Algoritmo de tratamento

Observe que as formulações/vias e doses podem diferir entre nomes e marcas de medicamentos, formulários de medicamentos ou localidades. As recomendações de tratamento são específicas para os grupos de pacientes:ver aviso legal

Inicial

suspeita de lesão na coluna cervical: na apresentação inicial

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restrição do movimento da coluna cervical e avaliação urgente

Todos os pacientes com trauma devem ser avaliados com base nos princípios de Suporte Avançado de Vida no Trauma®, independentemente de haver suspeita ou confirmação de alguma fratura ou lesão da medula espinhal (LME).[14] A avaliação primária deve concentrar-se no controle da hemorragia, vias aéreas (Airway), respiração (Breathing), circulação (Circulation), incapacidade (Disability) e exposição (Exposure); a abordagem ABCDE.[26]

Se houver evidências de qualquer um dos itens abaixo em um paciente, após um incidente que pareça ser compatível com uma possível lesão da coluna cervical, o médico deverá aplicar restrição do movimento da coluna, incluindo um colar cervical rígido.[14][25] Nível de consciência agudamente alterado (Escala de Coma de Glasgow <15, evidências de intoxicação); sinais e/ou sintomas neurológicos focais, deformidade anatômica da coluna vertebral; circunstâncias ou lesões que causam distração (por exemplo, fratura de ossos longos, desluvamento ou esmagamentos, queimaduras grandes, sofrimento emocional, barreira de comunicação, etc.) ou qualquer lesão semelhante que prejudique a capacidade do paciente de contribuir para um exame confiável).

Quando a restrição do movimento da coluna é indicada em adultos, deve-se aplicá-la em toda a coluna vertebral por causa do risco de lesões não contíguas. A cabeça, o pescoço e o tronco devem ser mantidos alinhados, colocando o paciente sobre uma prancha longa, uma maca côncava, um colchão a vácuo ou uma cama de ambulância.[14][25]

Exames de imagem urgentes da coluna cervical são justificados nas seguintes situações: estado mental alterado (Escala de coma de Glasgow<15), deficit neurológico, mecanismo de lesão de alto risco, sensibilidade cervical; diminuição da amplitude de movimento da coluna cervical.[14]

Após a avaliação inicial, o manejo do paciente será determinado pelos achados do exame físico e de imagem, e a lesão receberá um tratamento para lesão cervical não complicada ou para lesões complicadas com baixa probabilidade de lesão neurológica, ou para lesões que exigem intervenção neurocirúrgica e/ou ortopédica urgentes.

AGUDA

baixa probabilidade de lesão neurológica: após avaliação inicial

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anti-inflamatório não esteroidal (AINE) e acompanhamento

As lesões da coluna cervical com baixa probabilidade de sequelas neurológicas quase sempre estão associadas a acidentes leves a moderados com automóveis e não envolvem sinais ou sintomas neurológicos. Geralmente são lesões sem fratura, luxação, hérnia de disco, ou outras lesões ósseas ou dos tecidos moles. Essas lesões quase sempre apresentam resolução espontânea ou com terapia conservadora mínima, geralmente dentro de 3 meses.

Restauração do movimento normal da coluna é de grande importância e, para este fim, colares cervicais são altamente contraproducentes e geralmente contraindicados, assim como repouso no leito.

O encaminhamento para fisioterapia deve ser considerado, e as sessões devem ser realizadas 3 vezes por semana durante 4 semanas. As modalidades físicas incluem exercícios domiciliares de tolerância de amplitude de movimento (ADM; não devem causar dor). O paciente deve ser reavaliado dentro de 4 semanas.

AINEs podem ser prescritos.[14]​ Não há estudos que embasem o uso de relaxantes musculares na fase aguda.

Opções primárias

ibuprofeno: 300-400 mg por via oral a cada 6-8 horas quando necessário, máximo de 2400 mg/dia

ou

naproxeno: 250-500 mg por via oral duas vezes ao dia quando necessário, máximo de 1250 mg/dia

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Considerar – 

analgesia por opioides em curto prazo

Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado

Pode ser útil para pacientes com dor de intensidade moderada a alta, embora estudos de imagem, incluindo radiografias com incidências em flexão/extensão, devam ser realizados para descartar lesão do ligamento ou fratura antes de começar qualquer tratamento nesses pacientes.

Dor moderada pode ser tratada com tramadol, e dor intensa com hidrocodona ou oxicodona associada a paracetamol.

