Prevenção primária

As ações preventivas mais importantes envolvem a combinação das mudanças de estilo de vida e alimentares (abandonar o hábito de fumar; aumentar a atividade física; perder peso; aumentar o consumo de peixes, frutas, vegetais, fibras e nozes; reduzir a ingestão de sal).[32]

O tabagismo é uma das principais causas evitáveis de doença, incapacidade e morte; mesmo níveis baixos de tabagismo aumentam o risco de doença cardiovascular aterosclerótica (DCVA).[32][33]

Programas de apoio, medicamentos e terapias alternativas estão disponíveis. Em adultos que usam tabaco, recomenda-se uma combinação de intervenções comportamentais associadas à farmacoterapia.[32] A exposição ao fumo passivo deve ser evitada.[32]

A avaliação de rotina e/ou oportunista dos fatores de risco cardiovascular com cálculo do risco em 10 anos de DCVA deve ser usada para orientar as decisões sobre o tratamento com terapias preventivas (por exemplo, estatinas).[32][34] American College of Cardiology: ASCVD Risk Estimator Opens in new window

A US Preventive Services Task Force recomenda que adultos de 40 a 75 anos sem DCVA, mas que apresentem um ou mais fatores de risco cardiovascular (ou seja, dislipidemia, diabetes, hipertensão ou tabagismo) e um risco estimado de doença cardiovascular em 10 anos de 10% ou superior devem iniciar uma estatina para prevenção primária. Aqueles com risco em 10 anos entre 7.5% e 10.0% podem receber seletivamente uma estatina. Para pacientes a partir dos 76 anos, não há evidências suficientes para recomendar a favor ou contra o início de uma estatina para a prevenção primária.[35]

A aspirina não é mais recomendada rotineiramente para prevenção primária, mas pode ser considerada em determinados pacientes para os quais o benefício cardiovascular absoluto supere o risco absoluto de aumento de sangramento.[36]

Prevenção secundária

Recomenda-se intervenção agressiva na presença de fatores de risco.[1]

  • Deve-se recomendar enfaticamente abandono do hábito de fumar, incluindo o uso de recursos e agentes adjuvantes.

  • Para adultos com hipertensão confirmada e doença cardiovascular conhecida ou risco de doença cardiovascular aterosclerótica a 10 anos de 10% ou mais, recomenda-se um alvo da PA inferior a 130/80 mmHg.[107]

  • Os níveis de lipoproteína de baixa densidade (LDL) devem ser reduzidos a <2.59 mmol/L (<100 mg/dL). Recomenda-se níveis de 1.81 mmol/L ou inferiores (70 mg/dL ou inferior).

  • A hemoglobina glicada (HbA1C) deve ser mantida em <0.07 (<7% da hemoglobina total) em pacientes diabéticos.

  • Em pacientes com cardiopatia isquêmica, um cardioversor-desfibrilador implantável (CDI) é recomendado para prevenção primária nos seguintes cenários:[108]

    • Em pacientes com fração de ejeção do ventrículo esquerdo de 35% ou menos por cardiopatia isquêmica com, pelo menos, 40 dias pós-infarto do miocárdio (IAM) e, pelo menos, 90 dias pós-revascularização e com insuficiência cardíaca classe II ou III da New York Heart Association (NYHA), apesar do tratamento adequado, recomenda-se um CDI caso se espere uma sobrevida significativa superior a 1 ano

    • Em pacientes com fração de ejeção do ventrículo esquerdo de 30% ou menos por cardiopatia isquêmica com, pelo menos, 40 dias pós-IAM e, pelo menos, 90 dias pós-revascularização, e com insuficiência cardíaca classe I da NYHA, apesar do tratamento adequado, recomenda-se um CDI caso se espere uma sobrevida significativa superior a 1 ano

    • Em pacientes com taquicardia ventricular não sustentada devida a uma IAM prévio, fração de ejeção do ventrículo esquerdo de 40% ou menos e taquicardia ventricular sustentada indutível ou fibrilação ventricular no estudo eletrofisiológico, recomenda-se um CDI caso se espere uma sobrevida significativa superior a 1 ano.

  • Para prevenção secundária em pacientes com cardiopatia isquêmica, um CDI automatizado é recomendado quando a história é consistente com uma etiologia arrítmica para síncope e fração de ejeção <35%.[108]

Os médicos encarregados do tratamento de pacientes cardíacos devem estar cientes da alta incidência de transtorno depressivo maior nessa população, bem como da sua correlação com desfechos cardiovasculares piores.[100] Por essa razão, deve-se realizar monitoramento quanto a sintomas de depressão, disponibilizando-se tratamento, inclusive medicamentoso.[101]

Recomenda-se um programa multifacetado de reabilitação cardíaca em longo prazo, que inclua exercícios, intervenções alimentares e no estilo de vida, orientação e aconselhamento aos pacientes com síndrome coronariana aguda sem supradesnivelamento do segmento ST, o que pode melhorar os desfechos clínicos.[102][103][104] [ Cochrane Clinical Answers logo ] [Evidência B]​​​​

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