Abordagem
A antibioticoterapia específica é a base da terapia em pacientes com infecção por estreptococos do grupo B (EGB) demonstrada. A cirurgia adjuvante (por exemplo, drenagem de abscesso) pode ser necessária em algumas situações.
Os tratamentos detalhados nesse tópico são apenas para infecções por GBS confirmadas. Em relação ao tratamento empírico dessas infecções, consulte nossos tópicos sobre as infecções específicas. Orientações locais sobre terapia antibiótica podem variar e devem ser consultadas.
Infecção neonatal de início precoce ou tardio (idade de 0-89 dias)
Nas diretrizes dos EUA, benzilpenicilina ou ampicilina são recomendadas quando GBS é definitivamente identificado em neonatos.[2][64] Benzilpenicilina é preferível, pois tem espectro antimicrobiano mais estreito.
No Reino Unido, as diretrizes recomendam benzilpenicilina em combinação com gentamicina para meningite por GBS confirmada.[63]
Um glicopeptídeo (por exemplo, vancomicina) é uma alternativa adequada em pacientes com alergia grave à penicilina; no entanto, nesse cenário, deve-se procurar orientação de um pediatra especialista em doenças infecciosas.
A duração do tratamento depende da síndrome clínica. Pacientes com meningite não complicada deve ser tratado por via intravenosa por 14 dias.[2] Aqueles com evolução mais complicada podem precisar de terapia de duração prolongada. Geralmente, a duração para pacientes com infecção do trato urinário (ITU), bacteremia sem foco ou pneumonia é de 10 dias.[2] Se a dose ou a duração não estiverem adequadas, pode haver recidiva.
Bebês e crianças
As manifestações mais comuns são sepse com foco desconhecido, meningite, pneumonia, artrite séptica e peritonite.[3] A terapia depende do foco da infecção.
Sepse com foco desconhecido
Inicie o tratamento imediatamente se um tomador de decisão clínica de nível sênior fizer um diagnóstico de suspeita de sepse. Siga o protocolo local (por exemplo, pacote de cuidados de 1 hora Surviving Sepsis Campaign ou Sepsis Six) para a investigação e o tratamento de todos os pacientes com suspeita ou risco de sepse, no prazo de 1 hora.[88] SCCM and ESICM: Surviving Sepsis Campaign - pediatric patients Opens in new window
Tratamento de primeira linha: administração rápida de benzilpenicilina ou ampicilina associada a gentamicina.
Pacientes com alergia à penicilina: uma cefalosporina de segunda ou terceira geração (por exemplo, cefuroxima, cefotaxima ou ceftriaxona) pode ser apropriada, dependendo do tipo de alergia, ou um glicopeptídeo (por exemplo, vancomicina) com ou sem gentamicina.[89]
Ciclo de tratamento: mínimo de 10 dias. A duração irá variar de acordo com o quadro clínico, o risco de complicações e a resposta inicial à terapia.
Consulte Sepse em crianças.
Meningite
Tratamento de primeira linha: benzilpenicilina ou ampicilina e gentamicina.
Pacientes com alergia à penicilina: consultar um especialista em doenças infecciosas, já que a apresentação é rara e o tratamento é complicado.
Ciclo de tratamento: 14-21 dias.
Pneumonia
Tratamento de primeira linha: benzilpenicilina ou ampicilina.
Pacientes com alergia à penicilina: uma cefalosporina de segunda ou terceira geração pode ser apropriada, dependendo do tipo de alergia, um macrolídeo (por exemplo, claritromicina) ou um glicopeptídeo (por exemplo, vancomicina).[89]
Ciclo de tratamento: mínimo de 10 dias.
Consulte Visão geral de pneumonia.
Artrite séptica
Tratamento de primeira linha: benzilpenicilina ou ampicilina.
Pacientes com alergia à penicilina: uma cefalosporina de segunda ou terceira geração pode ser apropriada, dependendo do tipo de alergia, ou um glicopeptídeo (por exemplo, vancomicina) com ou sem gentamicina em casos selecionados.[89]
A articulação deve ser aspirada e um washout formal na sala de cirurgia deve ser fortemente considerado.
