e jovens, a menos que haja fortes indicações de diabetes do tipo 2, diabetes monogênico ou mitocondrial.[34] Consulte nosso tópico Diabetes tipo 2 em crianças.

  • Considere diabetes tipo 2 nas crianças ou jovens com suspeita de diabetes que:[34]

    • Tenham forte história familiar de diabetes do tipo 2.

    • Estejam obesos à apresentação

    • Sejam de origem familiar negra ou asiática

    • Não tenham necessidade de insulina ou tenham necessidade de insulina inferior a 0.5 unidade/kg de peso corporal/dia após a fase de remissão parcial

    • Apresentem evidências de resistência insulínica (por exemplo, acantose nigricans).

  • Considere outros tipos de diabetes (ou seja, não dos tipos 1 ou 2) nas crianças ou jovens com suspeita de diabetes que apresentem qualquer uma das seguintes características:[34]

    • Diabetes no primeiro ano de vida

    • Cetonemia durante episódios de hiperglicemia

    • Características associadas, como atrofia óptica, retinite pigmentosa, surdez ou outra doença ou síndrome sistêmica.

  • O diabetes monogênico é responsável por até 4% dos casos de diabetes pediátrico e, nesses casos, o tratamento com insulina é inadequado.[39] As duas formas principais de diabetes monogênico são o diabetes juvenil de início na idade adulta (MODY) e o diabetes mellitus neonatal (DMN). No DMN, o diabetes é diagnosticado nos primeiros 6 meses de vida e pode ser transitório (resolução aos 12 meses de idade) ou permanente. Mais de 90% dos casos de diabetes mellitus neonatal permanente são causados por uma alteração genética KCNJ11 ou ABCC8, que afeta a ligação entre a detecção dos níveis de glicose e a liberação de insulina das células β pancreáticas.[40] O teste genético é definitivo e pode ser usado para aconselhar o paciente e os membros da família.

Não meça os títulos de peptídeo C e/ou de autoanticorpos específicos do diabetes de maneira rotineira à apresentação inicial para distinguir o diabetes tipo 1 do diabetes tipo 2. O National Institute for Health and Care Excellence (NICE) do Reino Unido recomenda apenas considerar medir o peptídeo C se houver dificuldade para distinguir o diabetes tipo 1 de outros tipos.[34]

  • Se o teste do peptídeo C for indicado, tenha em mente que ele tem melhor valor discriminativo quanto mais tempo após a apresentação inicial for realizado.[34]

  • Na prática clínica, o teste do peptídeo C só deve ser realizado com uma glicemia pareada. Em termos práticos, para tanto, use o peptídeo C em uma única amostra aleatória de sangue ou urina sem jejum depois de o paciente ter ingerido uma de suas próprias refeições.[41] Do contrário, o peptídeo C pode ser suprimido, tornando um resultado falso-positivo mais provável. Esta é uma preocupação particular se o paciente tiver iniciado uma terapia que possa causar hipoglicemia (por exemplo, insulina).

Consulte a seção Monitoramento para obter informações sobre os testes de rastreamento iniciais e o monitoramento contínuo em crianças com diabetes do tipo 1.

Diagnóstico em adultos

O NICE recomenda diagnosticar o diabetes do tipo 1 com base em aspectos clínicos se um paciente adulto apresentar hiperglicemia, tendo em mente as características de apresentação clínica típica detalhada acima.[36]

  • Não descarte o diagnóstico de diabetes do tipo 1 se o paciente tiver IMC >25 kg/m² ou tiver mais de 50 anos.[36]

Mediante o diagnóstico, encaminhe imediatamente o paciente para o serviço de rastreamento oftalmológico local.[36] O rastreamento deve ser realizado:[36]

  • Assim que possível e em, no máximo, 3 meses após o encaminhamento inicial

  • Todos os anos daí em diante.

Consulte a seção Monitoramento para obter mais informações sobre testes de rastreamento iniciais e monitoramento contínuo em adultos com diabetes tipo 1.

Não meça os títulos de peptídeo C e/ou de autoanticorpos específicos do diabetes para confirmar o diabetes tipo 1 em adultos de maneira rotineiramente. O NICE recomenda considerar esses testes somente se:[36]

  • Você suspeita de diabetes do tipo 1, mas a apresentação inclui características atípicas (por exemplo, idade >50 anos, IMC >25 kg/m², evolução lenta de hiperglicemia ou pródromo longo)

  • O diabetes tipo 1 tiver sido diagnosticado e o tratamento iniciado, mas houver suspeita clínica de que a pessoa possa ter a forma monogênica do diabetes, e se o teste do peptídeo C e/ou de autoanticorpos puder orientar o uso de testes genéticos

  • A classificação for incerta, e a confirmação do diabetes tipo 1 tiver implicações para a disponibilidade da terapia (por exemplo, terapia por infusão contínua de insulina subcutânea [ICIS ou “bomba de insulina”]).

Quando os títulos de peptídeo C e/ou de autoanticorpos específicos do diabetes forem indicados, tenha em mente que:[36]

  • Os testes de autoanticorpos têm a menor taxa de falso-negativos no momento do diagnóstico; a taxa de falso-negativos aumenta daí então

  • O peptídeo C tem melhor valor discriminativo quanto mais tempo após o diagnóstico o teste for realizado

  • Com a testagem de autoanticorpos, a realização de testes para dois autoanticorpos específicos para diabetes diferentes, com pelo menos um sendo positivo, reduz a taxa de falsos-negativos.

  • Na prática clínica, o teste do peptídeo C só deve ser realizado com uma glicemia pareada. Em termos práticos, para tanto, use o peptídeo C em uma única amostra aleatória de sangue ou urina sem jejum depois de o paciente ter ingerido uma de suas próprias refeições.[41] Do contrário, o peptídeo C pode ser suprimido, tornando um resultado falso-positivo mais provável. Esta é uma preocupação particular se o paciente tiver iniciado uma terapia que possa causar hipoglicemia (por exemplo, insulina).

O aconselhamento para adultos com diabetes do tipo 1 deve ser coordenado entre uma equipe multidisciplinar capacitada para atenção ao diabetes.[36]

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