A coccigodinia deve ser manejada de forma gradual com o aumento da invasividade.[26]Andersen GØ, Milosevic S, Jensen MM, et al. Coccydynia-the efficacy of available treatment options: a systematic review. Global Spine J. 2022 Sep;12(7):1611-23.
https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/21925682211065389
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34927468?tool=bestpractice.com
A coccigodinia aguda (sintomas <2 meses) é manejada de forma diferente da coccigodinia crônica (sintomas ≥2 meses). A coccigectomia é reservada para os casos refratários. O objetivo do tratamento é eliminar ou reduzir significativamente a dor coccígea e permitir que o paciente retome o estilo de vida pré-mórbido. Outras patologias ou tumores descobertos incidentalmente são encaminhados imediatamente para os especialistas apropriados.
Pacientes que apresentam coccigodinia crônica ou aguda
A maioria dos pacientes com coccigodinia aguda (sintomas <2 meses) é orientada a repousar e recebe a prescrição de um anti-inflamatório não esteroidal (AINE), conforme a necessidade, por um período de até 8 semanas, exceto aqueles com contraindicação ao seu uso.[27]Fogel GR, Cunningham PY, Esses, SL. Coccygodynia: evaluation and management. J Am Acad Orthop Surg. 2004;12:49-54.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14753797?tool=bestpractice.com
Os AINEs estão associados a um aumento do risco de eventos trombóticos cardiovasculares e toxicidade gastrointestinal (sangramento, ulceração, perfuração), e devem ser usados na menor dose efetiva pelo ciclo de tratamento efetivo mais curto.
Um laxativo é recomendado para os pacientes que têm história de dor na defecação, também ao longo de um período de 8 semanas.
Almofadas em forma de U, para ajustes do sentar, podem aliviar a pressão sobre o cóccix. As terapias adicionais incluem banhos de assento, fisioterapia do assoalho pélvico e manipulação quiroprática.[1]Mlitz H, Jost W, German Society of Coloproctology., et al. Coccygodynia. [in ger]. J Dtsch Dermatol Ges. 2007 Mar;5(3):252-4.
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/j.1610-0387.2007.06090.x
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[28]Polkinghorn BS, Colloca CJ. Chiropractic treatment of coccygodynia via instrumental adjusting procedures using activator methods chiropractic technique. J Manipulative Physiol Ther. 1999;22:411-416.
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[29]Sandrasegaram N, Gupta R, Baloch M. Diagnosis and management of sacrococcygeal pain. BJA Educ. 2020 Mar;20(3):74-9.
https://www.bjaed.org/article/S2058-5349(19)30174-X/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/33456933?tool=bestpractice.com
O manejo inicial dos pacientes com coccigodinia crônica (sintomas ≥2 meses) é o mesmo recomendado para a coccigodinia aguda.
Coccigodinia crônica: tratamento conservador
Se manejo do quadro agudo for malsucedido, devem ser feitas radiografias sacrococcígeas dinâmicas e uma ressonância nuclear magnética (RNM) para descartar um tumor ou outra patologia antes de se proceder com tratamento adicional.
O tratamento de primeira linha consiste em administração mensal de corticosteroide associado a injeções locais de anestésico administradas com base na necessidade. Eles podem ser administrados isoladamente ou em combinação com a manipulação invasiva (isto é, flexão e extensão transretal) sob anestesia geral, sendo esta última considerada mais bem-sucedida.[30]Wray CC, Easom S, Hoskinson J. Coccydynia. Aetiology and treatment. J Bone Joint Surg (Br). 1991;73-B:335-338.
https://online.boneandjoint.org.uk/doi/pdf/10.1302/0301-620X.73B2.2005168
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2005168?tool=bestpractice.com
O corticosteroide associado ao anestésico local deve ser injetado nos tecidos moles ao redor dos lados e da ponta do cóccix (usando metilprednisolona) ou na junção sacrococcígea e no periósteo dorsal do cóccix (usando triancinolona).[31]Mitra R, Cheung L, Perry P. Efficacy of fluoroscopically guided steroid injections in the management of coccydynia. Pain Physician. 2007;10:775-778.
http://www.painphysicianjournal.com/current/pdf?article=OTE5&journal=38
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17987101?tool=bestpractice.com
Contudo, a injeção percutânea na junção sacrococcígea é às vezes recomendada se a injeção local e/ou a manipulação falharem, e pode ser realizada por fluoroscopia ou com localização por toque retal da junção sacrococcígea.[31]Mitra R, Cheung L, Perry P. Efficacy of fluoroscopically guided steroid injections in the management of coccydynia. Pain Physician. 2007;10:775-778.
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[32]Kersey PJ. Non-operative management of coccygodynia. Lancet. 1980;1:318.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/6101777?tool=bestpractice.com
Se as injeções de corticosteroide associado a anestésico local não tiverem efeito após duas injeções mensais sucessivas, a fisioterapia combinada com a injeção de corticosteroide é uma eficaz opção de segunda linha. As medidas de fisioterapia incluem a massagem transretal do assoalho pélvico e a mobilização coccígea.[30]Wray CC, Easom S, Hoskinson J. Coccydynia. Aetiology and treatment. J Bone Joint Surg (Br). 1991;73-B:335-338.
