Diagnósticos diferenciais
Angina estável
SINAIS / SINTOMAS
A dor ocorre somente no contexto de estresse emocional ou esforço físico, não piorando com o tempo mas aliviada com o uso de nitratos ou repouso.
Investigações
O eletrocardiograma (ECG) pode ser normal na ausência de dor, podendo, porém, demonstrar infradesnivelamento do segmento ST durante episódios de angina ou ao teste ergométrico.
Angina de Prinzmetal (variante ou vasoespástica)
SINAIS / SINTOMAS
Ocorre tipicamente sem provocação e costuma ter resolução espontânea ou com nitrato de ação rápida.[3]
Pode ser precipitada por estresse emocional, hiperventilação, exercícios ou ambiente frio.[3][49]
A maioria dos episódios ocorre no início da manhã.[3]
Pode ser mais jovem e/ou fumante.[3]
Os bloqueadores dos canais de cálcio suprimem os sintomas (betabloqueadores não suprimem os sintomas).[49]
Investigações
Supradesnivelamento do segmento ST durante episódio agudo.[3]
A angiografia coronariana (invasiva ou não invasiva) descarta doença arterial coronariana obstrutiva grave, mas pode mostrar espasmo.[3] (Lesões fixas e espasmos podem coexistir.)
Testes provocativos não farmacológicos (como pressor ao frio ou hiperventilação) ou farmacológicos (por exemplo, acetilcolina) sob supervisão e na ausência de contraindicações do teste provocativo (doença do tronco da artéria coronária esquerda, doença avançada dos 3 vasos, presença de lesões obstrutivas de alto grau, disfunção sistólica do VE significativa, insuficiência cardíaca avançada) podem ser diagnósticos quando a avaliação invasiva não for útil.[3]
Infarto do miocárdio sem supradesnivelamento do segmento ST
SINAIS / SINTOMAS
O quadro clínico pode ser indiscernível.
Investigações
O ECG pode ser normal ou revelar infradesnivelamento do segmento ST ou inversão de onda T. Os biomarcadores cardíacos (troponina I e T) são elevados.
Infarto do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST
SINAIS / SINTOMAS
O quadro clínico pode ser indiscernível.
Investigações
O ECG revela elevação persistente do segmento ST em pelo menos 2 derivações. Os biomarcadores cardíacos (troponina I e T) são elevados.
Insuficiência cardíaca congestiva
SINAIS / SINTOMAS
Dispneia, ortopneia, taquicardia e edema periférico geralmente predominantes. Pode haver dor torácica em caso de perfusão coronariana precária.
Investigações
O ecocardiograma pode apresentar redução da fração de ejeção do ventrículo esquerdo ou sinais de disfunção diastólica com fração de ejeção do ventrículo esquerdo normal.
A radiografia torácica pode revelar congestão, cardiomegalia ou derrame pleural.
Peptídeo natriurético do tipo B: elevado
Dor na parede torácica
SINAIS / SINTOMAS
Início geralmente insidioso, podendo apresentar história de movimento repetitivo ou trauma menor. A dor pode ser reproduzida à palpação ou com movimento. Não melhora com repouso nem com nitratos, podendo, porém, ser aliviada com injeção local de lidocaína.
Investigações
Radiografia torácica ou cintilografia óssea pode revelar patologia esquelética como fratura na costela, osteoartrite ou tumor metastático. As lesões em tecidos moles são determinadas mediante diagnóstico clínico.
Pericardite
SINAIS / SINTOMAS
Infarto do miocárdio recente, insuficiência renal, irradiação torácica ou doença de tecido conjuntivo relacionada.
A dor melhora na posição sentada e inclinada para a frente mas piora na posição supina. Em caso de pleuropericardite, a dor pode ser pior ou manifestar-se somente à inspiração.
Pode-se auscultar atrito pericárdico.
Investigações
ECG: supradesnivelamento do segmento ST com concavidade em todas as derivações exceto aVR; infradesnivelamento do segmento PR.
O ecocardiograma pode revelar derrame pericárdico mínimo, revelando-se, porém, frequentemente normal.
Miocardite
SINAIS / SINTOMAS
Pode ser antecedida de infecção viral.
