Etiologia

As espécies de Nocardia são organismos ubíquos do solo que, muitas vezes, infectam pacientes imunocomprometidos.[15] A via por aerossol é a principal porta de entrada, e os pulmões são os órgãos mais frequentemente afetados. Como as espécies de Nocardia não fazem parte da flora humana normal, qualquer isolado de tecido, ou de um local normalmente estéril, precisa ser cuidadosamente avaliado.[7]

A nocardiose é causada por micro-organismos do gênero Nocardia, os quais incluem bacilos Gram-positivos álcool-ácido resistentes, com >90 espécies identificadas, das quais 54 foram relatadas como clinicamente relevantes.[16][17]​​​ A nocardiose pulmonar e a nocardiose disseminada podem ser consideradas doenças oportunistas porque ambas ocorrem principalmente em pacientes com imunidade celular deficiente, como recipientes de transplante de órgãos sólidos e transplante de células-tronco hematopoéticas, pacientes que vivem com HIV, pacientes que tomam corticosteroides ou aqueles com neoplasias malignas.[18] Os pacientes com doenças pulmonares estruturais, como fibrose cística ou bronquiectasia, também são mais suscetíveis à infecção por Nocardia, sobretudo se estiverem recebendo corticosteroides.[6]

A nocardiose cutânea primária pode ocorrer em pacientes imunocompetentes com inoculação direta do microrganismo. A maioria desses pacientes tem uma exposição peculiar aos fatores de risco, como trabalho em áreas rurais ou envolvimento em atividades agrícolas.[8][11][12][13]

Fisiopatologia

As espécies de Nocardia são facilmente inaladas com a poeira, especialmente em áreas secas. Após a inalação, as bactérias podem colonizar os pulmões ou produzir uma doença respiratória aguda, subaguda ou crônica, dependendo do estado imune do paciente. A maioria dos casos disseminados é produzida por disseminação hematogênica a partir dos pulmões. Os órgãos afetados mais frequentemente são o sistema nervoso central (SNC) e a pele, mas quase todos os órgãos podem ser envolvidos. Raramente, a disseminação ocorre por continuidade de uma parte do corpo para uma parte do corpo adjacente.[8] Pacientes imunocompetentes e imunocomprometidos podem apresentar nocardiose do SNC, mesmo que o envolvimento primário não seja evidente.[19]

Em pacientes com nocardiose cutânea primária, a infecção ocorre após a inoculação direta da pele. A partir daí, a infecção pode evoluir para uma infecção superficial ou progredir em profundidade e afetar os tecidos subcutâneos. É possível que ocorra envolvimento linfático dos linfonodos e vasos linfáticos, assim como uma forma nodular-linfangítica. A infecção pode se disseminar para tecidos cutâneos ainda mais profundos e evoluir ao longo de meses ou anos como um micetoma (actinomicetoma).[8][11][12][13] Não há evidências definitivas de transmissão da infecção por Nocardia entre pessoas.[20]

Classificação

Categorias clínicas

Não há uma classificação da doença aceita internacionalmente. As categorias clínicas comumente aceitas são as seguintes:

Nocardiose pulmonar

  • Causada por diversas espécies de Nocardia. Pneumonia aguda, subaguda ou crônica com padrões radiográficos diferentes (processo de enchimento alveolar, cavidades, empiema e/ou abscessos). Pode ocorrer em pacientes com doença pulmonar estrutural.

Nocardiose cutânea

  • Causada principalmente por N brasiliensis. Pacientes imunocompetentes com inoculação traumática podem desenvolver uma doença cutânea superficial (nocardiose cutânea primária), doença de linfoma cutâneo (nocardiose esporotricoide) ou micetomas (actinomicetomas).

Nocardiose disseminada

  • Causada por diversas espécies de Nocardia. Na maioria dos casos, a disseminação ocorre a partir dos pulmões e mais frequentemente envolve o sistema nervoso central, a pele e os tecidos moles. Isso é observado tipicamente em pacientes imunocomprometidos (por exemplo, receptores de transplantes de órgãos e pacientes com síndrome de imunodeficiência adquirida [AIDS]).

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