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[33]Thiele GH. Coccygodynia: cause and treatment. Dis Colon Rectum. 1963;6:422-436.
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[34]Maigne JY, Chatellier G. Comparison of three manual coccydynia treatments: a pilot study. Spine. 2001;26:E479-E483.
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[35]Maigne J, Chatellier G, Faou ML, et al. The treatment of chronic coccydynia with intrarectal manipulation: a randomized controlled study. Spine. 2006;31:E621-E627.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16915077?tool=bestpractice.com
A injeção do gânglio com um anestésico local (por exemplo, lidocaína, bupivacaína) sob orientação fluoroscópica tem sido usada para tratar com sucesso a coccigodinia. Uma revisão sistemática concluiu que as injeções têm uma taxa de sucesso >85% no controle da dor. O escore médio de melhora percentual foi de 60% em 1 mês, 55% em 3 meses e 40% em 6 meses.[36]Choudhary R, Kunal K, Kumar D, et al. Improvement in pain following ganglion impar blocks and radiofrequency ablation in coccygodynia patients: a systematic review. Rev Bras Ortop (Sao Paulo). 2021 Oct;56(5):558-66.
https://www.thieme-connect.de/products/ejournals/abstract/10.1055/s-0041-1735829
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Podem ser necessárias repetições das injeções. As injeções no gânglio ímpar devem sempre ser realizadas com orientação de imagem para evitar complicações da injeção intravascular.[37]Kuek DKC, Chung SL, Zishan US, et al. Conus infarction after non-guided transcoccygeal ganglion impar block using particulate steroid for chronic coccydynia. Spinal Cord Ser Cases. 2019;5:92.
https://www.nature.com/articles/s41394-019-0237-1
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/31700690?tool=bestpractice.com
Coccigodinia crônica: cirurgia
Pacientes com coccigodinia crônica nos quais o manejo conservador foi malsucedido após um período de 3 a 6 meses podem ser encaminhados para um cirurgião de coluna para coccigectomia. As séries cirúrgicas relataram taxas de sucesso que variam de 60% a 91% após a coccigectomia.[27]Fogel GR, Cunningham PY, Esses, SL. Coccygodynia: evaluation and management. J Am Acad Orthop Surg. 2004;12:49-54.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14753797?tool=bestpractice.com
A coccigectomia é mais bem-sucedida nos casos de coccigodinia traumática e pós-parto que na coccigodinia idiopática (75% contra 58% de sucesso).[14]Bayne O, Bateman JE, Cameron HU. The influence of etiology on the results of coccygectomy. Clin Orthop Relat Res. 1984;190:266-272.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/6488643?tool=bestpractice.com
Limitar a coccigectomia aos pacientes com instabilidade radiográfica nas radiografias dinâmicas pode resultar em desfechos bons ou excelentes em 92% dos casos.[21]Maigne JY, Lagauche D, Doursounian L. Instability of the coccyx in coccydynia. J Bone Joint Surg (Br). 2000;82-B:1038-1041.
https://online.boneandjoint.org.uk/doi/pdf/10.1302/0301-620X.82B7.0821038
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11041598?tool=bestpractice.com
Fragmentos coccígeos residuais ou uma borda sacral proeminente em um paciente magro podem causar desfechos desfavoráveis e exigir uma nova cirurgia para refazer a coccigectomia ou para raspagem óssea com rugina da borda do sacro.
A infecção da ferida é a complicação mais comum após a cirurgia, com taxas que variam de 2% a 22%.[27]Fogel GR, Cunningham PY, Esses, SL. Coccygodynia: evaluation and management. J Am Acad Orthop Surg. 2004;12:49-54.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14753797?tool=bestpractice.com
O uso de um dreno associado a antibióticos pós-operatórios pode reduzir a incidência de complicações da ferida pós-operatória, incluindo infecção. Os antibióticos devem ser continuados por 72 horas após a cirurgia e devem abranger microrganismos aeróbios e anaeróbios. A hérnia retal é uma complicação rara após a coccigectomia.[38]Kumar A, Reynolds JR. Mesh repair of a coccygeal hernia via an abdominal approach. Ann R Coll Surg Engl. 2000;82:113-115.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2503516/pdf/annrcse01624-0047.pdf
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[39]McClenahan JE, Fisher B. Herniation of the rectum following coccygectomy. Am J Surg. 1951;82:288-289.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14847090?tool=bestpractice.com
A rizotomia sacral (secção das raízes nervosas S4 e S5) pode ser considerada para pacientes com dor estritamente localizada na região do cóccix após uma coccigectomia malsucedida; no entanto, a rizotomia sacral atualmente não cumpre uma função importante no tratamento.[40]Saris SC, Silver JM, Vieira JF, et al. Sacrococcygeal rhizotomy for perineal pain. Neurosurgery. 1986;19:789-793.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/3785627?tool=bestpractice.com
[41]Albrektsson B. Sacral rhizotomy in cases of ano-coccygeal pain. A follow-up of 24 cases. Acta Orth Scand. 1981;52:187-190.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/7246096?tool=bestpractice.com