Os sintomas de miocardite incluem dor torácica (que pode ser pleurítica em decorrência de pericardite concomitante), palpitações, fadiga ou sinais de insuficiência cardíaca (por exemplo, edema periférico, dispneia crescente e ganho de peso).
Investigações
O ECG pode revelar evidência de pericardite ou miopericardite (elevação do segmento ST ou alterações inespecíficas nos segmentos ST-T). Outros achados incluem arritmias ou distúrbios de condução cardíaca.
O ecocardiograma é útil para descartar outras causas de insuficiência cardíaca (por exemplo, a valvopatia cardíaca).
Os níveis de troponina são elevados em até um terço dos casos.
Os títulos de anticorpos virais séricos podem sugerir infecção viral recente, porém, os testes raramente são indicados no diagnóstico da miocardite viral ou de qualquer cardiomiopatia dilatada devido à baixa especificidade e à demora na elevação de títulos virais, sem qualquer efeito nas decisões terapêuticas.
Exames de antimiosina ajudam no diagnóstico e, em comparação com a biópsia endomiocárdica, demonstram 83% de sensibilidade e 53% de especificidade.
A ressonância nuclear magnética (RNM) revela área de hiperintensificação tardia que não coincide com o território da artéria coronária.
A biópsia endomiocárdica é necessária para estabelecer um diagnóstico confirmado de miocardite. Os critérios histológicos de miocardite encontram-se bem estabelecidos.[50] Entretanto, a biópsia de rotina para estabelecer o diagnóstico de miocardite raramente é útil em termos clínicos, pois o diagnóstico histológico dificilmente afeta as estratégias terapêuticas, salvo em caso de suspeita de miocardite de células gigantes.
Dissecção da aorta
SINAIS / SINTOMAS
História de hipertensão, síndrome de Marfan ou síndrome de Ehlers-Danlos. Ocasionalmente desencadeada por gestação.
Dor torácica dilacerante intensa que irradia entre as escápulas.
Pulsos desiguais, pressão arterial diferencial nos dois braços e sopro diastólico de regurgitação aórtica.
Investigações
Radiografia torácica: pode revelar mediastino largo.
Tomografia computadorizada (TC) do tórax ou ecocardiografia transesofágica: a visualização de flap luminal confirma a dissecção.
Embolia pulmonar
SINAIS / SINTOMAS
Cirurgia recente, imobilização, viagem aérea prolongada ou câncer.
Dispneia aguda, dor torácica pleurítica ou síncope.
Hipóxia, cianose, pressão venosa jugular elevada com hipotensão e campos pulmonares livres.
Investigações
ECG: taquicardia sinusal, bloqueio de ramo direito e padrão S1Q3T3.
Radiografia torácica: campos pulmonares oligoêmicos e hipertransparentes e infarto cuneiforme em caso de infarto pulmonar.
Cintilografia de ventilação/perfusão: há probabilidade de embolia pulmonar se uma área de ventilação não se mostrar perfundida.
Angiotomografia: revela embolia pulmonar/trombo.
Pleurite
SINAIS / SINTOMAS
Infecção viral recente ou pródromo de infecção.
Piora de dor torácica à inspiração.
Atrito pleurítico auscultável.
Investigações
Radiografia torácica: pode revelar pneumonia em remissão.
Pneumotórax
SINAIS / SINTOMAS
Doença pulmonar subjacente, trauma ou procedimentos recentes (por exemplo, inserção de acesso venoso central).
Dor torácica aguda acompanhada de dispneia.
Se intenso, pode causar desvio traqueal, hiper-ressonância e expansibilidade reduzida.
Investigações
Radiografia torácica: pulmão colapsado.
Víscera abdominal perfurada
SINAIS / SINTOMAS
História de úlcera péptica anterior, diverticulite ou biópsia recente de intestino.
Apresenta-se tipicamente acompanhada de dor abdominal. A dor torácica é irradiada, podendo, porém, ser mal interpretada como tendo origem cardíaca.
O exame abdominal demonstra sensibilidade localizada e, em caso de peritonite, sensibilidade difusa.
Investigações
Radiografia torácica ortostática e radiografia abdominal em série: pneumoperitônio.
Tomografia computadorizada (TC) abdominal: confirma a presença de gás livre intra-abdominal e na cavidade peritoneal.
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