Ciclo do tratamento: 1-2 semanas apenas. Se a dor persistir, deve-se considerar o encaminhamento a um especialista em dor.

Opções primárias

tramadol: 50 mg por via oral (liberação imediata) a cada 4-6 horas quando necessário, máximo de 400 mg/dia

Opções secundárias

paracetamol/hidrocodona: 5-10 mg por via oral a cada 4-6 horas quando necessário

Mais

ou

oxicodona/paracetamol: 5-10 mg por via oral (liberação imediata) a cada 4-6 horas quando necessário

Mais
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associado a – 

fisioterapia

Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado

Pacientes com sintomas musculoesqueléticos (incluindo dor na coluna lombar, dor nas articulações dos membros superiores e dor na articulação temporomandibular, cada uma das quais associadas com um mecanismo de acidentes automobilísticos de colisão traseira com aceleração de corpo inteiro) que persistem além das primeiras 4 a 6 semanas após uma lesão leve a moderada devem ser encorajados a realizar um programa de fisioterapia. Um estudo sugeriu que a eficácia da fisioterapia intensa é similar ao simples aconselhamento por um fisioterapeuta em uma única sessão.[67] Os pacientes devem consultar seus médicos quanto aos detalhes de qualquer programa a fim de garantir que o mesmo seja apropriado.

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Considerar – 

encaminhamento a especialista

Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado

Cefaleia persistente pode estar associada a traumatismo cranioencefálico fechado, irritação do nervo occipital maior, lesão na faceta cervical (C2-4 mais tipicamente), ou tensão no músculo cervical.

Se a cefaleia persistir além do período inicial de 4 a 6 semanas após a lesão, deve-se considerar o encaminhamento a um neurologista especializado em cefaleia.

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associado a – 

medidas conservadoras e/ou cirurgia

Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado

Existem desafios característicos no manejo do trauma de coluna em idosos. A síndrome medular central (SMC) é o subtipo mais comum de LME traumática incompleta definida por fraqueza cruzada (membros superiores piores que membros inferiores) e um padrão variável de perda sensorial e disfunção intestinal/da bexiga.

De acordo com as comorbidades existentes, para deficits menos graves (grau D da ASIA), uma abordagem inicial conservadora com acompanhamento clínico rigoroso é adequada, enquanto se reserva a opção de descompressão cirúrgica dependendo da extensão e da temporalidade da recuperação.

Fraturas do odontoide geralmente são causadas por quedas de baixa energia. Fraturas do tipo I (ponta do processo) são raras e tipicamente tratadas com colar após descartar lesões associadas ao ligamento atlantotransverso (LAT) ou luxação atlanto-occipital. Fraturas do tipo III podem ser tratadas com um colete halo (LAT intacto, não significativamente deslocado e estável em um halo) ou cirurgia (parafuso odontoide anterior ou fusão posterior). Fraturas do tipo II são as mais comuns e são tratadas de forma semelhante às fraturas do tipo III com halo ou cirurgia; entretanto, coletes halo estão associados com morbidade e mortalidade substanciais em idosos.

A intervenção cirúrgica antecipada atualmente é considerada uma abordagem razoável em idosos que, de outro modo, seriam tratados usando um colete halo. Se o risco cirúrgico for muito alto, um colar rígido e acompanhamento clínico e radiográfico rigoroso podem ser uma abordagem razoável para conseguir uma não união fibrosa através do local da fratura, ao mesmo tempo em que se evita a morbidade de um halo.

alta probabilidade de lesão neurológica: após avaliação inicial

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restrição de movimento da coluna + encaminhamento neurocirúrgico de emergência

Lesões cervicais potencialmente urgentes incluem fraturas, luxações, hérnias de disco e outras lesões ósseas e dos tecidos moles associadas a uma alta probabilidade de lesão neurológica. Elas têm maior probabilidade de estar associadas a uma história de mecanismo de lesão de energia mais alta, geralmente incluindo golpes na cabeça ou no rosto. Esses pacientes podem ter manifestações similares àquelas dos que apresentam lesões cervicais não complicadas, mas geralmente apresentarão deficit neurológico. Se houver evidências de qualquer um dos itens abaixo em um paciente, após um incidente que pareça ser compatível com uma possível lesão da coluna cervical, o médico deverá aplicar restrição do movimento da coluna, incluindo um colar cervical rígido.[14][25] Nível de consciência agudamente alterado (Escala de Coma de Glasgow <15, evidências de intoxicação); sinais e/ou sintomas neurológicos focais, deformidade anatômica da coluna vertebral; circunstâncias ou lesões que causam distração (por exemplo, fratura de ossos longos, desluvamento ou esmagamentos, queimaduras grandes, sofrimento emocional, barreira de comunicação, etc.) ou qualquer lesão semelhante que prejudique a capacidade do paciente de contribuir para um exame confiável).

