Abordagem

A coccigodinia deve ser manejada de forma gradual com o aumento da invasividade.[26]​ A coccigodinia aguda (sintomas <2 meses) é manejada de forma diferente da coccigodinia crônica (sintomas ≥2 meses). A coccigectomia é reservada para os casos refratários. O objetivo do tratamento é eliminar ou reduzir significativamente a dor coccígea e permitir que o paciente retome o estilo de vida pré-mórbido. Outras patologias ou tumores descobertos incidentalmente são encaminhados imediatamente para os especialistas apropriados.

Pacientes que apresentam coccigodinia crônica ou aguda

A maioria dos pacientes com coccigodinia aguda (sintomas <2 meses) é orientada a repousar e recebe a prescrição de um anti-inflamatório não esteroidal (AINE), conforme a necessidade, por um período de até 8 semanas, exceto aqueles com contraindicação ao seu uso.[27] Os AINEs estão associados a um aumento do risco de eventos trombóticos cardiovasculares e toxicidade gastrointestinal (sangramento, ulceração, perfuração), e devem ser usados na menor dose efetiva pelo ciclo de tratamento efetivo mais curto.

Um laxativo é recomendado para os pacientes que têm história de dor na defecação, também ao longo de um período de 8 semanas.

Almofadas em forma de U, para ajustes do sentar, podem aliviar a pressão sobre o cóccix. As terapias adicionais incluem banhos de assento, fisioterapia do assoalho pélvico e manipulação quiroprática.[1][28][29]

O manejo inicial dos pacientes com coccigodinia crônica (sintomas ≥2 meses) é o mesmo recomendado para a coccigodinia aguda.

Coccigodinia crônica: tratamento conservador

Se manejo do quadro agudo for malsucedido, devem ser feitas radiografias sacrococcígeas dinâmicas e uma ressonância nuclear magnética (RNM) para descartar um tumor ou outra patologia antes de se proceder com tratamento adicional.

O tratamento de primeira linha consiste em administração mensal de corticosteroide associado a injeções locais de anestésico administradas com base na necessidade. Eles podem ser administrados isoladamente ou em combinação com a manipulação invasiva (isto é, flexão e extensão transretal) sob anestesia geral, sendo esta última considerada mais bem-sucedida.[30] O corticosteroide associado ao anestésico local deve ser injetado nos tecidos moles ao redor dos lados e da ponta do cóccix (usando metilprednisolona) ou na junção sacrococcígea e no periósteo dorsal do cóccix (usando triancinolona).[31] Contudo, a injeção percutânea na junção sacrococcígea é às vezes recomendada se a injeção local e/ou a manipulação falharem, e pode ser realizada por fluoroscopia ou com localização por toque retal da junção sacrococcígea.[31][32]

Se as injeções de corticosteroide associado a anestésico local não tiverem efeito após duas injeções mensais sucessivas, a fisioterapia combinada com a injeção de corticosteroide é uma eficaz opção de segunda linha. As medidas de fisioterapia incluem a massagem transretal do assoalho pélvico e a mobilização coccígea.[30][33][34][35]

A injeção do gânglio com um anestésico local (por exemplo, lidocaína, bupivacaína) sob orientação fluoroscópica tem sido usada para tratar com sucesso a coccigodinia. Uma revisão sistemática concluiu que as injeções têm uma taxa de sucesso >85% no controle da dor. O escore médio de melhora percentual foi de 60% em 1 mês, 55% em 3 meses e 40% em 6 meses.[36] Podem ser necessárias repetições das injeções. As injeções no gânglio ímpar devem sempre ser realizadas com orientação de imagem para evitar complicações da injeção intravascular.[37]​​

Coccigodinia crônica: cirurgia

Pacientes com coccigodinia crônica nos quais o manejo conservador foi malsucedido após um período de 3 a 6 meses podem ser encaminhados para um cirurgião de coluna para coccigectomia. As séries cirúrgicas relataram taxas de sucesso que variam de 60% a 91% após a coccigectomia.[27]

A coccigectomia é mais bem-sucedida nos casos de coccigodinia traumática e pós-parto que na coccigodinia idiopática (75% contra 58% de sucesso).[14] Limitar a coccigectomia aos pacientes com instabilidade radiográfica nas radiografias dinâmicas pode resultar em desfechos bons ou excelentes em 92% dos casos.[21] Fragmentos coccígeos residuais ou uma borda sacral proeminente em um paciente magro podem causar desfechos desfavoráveis e exigir uma nova cirurgia para refazer a coccigectomia ou para raspagem óssea com rugina da borda do sacro.

A infecção da ferida é a complicação mais comum após a cirurgia, com taxas que variam de 2% a 22%.[27] O uso de um dreno associado a antibióticos pós-operatórios pode reduzir a incidência de complicações da ferida pós-operatória, incluindo infecção. Os antibióticos devem ser continuados por 72 horas após a cirurgia e devem abranger microrganismos aeróbios e anaeróbios. A hérnia retal é uma complicação rara após a coccigectomia.[38][39]

A rizotomia sacral (secção das raízes nervosas S4 e S5) pode ser considerada para pacientes com dor estritamente localizada na região do cóccix após uma coccigectomia malsucedida; no entanto, a rizotomia sacral atualmente não cumpre uma função importante no tratamento.[40][41]

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