Prevenção primária

A prevenção da obesidade infantil é de suma importância no controle da epidemia de obesidade. As estratégias preventivas contra a obesidade devem começar logo cedo, já que é de difícil tratamento em todas as idades e ela tende a persistir na vida adulta.[39][50]

O aleitamento materno se mostrou associado a uma menor incidência de obesidade na infância.[51] No entanto, os dados são inconsistentes, pois outros estudos não mostram nenhum efeito evidente.[52] A promoção do aleitamento materno ainda é recomendada com base em outros benefícios para a saúde.

A recomendação da American Academy of Pediatrics de evitar oferecer suco a bebês com 6 meses de idade ou menos passou a incluir bebês com 12 meses de idade ou menos, já que o suco não lhes oferece nenhum benefício nutricional e pode predispor ao ganho de peso inadequado. O consumo deve ser limitado a 170 mL por dia, para crianças de 4 a 6 anos, e a 230 mL por dia, para crianças de 7 a 18 anos.[53]

Metanálises de 153 ensaios clínicos randomizados e controlados relataram que intervenções alimentares e físicas combinadas parecem reduzir o risco de obesidade em crianças de 0 a 5 anos.[54] As intervenções de atividade física reduzem o risco de obesidade em crianças de 6 a 18 anos. As intervenções alimentares e de atividade física combinadas podem ser eficazes em crianças de 6 a 18 anos. As intervenções alimentares por si só não parecem ser eficazes nessa faixa etária. Os autores detectaram heterogeneidade entre os resultados do ensaio clínico que não puderam ser totalmente explicados pela configuração ou duração da intervenção.[54] [ Cochrane Clinical Answers logo ]

Colocar etiquetas nos alimentos com a atividade física necessária para queimar a quantidade equivalente de calorias mostrou reduzir o consumo de calorias.[55] Essa abordagem pode beneficiar crianças mais velhas e adolescentes que fazem escolhas alimentares independentes fora de casa.

As escolas precisam oferecer opções alimentares saudáveis e as crianças devem fazer educação física diariamente. Além disso, a comunidade deve ter lugares seguros e de lazer para a prática de exercícios.

As propagandas de fast food e de alimentos industrializados direcionadas às crianças devem ser restritas.

Nos EUA , estudos de coorte prospectivos, compostos por pares formados por mãe e filho, mostraram que a adesão a um estilo de vida saudável (que inclui índice de massa corporal [IMC] saudável, dieta de alta qualidade, prática regular de exercícios, ausência de tabagismo e ingestão limitada de álcool) em mães durante a infância e a adolescência dos filhos está associada a uma redução substancial do risco de obesidade nas crianças.[56] Estes achados destacam os possíveis benefícios de intervenções multifatoriais na família para reduzir o risco de obesidade infantil.[56]

O IMC de uma criança deve ser calculado e controlado ao menos uma vez por ano, para identificar as crianças com sobrepeso ou obesidade, ou que possam ter risco de obesidade, e a história alimentar e de atividades físicas da criança devem ser revisadas durante as consultas de puericultura de rotina. A história familiar de obesidade e a trajetória do IMC da criança também devem ser avaliados. Todas as crianças devem receber orientações preventivas que as encorajem a ter um comportamento saudável de forma rotineira para diminuir o risco de obesidade, independentemente de seu IMC no momento.[3]

Prevenção secundária

A discussão sobre uma nutrição saudável e atividades físicas para as crianças deve fazer parte das orientações preventivas dadas em todas as visitas de rotina da criança.

As estratégias de saúde pública precisam ser mais desenvolvidas para promover opções de estilo de vida saudáveis para as crianças nas escolas, com extensão à comunidade.[159][160] Intervenções que envolvam atividades físicas na escola e na comunidade como parte de um programa de prevenção ou tratamento da obesidade podem melhorar as funções executivas de crianças com obesidade ou sobrepeso, especificamente. Estratégias alimentares na escola podem também ser benéficas para o rendimento escolar geral em crianças com obesidade. Estes achados podem ser usados para influenciar políticas públicas.[161] No entanto, uma revisão sistemática Cochrane encontrou poucas evidências de que as intervenções baseadas na escola podem melhorar a aptidão física, mas podem ter pouco ou nenhum impacto sobre o índice de massa corporal.[162]

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