Etiologia
Alguns polimorfismos do antígeno leucocitário humano (HLA)-DR/gene DQ, principalmente os alelos HLA-DR e HLA-DQ, aumentam a suscetibilidade à doença ou fornecem proteção contra a mesma.[14] Nos indivíduos suscetíveis, fatores ambientais podem desencadear a destruição mediada imunologicamente das células beta pancreáticas. Embora a variação geográfica da prevalência da doença e o aumento mundial da incidência do diabetes do tipo 1 apontem para uma importante contribuição de fatores ambientais para a patogênese, os fatores específicos envolvidos permanecem desconhecidos.[13] Entre os vírus, as associações mais fortes foram encontradas com a síndrome da rubéola congênita e o enterovírus humano.[15][16][17] Entre os fatores alimentares, a suplementação do bebê com vitamina D pode conferir proteção.[18][19] Novas pesquisas são necessárias para determinar se o leite de vaca, a introdução precoce de cereais ou a ingestão materna de vitamina D aumentam o risco de diabetes do tipo 1.[20][21][22] A doença celíaca compartilha o genótipo HLA-DQ2 com o diabetes do tipo 1, e é mais comum entre as pessoas com diabetes do tipo 1.[23][24] A incidência de diabetes do tipo 1 também pode ser maior entre as pessoas com doença celíaca, embora não se tenha estabelecido uma relação causal.[25]
Fisiopatologia
O diabetes do tipo 1 se desenvolve geralmente como resultado da destruição autoimune das células beta pancreáticas nos indivíduos geneticamente suscetíveis.[13] Até 90% dos pacientes terão anticorpos para pelo menos um dos 3 antígenos: descarboxilase do ácido glutâmico; insulina; e uma molécula tipo tirosina fosfatase, o autoantígeno de células de ilhota 2 (IA-2).[26] Mais de 25% dos indivíduos sem um desses ou sem anticorpos citoplasmáticos de ilhotas apresentarão anticorpos positivos para ZnT8, um transportador de zinco de células pancreáticas beta.[27] Além disso, 10% dos adultos que foram diagnosticados com diabetes do tipo 2 podem ter anticorpos circulantes para antígenos das ilhotas pancreáticas ou anticorpos antidescarboxilase do ácido glutâmico, indicando a destruição autoimune das células beta.[28]
A destruição das células beta acontece de forma subclínica ao longo de meses a anos como resultado de um processo denominado insulite (inflamação das células beta). Quando 80% a 90% das células beta foram destruídas, a hiperglicemia se desenvolve. A resistência insulínica não desempenha qualquer papel na fisiopatologia do diabetes do tipo 1. No entanto, com o aumento da prevalência da obesidade, alguns pacientes com diabetes do tipo 1 podem ser resistentes à insulina, além de terem deficiência desse hormônio.
Os pacientes com deficiência de insulina não conseguem utilizar a glicose sérica no músculo periférico e nos tecidos adiposos. Isso estimula a secreção de hormônios contrarreguladores como glucagon, adrenalina, cortisol e hormônio do crescimento (GH). Esses hormônios contrarreguladores, especialmente o glucagon, promovem a gliconeogênese, a glicogenólise e a cetogênese no fígado. Como resultado, os pacientes apresentam hiperglicemia e acidose metabólica de anion gap elevado.
Em longo prazo, a hiperglicemia causa complicações vasculares devidas a uma combinação de fatores que incluem a glicosilação de proteínas teciduais e séricas, a produção de sorbitol e danos provocados por radicais livres. As complicações microvasculares incluem retinopatia, neuropatia e nefropatia. As complicações macrovasculares incluem doença cardiovascular, doença vascular cerebral e doença vascular periférica. Sabe-se que a hiperglicemia induz o estresse oxidativo e a inflamação. O estresse oxidativo pode causar disfunção endotelial neutralizando o óxido nítrico. A disfunção do endotélio permite a entrada da lipoproteína de baixa densidade na parede vascular, o que induz um lento processo inflamatório e leva à formação de ateromas.[29]
Classificação
Organização Mundial da Saúde (OMS) 2019
Em uma atualização de seus sistemas de classificação prévios, a classificação de diabetes da OMS de 2019 não inclui mais os subtipos de diabetes do tipo 1.[1] Uma categoria "híbrida" foi introduzida para descrever casos atípicos com características de diabetes do tipo 1 e do tipo 2.
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