Ciclo de tratamento: 3-4 semanas.
Consulte Artrite séptica.
Peritonite
Tratamento de primeira linha: cefuroxima mais metronidazol ou ampicilina/sulbactam com ou sem gentamicina.
Pacientes com alergia à penicilina: uma cefalosporina pode ser apropriada, dependendo do tipo de alergia, mais metronidazol. Outros esquemas podem ser utilizados, mas um especialista em doenças infecciosas deve ser consultado.
A infecção é frequentemente polimicrobiana. Se houver suspeita de infecção polimicrobiana (isto é, como na peritonite), pode ser necessário selecionar uma antibioticoterapia de amplo espectro, de acordo com o local da infecção.
Adultos
As infecções mais comuns são celulite, sepse, meningite e ITU. As manifestações menos comuns incluem artrite séptica, pneumonia, conjuntivite, sinusite, otite média e infecção intra-abdominal. A terapia depende do foco da infecção.
Sepse
Inicie o tratamento imediatamente se um tomador de decisão clínica de nível sênior fizer um diagnóstico de suspeita de sepse. Siga o protocolo local (por exemplo, pacote de cuidados de 1 hora Surviving Sepsis Campaign ou Sepsis Six) para a investigação e o tratamento de todos os pacientes com suspeita ou risco de sepse, no prazo de 1 hora.[88] SCCM and ESICM: Surviving Sepsis Campaign - adult patients Opens in new window
Tratamento de primeira linha: administração rápida de benzilpenicilina ou ampicilina.
Pacientes com alergia à penicilina: uma cefalosporina de segunda ou terceira geração pode ser apropriada, dependendo do tipo de alergia ou um glicopeptídeo (por exemplo, vancomicina).[89]
Gentamicina pode ser considerada como terapia adjuvante em casos selecionados, mas consulte um especialista em doenças infecciosas.
Ciclo de tratamento: mínimo de 10 dias. A duração irá variar de acordo com o quadro clínico, o risco de complicações e a resposta inicial à terapia.
Consulte Sepse em adultos.
Meningite
Tratamento de primeira linha: benzilpenicilina ou ampicilina.
Pacientes com alergia à penicilina: consultar um especialista em doenças infecciosas, já que a apresentação é rara e o tratamento é complicado.
Ciclo de tratamento: 14-21 dias.
Consulte Meningite bacteriana.
Celulite
Tratamento de primeira linha: benzilpenicilina ou ampicilina.
Pacientes com alergia à penicilina: uma cefalosporina de segunda ou terceira geração pode ser apropriada, dependendo do tipo de alergia, um glicopeptídeo (por exemplo, vancomicina) ou um macrolídeo, clindamicina ou uma quinolona (por exemplo, levofloxacino).[89]
Ciclo do tratamento: 10 dias.
Consulte Celulite e erisipela.
infecção do trato urinário (ITU)
Tratamento de primeira linha: amoxicilina ou ampicilina (infecções simples); benzilpenicilina ou ampicilina, com ou sem gentamicina (infecções complicadas, como pielonefrite).
Pacientes com alergia à penicilina: trimetoprim ou nitrofurantoína (infecções simples) ou vancomicina, com ou sem gentamicina (infecções complicadas). Uma cefalosporina pode ser apropriada, dependendo do tipo de alergia, ou uma quinolona (por exemplo, levofloxacino).[89]
Ciclo de tratamento: 3-7 dias (infecções não complicadas); 14 dias (infecções complicadas).
Consulte Infecções do trato urinário em homens e Infecções do trato urinário em mulheres.
Pneumonia
Tratamento de primeira linha: benzilpenicilina ou ampicilina.
Pacientes com alergia à penicilina: uma cefalosporina de segunda ou terceira geração pode ser apropriada, dependendo do tipo de alergia, um glicopeptídeo (por exemplo, vancomicina), linezolida, um macrolídeo (por exemplo, claritromicina) ou uma quinolona (por exemplo, levofloxacino).[89]
Rifampicina ou gentamicina podem ser consideradas como terapia adjuvante em casos selecionados, mas consulte um especialista em doenças infecciosas.