Quando a restrição do movimento da coluna é indicada em adultos, deve-se aplicá-la em toda a coluna vertebral por causa do risco de lesões não contíguas. A cabeça, o pescoço e o tronco devem ser mantidos alinhados, colocando o paciente sobre uma prancha longa, uma maca côncava, um colchão a vácuo ou uma cama de ambulância.[14][25]

Pacientes que sofreram uma lesão que necessita de manejo cirúrgico e que estejam tomando medicamentos anticoagulantes podem necessitar de reversão de seu estado anticoagulante. Deve haver uma discussão urgente entre o médico responsável e o cirurgião a fim de decidir um plano de manejo.

A espondilite anquilosante e a hiperostose esquelética idiopática difusa estão associadas a padrões de fratura e paradigmas de tratamento específicos após um trauma de coluna. Fraturas de hiperextensão-distração resultantes de traumas menores podem produzir lesões graves da medula espinhal, que requerem descompressão urgente e fusões instrumentadas de segmentos longos. A chave para o manejo precoce é a aplicação de restrição do movimento da coluna para evitar mais lesões, seguida de uma avaliação cirúrgica de urgência.

Pacientes com fraturas e síndrome medular central (SMC) definitivamente devem ser tratados por imobilização interna e/ou externa em consulta com um serviço cirúrgico. As diretrizes da AOSpine 2017 concluíram que a descompressão precoce (≤24 horas após a lesão) para pacientes adultos com LME, independentemente do nível, deve ser oferecida, embora a qualidade da evidência para a recomendação seja baixa.[61] Em uma metanálise, pacientes que foram submetidos a descompressões cirúrgicas precoces (n=528) apresentaram melhor recuperação que os que foram submetidos a cirurgias de descompressão tardias (n=1020) 1 ano após a lesão na medula espinhal, medida por uma melhora no total dos escores motores, nos escores de sensibilidade tátil e nos escores de estímulos dolorosos. Os pacientes submetidos a descompressões precoces apresentaram também melhores graus na escala de comprometimento da ASIA (AIS) 1 ano após a cirurgia, o que indica um comprometimento menos grave, em comparação com os pacientes submetidos a cirurgias tardias.[62]

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metilprednisolona intravenosa

Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado

O National Institute for Health and Care Excellence (NICE) do Reino Unido não aconselha o uso de metilprednisolona para o tratamento da lesão traumática aguda na medula espinhal.[11]

Se houver um início rápido de paresia e um possível atraso para consultar um especialista, deve-se considerar o tratamento com metilprednisolona intravenosa. Altas doses de metilprednisolona têm-se mostrado a única opção farmacológica eficaz quando administrada até 8 horas após a lesão no contexto de LME aguda.[58][59]​​​​​ Embora estudos tenham identificado um subgrupo de pacientes que demonstraram melhores escores motores depois de receberem metilprednisolona dentro de 8 horas após a lesão, em comparação com o placebo, os efeitos colaterais incluíram infecção, hemorragia digestiva, hiperglicemia e morte.[58]​ O American College of Surgeons afirma que o uso de metilprednisolona dentro de 8 horas após a LME não pode ser recomendado de maneira definitiva.[11][14]

Onde usada, há variabilidade na decisão de se administrar a metilprednisolona e em qual protocolo específico escolher.[14][60] No contexto do papel controverso dos corticosteroides na LME, o uso de metilprednisolona deve ser considerado individualmente. Continua sendo uma opção para pacientes que se apresentam dentro de 8 horas após LME não penetrante na população de pacientes jovens, não diabéticos e imunocompetentes. Se houver uma LME penetrante, a metilprednisolona não deve ser administrada.[14]

A infusão de metilprednisolona não deve exceder o período de 24 horas, devido ao aumento do risco de eventos adversos como pneumonia e sepse.[59] Deve-se procurar consulta especializada antes de iniciar o tratamento com metilprednisolona.

Opções primárias

succinato sódico de metilprednisolona: consulte um especialista para obter orientação quanto à dose

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