Ciclo do tratamento: 10 dias.
Consulte Visão geral de pneumonia.
Artrite séptica
Tratamento de primeira linha: benzilpenicilina ou ampicilina.
Pacientes com alergia à penicilina: uma cefalosporina de segunda ou terceira geração pode ser apropriada, dependendo do tipo de alergia, clindamicina ou um glicopeptídeo (por exemplo, vancomicina).[89]
A gentamicina pode ser adicionada como uma terapia adjuvante em casos selecionados, mas consulte um especialista em doenças infecciosas.
A articulação deve ser aspirada e um washout formal na sala de cirurgia deve ser fortemente considerado.
Ciclo de tratamento: 3-4 semanas.
Consulte Artrite séptica.
Conjuntivite, sinusite, otite média e infecções intra-abdominais são frequentemente polimicrobianas. Consulte os tópicos separados para obter recomendações detalhadas sobre essas infecções.
A infecção por EGB ocorre mais frequentemente em pacientes idosos; comprometimento hepático e renal também deve ser levado em consideração ao selecionar a dose de alguns medicamentos.
Os médicos devem estar cientes de que as fluoroquinolonas têm sido associadas a eventos adversos incapacitantes e potencialmente irreversíveis nos sistemas nervoso ou musculoesquelético.[90][91] Além disso, a Food and Drug Administration dos EUA emitiu avisos sobre o aumento do risco de dissecção de aorta, hipoglicemia significativa e efeitos adversos para a saúde mental em pacientes que tomam fluoroquinolonas.[92][93]
Gestantes e mulheres pós-parto
As infecções causadas por GBS em gestantes e mulheres no período pós-parto podem incluir bacteriúria assintomática (gestantes com >10⁵ unidades formadoras de colônia por mL), ITU, corioamnionite, endometrite pós-parto e infecção de ferida pós-parto. A escolha da terapia antibacteriana é influenciada pela história de alergia, pelo teste de suscetibilidade antimicrobiana e os potenciais efeitos no feto ou a penetração no leite materno. Caso haja suspeita de alergia grave a betalactâmicos, recomenda-se realizar um teste de alergia.[6] O tratamento pré-natal não é eficaz para eliminar a transmissão ou prevenir a doença neonatal; portanto, as gestantes também devem receber terapia profilática intranatal.[94]
Corioamnionite e endometrite (colonização por GBS)
A infecção é frequentemente polimicrobiana; portanto, os esquemas empíricos iniciais devem ser guiados pela história de alergia e suscetibilidades in vitro de patógenos frequentes, incluindo Enterobacteriaceae e Bacteroides sp.
Terapia de suporte
Todos os pacientes, independentemente da idade, devem receber terapia de suporte (exceto os pacientes com ITUs complicadas). O principal objetivo é restaurar e manter as funções respiratória, cardíaca e neurológica normais. Infecções por EGB podem evoluir rapidamente e a deterioração clínica pode continuar mesmo que a antibioticoterapia seja iniciada prontamente.
A avaliação inicial deve seguir os princípios do suporte avançado de vida em adultos e em pediatria, com avaliação das condições das vias aéreas, da respiração e da circulação, e com estabelecimento de acesso intravenoso seguro por meio de cateteres de grosso calibre para a administração de fluidos.
Os pacientes com sintomas de choque compensado ou dificuldade respiratória devem receber oxigênio suplementar. Pacientes com choque descompensado, hipóxia, dificuldade respiratória grave, alteração do nível de consciência ou evidência de hipertensão intracraniana necessitam de intubação e ventilação mecânica. Consulte Choque.
Vasopressores devem ser administrados a pacientes com hipotensão ou má perfusão que não responderem prontamente à fluidoterapia.
Os fluidos devem ser administrados com cautela em pacientes com evidência de hipertensão intracraniana, disfunção miocárdica ou síndrome do desconforto respiratório agudo.
Suporte cardiopulmonar pode ser necessário em um ambiente de terapia intensiva.
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